terça-feira, março 30, 2004

Tenho andado muito de saco cheio de música. Não podia estar me importando menos com bandas novas, sons novos e todas essas Mp3’s invadindo o meu computador. Não suporto mais gente antenada que fala de música 24hs por dia. Tô com raiva de toda essa cena que esta por ai. Essa maldita onda das novas quinhentas milhões de bandas promissoras “The next best thing” pelos próximos cinco minutos. Tenho ouvido só as minhas coisas velhas e confortáveis e elas soam cada vez mais legais e mais especiais. Essa globalização musical tá me tirando o gosto. Está certo que existem exceções e eu até me vejo caçando no soulseek de vez em quando sons novos, mas quase sempre isso se transforma em cultura lixo, eu ouço, gosto e esqueço na minha pasta de MP3’s.

segunda-feira, março 29, 2004

O mundo precisa saber...

Tremendão e Ternurinha.


Eu atrasada, muito atrasada, assisti ao filme Madame Satã que eu tanto queria ver desde que estava em cartaz no Paço Imperial. E eu apaixonada, muito apaixonada adorei. Tudo o que eu sempre quis foi morar na Lapa nos anos 30.

***

Meus olhos ardem, estão vermelhos, lacrimejantes e pequenos. Não eu não andei fazendo nada demais dessa vez. Foi só a minha primeira consulta ao oftalmologista... E eu enxergo feito um Lince.

sábado, março 27, 2004

Tenho sentido uma atração esquisita por Jesus e missas de sétimo dia e santos e vitrais. E não tem nada a ver com o Mel Gibson.

Acho que uma das melhores coisas da vida é poder se reinventar. Estar de um jeito hoje e poder estar de uma forma completamente diferente no outro segundo. Agir como bem entender sem dever nada a ninguém.

Eu tenho múltiplas personalidades de acordo com uma das vozes que moram dentro da minha cabeça. Uma das personalidades é mais forte que as outras e geralmente é ela que se manifesta, mas as outras, que não são poucas, sempre conseguem seus momentos de estrelismo máximo. E talvez seja por isso que eu não me prenda a demônios dentro da minha cabeça durante muito tempo. Tenho essa enorme capacidade de ir de uma à próxima coisa sem laços, sem culpas, sem arrependimentos. Gosto de ver as coisas andando e odeio vê-las dando errado.

É verdade, geralmente durmo com os meus tênis de corrida calçados, sinto facilidade de sair caminhando de situações que não funcionam para mim.

quarta-feira, março 24, 2004

I can't stand next to you without wanting to hold you. I can't look into your eyes without feeling that longing you only read about in trashy romance novels.


E pensar que a minha vida começou depois dessa frase.

Tem gente que diz que quer acabar com os respectivos blogs porque eles são perda de tempo, porque eles requerem uma dedicação muito grande. Perai, quem diabos se dedica a um blog? Deve ter gente que se dedica é claro. Eu sei de gente que escreve só tentando criar alguma coisa para ser pop, para ficar famoso. Todo mundo quer ser famoso hoje em dia. Todo mundo sempre quis.Todo mundo sonha em ser Clarah Averbuck.E quem sabe se você for filho de papai rico para manter a sua vida alternativa sempre pipocando você não consiga. Mas daí dedicar a um blog um certo período de tempo de vida e sentir a obrigação de fazer posts espertinhos só pra não perder os leitores é foda.

Hoje depois de duas horas na fila de espera do médico ganhei a minha consulta de menos de dez minutos. Me senti tão brasileira nesse momento, que orgulho. E acabou que o doutor disse que o joelho tá fodido assim como a coluna tá fodida e que eu tenho que seguir algumas recomendações se não quero me foder mais.

Tenho andado com a idéia fixa de entrar numa academia. É isso mesmo. Uma academia. Ou seja, me vender ao sistema do culto ao corpo. Desde que comecei com essa maldita vida saudável engordei uns três quilos e estou começando a ficar grande. Porque eu fico muito grande quando engordo. Eu não tenho nada contra gente gorda, só não quero ser gorda. Gosto da minha magreza e sempre a cultivei. Teve épocas que eu realmente cultivava muito xiitamente, com pílulas e greve de fome, mas agora eu sou uma menina contra os maus hábitos acumulados durante a adolescência e levarei uma vida com alfaces e malhação.

