quarta-feira, dezembro 31, 2003

Dias complicados para se conseguir um post.
A família finalmente abandona a casa e agora finalmente posso ficar quietinha com os meus pensamentos. Natal é uma praga familiar.Ufa agora só ano que vem...



Vamos começar de novo.
Dias complicados para se conseguir um post. Dias complicados que me fizeram ir parar até no zoológico, em pleno domingo, praguejando o tempo todo, odiando aquelas pessoas com aroma de sovaco podre com uma forte pitada de cerveja barata carregando aquelas crianças-monstros mal criadas que me despertam os instintos mais homicidas do mundo. VAMOS TODOS GRITAR NA CABEÇA DO LEÃO PORQUE ELE DEVE GOSTAR DISSO!! Como eu gostaria de vê-los devorados.

***

Dias complicados para se conseguir um post. Dias complicados que me fazem encontrar com o passado, dar na cara dele e dizer “Puxa você caiu um bocado”. Eu sou tão melhor do que você. Mais tão melhor que até você nota isso. E você fica na porta. Uma velha aposta da infância que eu venci. Eu venci.

***
Dias complicados para se conseguir um post. Dias complicados que se fizeram na noite, no dia, na cama, no jogo, na bebida, no fumo e na vida.
Eu queria me sentir assim mais vezes.

***

Essa é a minha casa. Esse é quase um ano novo. Um ano quase perfeito se encerra e tenho que certeza que um maior ainda vai começar. Eu não vou tropeçar.
Belo ano hein? Belo ano.
Valeu por me ouvir dessa vez. Às vezes gritar e se cortar dá certo. Eu garanto.


***

E você sai de perto eu penso em suicídio.
E tudo azul num céu desbotado.
A alma lavada sem ter onde secar.
Eu corro.
Eu berro.
Nem dopante me dopa.
Frases feitas.
Noites perfeitas.

quinta-feira, dezembro 25, 2003

E ele adorava o natal mais do que tudo.

Adorava tanto que um mês antes do dia 24 estava a montar a árvore de pinheiro de verdade. E ficava cantarolando baixinho as mesmas canções na língua pátria que ainda se lembrava e entoava quando jovem e morando na terra que era sua de verdade. Terra que na época se encontrava completamente coberta de neve, tão diferente daqui onde o sol de dezembro estava no seu máximo.

Era a data mais importante para ele e ela se lembrava de como ele cantava alto e sorria e enchia a casa com bolas e enfeites e de como os olhos dele brilhavam quando o serviço estava completo. Sorriso satisfeito e saudosista. Nostalgia dos tempos que de calças curtas com leite e biscoitos esperava por papai Noel, que é papai Noel em todo canto do mundo. E ele ficava tão feliz.

E ela se lembra que no último natal ele montou a árvore calado. Num silêncio cortante que partiu corações e deixou marcas no natal de todos eles. E quando ele acabou, sentou-se na poltrona em frente à árvore e chorou. Sem emitir nenhum som, só lagrimas escorrendo dos olhos, muitas delas, ensopando o rosto. Sem ruído. A alma partida pela metade. Ele estava doente na época e viria a morrer com nem um mês completo após o natal. Era o seu último natal no mundo e ele sabia que ia sentir muita falta disso.

Tenho certeza que ela sentiu muito mais falta dele e da alegria do natal que por ela nunca mais foi sentida. E até hoje quando ela escuta as canções não tenta impedir que as lágrimas brotem nos olhos.

terça-feira, dezembro 23, 2003

Resoluções do último minuto...

Acabo de ser acordada. Vou conseguir abrir os olhos num minuto.
Eu estava na cama e me sacudiram para que eu levantasse, e eu num torpor digno dos braços do príncipe Valium, tremi os olhos e limpei a saliva exposta no braço. Fiz força, puxei o corpo e sai da cama. Depois me vi sentada na cadeira, hipnotizada e inerte, a marca da colcha que eu tanto amo amassada na coxa, a cabeça cheinha daqueles pensamentos non sense que só se dão em pessoas que não tem o que fazer no meio da tarde.

É, afinal eu devo ser uma pessoa de sorte. E tem gente que vai se horrorizar em me ver alegando coisas pessoais assim. É, eu consigo ser pessoal de vez em quando. Mas é a verdade. Eu devo ter, eu digo, sorte. Acontece que eu vejo tanta gente doida por ai, sem ter a menor idéia do que quer da vida, sem ter a menor idéia de quem é, agindo como ten years old que me faz pensar: “Puxa fico feliz que não seja eu”.

Nunca senti muita necessidade em ter atenção. Talvez porque desde sempre, mesmo que estivesse correndo nua e navalhada na frente dos meus pais, nunca tenha conseguido roubar instantes reais deles. Freud deve ter alguma teoria idiota sobre isso. É estranho, mas é bom quando você se acostuma. Dá forças para se criar sozinha, a engolir as coisas e deixar de se importar com coisas que não devem ter importância. Afinal eu fui uma criança mimada nas coisas erradas e largada demais nas coisas importantes. Já senti falta de proteção, mas agora não, hoje em dia eu costumo rir disso tudo, e tenho certeza de que no futuro eu vou entender direitinho essas coisas.. Eu os amo, mas o meu mundo é outro. E eu odeio ficar toda familiazinha.