Os maus pensamentos geralmente me atacam quando eu visto a minha calça jeans preferida de todo o mundo e ela engata nos meus quadris de matrona, e eu penso “E se eu nunca mais entrar nessa calça? O que eu vou fazer? O que eu vou fazer?!”. Chego a ter pesadelos com a cena.

Acontece que eu odeio esportes e odeio levantar pesos e odeio atividades aeróbicas. Odeio muito e sinto falta de ar e tremedeira só de pensar na possibilidade. Mas eu preciso. Eu preciso e qualquer academia deve ser melhor do que caminhar. Porque caminhar pra mim nem fodendo. Nem fodendo mesmo. Eu sempre reclamo de ter que ir ali na esquina a pé. Acho torturante e sempre tenho vontade de sair correndo para chegar no meu objetivo mais rápido. Andar para mim é uma tremenda desperdício de tempo.

Fico tranqüila de certo modo. Levei 22 anos pra tomar coragem de pensar em academias. Quem sabe daqui a 22 eu tomo coragem para me matricular em uma.

segunda-feira, março 22, 2004

Enquanto o fotolog não me deixa postar fotos...

Sweet Nuthin - A banda.
Sweet Nuthin - E o róque rolando.
Sweet Nuthin - Susie Q e Candy-O.

domingo, março 21, 2004

É por isso que eu digo: Família é uma coisa muito boa quando tá bem longe. É por isso também que eu nunca precisei fazer análise quando todos os pais dos meus amigos iam as comemorações e as reuniões e os meus mal se lembravam que eu estava pelo mundo.

hold on to me

Então depois de uma sexta feira palha e uma noite de danação muito solitária e tabagista e Smitheriana na janela do quarto, sábado viria para eu tirar o maldito luto que tem me perseguido. Tinha ensaio e eu iria munida com a câmera digital fodona, além de guitarra, pedal e cabos (quase que devidamente esquecidos) para finalmente tentar tirar fotos decentes da banda mais-não-fotogênica do Rio. Talvez do Brasil se estivermos realmente inspirados. E até que as fotos ficaram boas e relativamente decentes e talvez agora nós tenhamos coisas mais bonitinhas a serem mostradas.

O ensaio foi bom e eu ainda continuo uma total sucker pela música nova.

Bem, e o fato é que depois ia ter festa e todo mundo tinha comprado vinho e champagne (devidamente esquecido na geladeira) e refrigerante Convenção, e cervejas e drogas e escravas brancas. Não ia ser uma festa porque nós do Sweet Nuthin não sabemos dar festas para outras pessoas, só conseguimos entreter a nós mesmos e a mais ninguém. Pelo menos eu e o baixista (devidamente observados com os mais uncools da banda enquanto os outros três Nuthins são poços de carisma).

E a “festa” começando e os cigarros queimando e o róque rolando e o róque aparecendo na televisão e a gente falando e o João desmaiando porque quebrou o dedo do pé com a estante. É. E ele afobado e com algumas cervejas na cabeça e atrapalhado topando no mais estilo “dedo para um lado pé para o outro” e desmaiando logo em seguida quando se deu conta que o quinto dedo, mais conhecido como dedo mindinho, estava noventa graus em relação aos outros dedos. Não deu para acreditar.

Então seguimos, eu, João e o amigo bêbado de whisky para o hospital. Eu com os meus 49 quilos e a minha camisa dos Ramones tentando equilibrar os 80 quilos tontos e tortos no chinelo havaiana dele. E tiramos radiografias e tomamos agulhadas e caminhamos para outro hospital porque o primeiro era um açougue enquanto a “festa” continuava. E eu louca pela minha cerveja gelada aberta e não tomada na varanda e o meu cigarro aceso e não fumado no cinzeiro. E que peninha que me deu.

Pé devidamente enfaixado era hora de voltar para casa. Mas o clima esfriado serviu para que eu secasse a garrafa de vinho inteira e algumas cervejas e alguns cigarros e ouvir os Stones na varanda enquanto as pessoas morgavam em frente das “24 Hour Party People”. Que tem belas passagens, mas nada assim assim.

sexta-feira, março 19, 2004

Por outro lado a Melissa Auf Der Maur deve estar numa felicidade imensa. Ela é linda, seu disco é bom e o clipe muito foda...
Tudo ao contrário da Courtney que ainda não se cansou de ser a "viúva lôca". Odeio gente que vive ameaçando se matar para chamar a atenção e dez anos depois ainda não teve colhões.

Teenage Riot

Everybody is talking about Pixies, mas ai, eu não sou quase nada ligada a Pixies. Acho bacana, ótimo de se ouvir às vezes, com pérolas fodas, mas nada além.

Mas isso já é o bastante né não?

Na morte você ganha e perde. E eu acho que a morte só é horrível mesmo para quem perde. A idéia de que nunca mais iremos ver ou sentir ou conversar com a pessoa deixa um sentimento de vazio que não é nunca preenchido por mais que com o tempo você se acabe se cansando de reclamar.

Acho que no caso quem ganha é quem morre. Quando você está numa situação como essa, de limiar da vida, deve com certeza existir alguma coisa muito boa do outro lado, tipo um dos melhores alívios que você já sentiu te chamando e seduzindo, porque no fundo viver geralmente só dá trabalho e dor.

Então você esta lá, com uma escolha a fazer, viver X morrer e você pensa "Vai me dar tanto trabalho voltar, eu vou sofrer tanto e no fundo eu sei que quem me ama vai ficar bem porque quase sempre eles ficam... e do outro lado eu tenho um silêncio maravilhoso e um sentimento forte de conforto que nunca senti antes...”.

Deve ser por isso que as pessoas morrem. Ou decidem parar de lutar do dia pra noite. É a única explicação para uma morte assim, tão inesperada de alguém que gostava muito de viver.

O que machuca mesmo é quando você não consegue se despedir, quem fica vivo fica pra sempre com aquela sensação de pendência.

quinta-feira, março 18, 2004

Tá bom então.
Tsc.

*Respira fundo.
*Pensa: “Vou começar de novo”.


O cigarro está queimado. Ele esta me olhando. O copo está vazio. A casa também. Eu quero isso para sempre.

No ponto do ônibus bateu o desespero. Todas aquelas pessoas apáticas e desesperançosas e feias. Eu não, por favor, eu não sou assim. Eu sou muito maior que isso. Vontade de voltar para casa e não sair debaixo das cobertas.

TPM me mata. Atenta contra os outros. Me deixa exagerada pra burro e drama queen. E ele me atura e nem ousa beber como eu, mas segura o meu cabelo como uma amiga faria.

É uma pena que o fotolog esteja fora do ar e que assim eu não consiga postar fotos tiradas estrategicamente nos meus melhores ângulos.
Isso me leva a pensar, deve ser muito barra você sair na noite e ouvir alguém sussurrando dentro do banheiro: Nossa vi aquela mina no fotolog dela e ela parece ser mó gata, olha lá feia pra caralho, o que é uma foto né?

Enquanto isso não acontece e me deprimi, permitam que eu seja o mais fake que eu conseguir ok?

quarta-feira, março 17, 2004

E três vivas para Murphy. Murphy nunca decepciona. Mas certo que Oscar Wilde ele proclama “não há nada tão ruim que não possa ficar pior”. E é claro, não há nada como numa semana relativamente péssima (sendo otimista pra caralho) estraçalhar o joelho ao descer de um coletivo. Perder o equilíbrio ebriamente e ficar lá toda ajoelhada no meio da avenida. Quem estava de fora deve ter achado que eu estava recebendo santo ou algo assim, no mínimo.Olha aquela mina lá, vestida de branco + ajoelhada no asfalto + se contorcendo = macumbeira.

Agora o joelho lateja, e lateja, e eu toda enfaixada mancando que nem um manco. Que raiva. Quero os meus pain killers please.

É sério.

Porque não eu? Tá faltando muito pouco para cena que eu corro pelo campo com relâmpagos e trovões ao fundo, enquanto uma tempestade assustadora devasta a região e eu me jogo de joelhos no chão com os braços estendidos para o céu num choro desesperador gritando "What do you want from me?????".

Desculpem a veia dramática. É só um rendezvous.

E eu precisei ir ali fumar um cigarro...

terça-feira, março 16, 2004

Ela levantou pela manhã e alcançou as roupas que estavam espalhadas pelo chão. Não ficou tonta e não sentiu fome. Letargicamente fez o que fazia todas as manhãs. Exatamente igual. There’s no scapes in here.

I can stop growing old


Então tá.
Deve ser algum tipo de crise existêncial pela qual estou passando. Só pode ser. A minha cabeça tem andado completa e absolutamente vazia, zerada. E não que ela não seja assim normalmente, mas ultimamente a coisa toda se intensificou.

Quando você se dá conta que a sua vida pode ser toda fodida se você não tomar atitudes drásticas o mais rápido possível? E quando você se toca disso, o que fazer quando não se tem idéia nenhuma de nada?

Eu devo continuar fazendo faculdade? Eu devo sair fora? O que diabos eu devo fazer?
Porque tudo tem 50% um lado bom e 50% um lado péssimo? É, porque tudo o que eu quis fazer na minha vida inteira foi crescer, ser independente, dona do meu nariz e agora que a coisa tá acontecendo e faltando pouco eu começo a pensar “feliz era eu quando meus pais me sustentavam não importando o que eu fizesse”. Mas esse pensamento dura muito pouco. É claro que eu tenho NECESSIDADE de fazer as coisas por mim mesma, mas quem diabos estabeleceu que devia ser tão absurdamente difícil?

E porque quando um lado da minha vida caminha em pleno vapor, em total perfeição o outro lado resolve descarrilhar e sair desembestado obstruindo a passagem das outras vias e pedindo colo e ajuda porque eu não sei se seguro esse rojão sozinha. É claro que seguro, mas dessa vez eu não quero e nem preciso me virar sozinha.

Mas e se for só isso? E se daqui pra frente só restar trabalho muito trabalho, muito trabalho mesmo numa coisa obsoleta, e suor muito suor e velhice e morte? Mas e se for o outro lado? E se continuar sendo irresponsabilidades, doenças, loucura, solidão e morte? Tudo acaba em morte, mas qual o caminho menos pior a ser seguido? É claro que existe o caminho: amor, vida boa, velhice tranqüila e morte. Mas como alguém me garante que eu vou ter uma vida boa? Que eu vou ter dinheiro para ter um carro e uma casa e viajar e viajar muito e fazer tudo o que os meus sonhos exigem?

E dá licença, não é querer falar, eu tenho sonhos e ambições que podem alimentar multidões. Eu tenho planos, ambições, eu quero, eu quero demais, mas quem garante? Quem garante alguma coisa?

Acho que é crise de meia idade dos vinte anos. Eu não sei o que fazer. E me pergunto mais uma vez, porque eu fui tão otária e não nasci a Paris Hilton?!? Será que eu tenho fôlego para mais um ano e meio?






segunda-feira, março 15, 2004

Tenho tido as piores dores de cabeça ever. É tão grave que as vezes chego a ficar tonta e cambalear me escorando nas paredes.
Tenho tomado uma overdose de Smiths nos últimos dias.
Tenho fumado pouco e dormido pouco também.
É a saudade me consumindo.
Vou deitar na minha cama de veludo agora. Vou desligar o rádio e vou ficar quietinha na cama enquanto as coisas não param de girar.

The World Is Full Of Crashing Bores

Título de uma das músicas novas do novo cd do Morrissey.
E depois me perguntam porque eu gosto tanto dele.

sexta-feira, março 12, 2004

Music is your only friend until the end

Pelo menos no meu caso.
Por isso quando a música acabar, apaguem as luzes para mim.
E a peregrinação continua.

quinta-feira, março 11, 2004

Exausta seria a melhor definição. Olhos se fechando, boca seca, estômago embrulhado e a maldita cama sedutora chamando. Não tive paz essa semana, ou horas de sono, ou mesmo refeições. Vivi de vento, dormi em transportes coletivos, gastei joelhos e solas. E ele chama. Sono sono sono sono. Maldito sono. Sono sono sono.

quarta-feira, março 10, 2004

Rust Never Sleeps.

Estudar na minha faculdade é muito divertido. Lá você pode testar o quão imbecil um grupo de seres humanos jovens pode ser. Basta que você não fale da sua vida, suma por uns dias e ressurja, tenha muitos hematomas nas pernas (quem me conhece sabe que se espirrar do meu lado eu fico roxa), fume cigarros, use óculos escuros e pronto, os melhores boatos serão sobre você. De volta a escola primária. Já vi esse filme antes.

Love can damage your brain health

Eu já fui muito mais macho. Hoje sou praticamente uma bonequinha quase de luxo que adora fazer beicinho e dar escândalos de ciúmes.
Eu já fui senhora do meu nariz, cold-heart-breaker. Hoje faço uso de apelidos fofos e românticos e uso palavras no diminutivo.

E tem gente que olha com inveja, inventa fofoca, não acredita no que esta acontecendo. Mais é claro, eles não sabem como é, nunca sentiram nada parecido e muito provavelmente nunca irão sentir. Nada mais justo do que desmerecer os outros ou rezar pela infelicidade alheia para se sentir mais leve. Gente mesquinha. Apaixonados sempre acabam os incomodando.

Foda-se os recalcados de plantão.

PERFEIÇÃO não é só quando você consegue conversar com alguém sobre tudo, é quando você consegue ter silêncios confortáveis. Silêncios imensos quebrados apenas pelo barulho dos dedos das mãos se entrelaçando. Silencio. Gostoso. Sem pressões, sem ansiedades ou desestimulo. Silencio.

segunda-feira, março 08, 2004

A rush and a push and the land is mine

Como diriam os irmãos Gallagher “the little things they make me so happy”. E como fazem. Mudam toda a perspectiva de um dia, de uma semana, um mês. Basta entrar num sebo de vinis em pleno centro da cidade, rio 40 graus e o meu dia se iluminar. Afinal era o Morrissey, os Smiths e o Neil, todos me olhando na prateleira. E eu sorri cheia de dentes e fiquei toda animadinha e feliz. Com os vinis debaixo do braço segui para gastar – sem a menor culpa - todo o meu rico dinheirinho nas minhas preciosidades pessoais.

E sai da loja radiante, feliz feliz.

Acabei comprando plantas pro aquário do peixe de vocês sabem quem. Meu filho com nadadeiras batizado por mim de Hank. Claro, ele pode achar que eu venho dando mais atenção a minha outra filha felina Ruby Tuesday e eu não quero pagar psiquiatra para ele quando ele crescer.


Quando nasci veio um anjo safado

Um chato dum querubim

Que decretou que eu estava predestinado

A ser errado assim

Já de saída a minha estrada entortou

Mas vou até o fim .

Aniversário do seu José Roberto e eu gripada, muito gripada roubando todas as nozes do bolo da festa. Já mencionei que sou absolutamente tarada por nozes? Totalmente.

Seu José Roberto que acaba de completar 51 e tem a família mais excêntrica de todas. Ele que por tantas vezes serviu de paizão postiço liberal até para quem não era da família. Isso que dá ser meio hippie na adolescência. Nada mais natural do que no meio da madrugada ter um ser esparramado no corredor ensopado pelo próprio vomito. Ou acordar ao som de engulhos altos e escândalos fenomenais. Mesmo não sendo filha de sangue, ele cuidou da mesma forma. Certas coisas tomam o caminho certo sem que muito seja feito. Mesmo que da pior forma possível, eles aprendem. You are free to fly little bird. And when you get tired, come home.

Eu até fecharia o blog para falar a verdade. Mas eu gosto de escrever. Ficar na frente desse monitor brincando com as letrinhas e só deixando fluir dentro do espaço do blogger. Uma semana depois você lê tudo aquilo e ri. Meu Deus que ridícula! Tem gente que me conhece que lê isso! E daí? Eu sou jovem, tenho direito a ser idiota!

E eu vou largar o hospital. Chega, eu já devia ter feito isso há muito tempo. Quinta-feira apareço só para dizer que não volto mais. Não consigo fazer as coisas se não sinto tesão nelas. Mal consigo me relacionar com pessoas que não vejo vantagens, imagina trabalhar sem tesão. Isso não rola. Já deu. Já deu. Nunca tive grandes fantasias com a profissão que eu acabei caindo de pára-quedas para realizar, mas vejo que deve ser muito mais do que espelha ser. Sempre tive fascínio pelo corpo humano, sou a melhor aluna da sala sem me esforçar absolutamente nada e acho que deveriam dar mais valor a certas coisas. Sinto que posso ser muito boa se me dispor a isso. Se eu me dispuser é claro. Tudo na minha vida se baseia no fato de eu me propor ou não a fazer as coisas. E é basicamente por isso que no fim eu sempre acabo me fodendo.

De qualquer forma os planos já foram traçados e em muito pouco tempo (que para mim passaram com lentidão mortal) eu estarei bem longe daqui. Em outras terras. Eu só preciso fazer o que prometi. Dessa vez eu tenho que ir até o fim.

quinta-feira, março 04, 2004

Hoje para variar eu acordei com dor. Muita dor. Muita dor na minha pobre coluna. Não fui a lugar algum. Não sai de casa. Fiquei deitada o dia todo, esparramada na cama, emburrecendo com a televisão. Tão bom. Vi todos os programas e filmes enquanto dopada com quilos de pílulas milagrosas. So Fucking good.

E o médico mandou eu tomar cuidado com as minhas posições. Porque eu tenho as piores posições possíveis. Pernas para o alto o tempo todo. Sentada esparramada. Cabeça para um lado e braços para o outro.

Mas ele não entende. O doutor não percebe. 1 metro só de perna. Quase 1 metro e oitenta sem saltos, no rasinho. 50 quilos para serem controlados. Não rola. Eu preciso de espaço.

Aconteceu comigo a típica coisa que só aconteceria com ele.

Minha casa foi invadida por formigas. Formigas daquelas pequeninas e malucas que correm de um lado para o outro.

Eu, desatentamente, deixei a minha garrafinha de água aberta enquanto fui ao banheiro. Ao retornar tomei um grande e molhado gole de água. Na hora senti umas coisinhas na boca, descendo pela garganta, mas não me dei conta de olhar. Cinco minutos depois, quando me preparava para a minha nova a refrescante golada, meus olhos alcançaram o recipiente e visualizaram dezenas de formigas boiando na água. Fiquei aterrorizada. Minha avó dizia que formiga faz bem para os olhos, mas eu não acredito nisso.

E eu agora estou sentindo uma coceira insuportável dentro do ouvido. Não posso evitar de pensar que elas subiram e procuram uma saída.

quarta-feira, março 03, 2004

E como diria a velha Fiona : I need fuel to take flight.

Ter um blog é bom.
Quer dizer, na minha opinião é. Um blog ajuda a fazer o tempo passar mais rápido quando não se há nada melhor para fazer. Tanto quanto fumar um cigarro esperando alguém chegar. Um isqueiro e um cigarro e pronto, você não é mais um paspalho na porta do cinema, você é alguém fumando um cigarro. Um cigarro pode salvar várias situações embaraçosas. Assim como um blog pode preencher momentos de tédio.

Às vezes fico assim sem fazer nada, absolutamente quieta, acordando tarde e indo dormir ainda mais tarde. Olhando pela janela e ouvindo discos. Eu bem gosto dessa possibilidade de apenas existir, atrofiando as pernas e sufocando no meu quarto sem ar condicionado. Tento convencer que na verdade eu não estou tentando me matar, só estou me entretendo com a vida.






E ouvir "If Tomorrow Never Comes" me deixa com medo. Sério. O cheiro não está mais nos lençóis e eu busco o telefone. You are the only one that matters now.

- oi
- oi
- E a minha vida com você? Quando começa?
- Vai sair é claro, logo.
- Logo quando?
- Dá para não ser tão ansiosa?
- Não.
- Mas não dá para fazer essas coisas assim correndo.
- Dá sim...
- O que há hein?
- Chega, eu quero agora, não dá mais para voltar.
- Você não precisa voltar.
- Preciso não entende? Não é nada fácil.
- Fica aqui.
- Eu quero por favor, me deixa ficar.
- E se você enjoar?
- Não vou, não vou, eu sou comportadinha agora. Não vou.
- Fica?
- Eu preciso.

segunda-feira, março 01, 2004

Acho que a última vez que eu assisti ao Oscar inteiro deve fazer muito tempo. Muito tempo mesmo. Porque eu não me lembrava que era tão chato, e falso e sem graça assim.

***

Tanta desgraça. Tanta gente doente por perto. Tanto câncer e morte e coração. E velhice e maluquice e solidão.

***

E ele me disse que o meu coração é anárquico e tem o formato de uma lágrima. E por mais que fosse uma linguagem fisiológica, eu achei isso muito romântico.