De qualquer forma esse foi um bom ano. Muita gente bacana entrou na minha vida quando eu precisava e me tirou de um buraco muito maior do que eu. E quando você se rende a certas coisas, certas verdades ficam tão claras que você nem acredita naquela que você era uns três ou quatro anos atrás. E eu devo estar lendo minutos de sabedoria ou 100 conselhos de felicidade para ficar pensando essas borboletas. Mas as tristezas eu rego sozinha, feliz num cantinho por tê-las. As tristezas são minhas amigas, são minhas, muito minhas. E agora com essa mania de que até analfabeto é escritor estou a escrever os meus dias também. Eu não sou escritora, nem quero ser e mesmo que fosse ia odiar ter que responder: "O que você faz da vida?" - "Sou escritora...", no entanto isso não me impede de ter arquivos sobre isso ou aquilo no meu word e nos meus cadernos. E quem sabe um dia, quem sabe um dia...Só acho vou precisar da maior correção gramatical da história.

E amanhã é natal. E era natal ano passado também assim como no outro anterior a este. E amanhã eu vou para a casa dos parentes brincar de ser ignorada por eles e sentir absolutamente nada alem de ganância pelos presentes que eles irão dar para todos, menos para mim. Mentira, minha tia vai me dar os baby dolls que ela sabe que eu amo e meu tio vai vir me falar novamente que eu fiz uma grande besteira em ter abandonado a vida de modelo. Eu vou estar num cantinho, mastigando os meus sapatos, puta da cara, querendo ir para casa ficar com a minha mãe e a minha irmã e o meu irmão e o meu gato e o meu cachorro e o meu papagaio e o meu macaco e a minha avó e o meu pai.

Minha casa tá vazia e ele tá longe. Isso não faz nenhum sentindo.

Ficamos por aqui por agora. Preciso de uma chuveirada e do meu diário e do meu violão e dele. Ganhem muitos presentes crianças, é isso que vocês querem mesmo.

segunda-feira, dezembro 22, 2003

Fim de ano é a mesma baboseira de sempre. Até fazer mapa astral eu faço...

Os pontos mais relevantes de seu Mapa Astral

- Você é altamente impressionável, receptivo e possui grande capacidade artística, musical e psíquica. Todavia, as vibrações que capta enfraquecem muitas vezes sua vitalidade, dinamismo e senso de realidade. Sua visão de si próprio também não é muito verdadeira. Desde a infância tende a buscar pelo lado oculto da vida.

- Você tem profundo senso de sua missão e propósito na vida, mesmo que não seja capaz de defini-los claramente. Tem grande forca de vontade, concentração e capacidade de liderança, interesse pela essência das estruturas e se dá bem em posição de mando.


- Sua excessiva generosidade combinada com a sua natureza superemotiva causam-lhe numerosos desapontamentos sociais e prejuízos financeiros. Você também é bastante parcial, imprudente, inconstante e tende a viajar e a comer em demasia( Bem, comer em demasia é verdade). Um pouco de equilíbrio poderia resolver muitos problemas e dar outra direção a sua vida.


- Você tem mente muito ativa e enérgica, mas também irritadiça, parcial e precipitada. Gosta de argumentar, mesmo sem conhecer todos os fatos e tende também a satisfazer sua extremada ambição a qualquer preço, às vezes através de praticas pouco ortodoxas (bem isso é... verdade verdade).Ficar vigilante contra tirar conclusões apressadas e ouvir mais podem aumentar e muito sua perspectiva de êxito na vida. - Esse é um bom parágrafo.


- Você tem exagerado gosto pelo luxo, mas está sujeito a ter bastante dificuldade para satisfaze-lo. Sua agressiva busca pela felicidade, prosperidade e realização costuma afastar de você essas bencaos. Também tende a comer em demasia(de novo?). Ás vezes se acha mais quando não se busca tanto. Tenha em mente isso para Ter uma vida mais exitosa.


- Seu dinamismo torna difícil aos outros lhe acompanharem. As vezes sente-se possuído por uma grande forca e zelo. Consegue resistir a pressão dos negócios rápidos e cansativos.Tem boas condições físicas (tinha)e é original e inventivo no trabalho.

Quantos amaram seus momentos de radioso encanto. Quantos amaram sua beleza com falso ou verdadeiro amor, mas um homem amou a alma peregrina em você, e amou as magoas do seu rosto cambiante.

Cheiros. Cheiro na pele. E eu bêbada e insuportável. Porque eu sou insuportável quando bêbada, e se não estiver ocupada dando escândalos, fico toda sorrisinhos e bacaninha e escrotinha. E não dizem por ai que as pessoas só mostram as suas verdadeiras personalidades bêbadas? Então eu sou muito ruim por dentro, e chata obviamente, e a metade da população é ridícula. É, talvez isso tenha alguma razão.

E você, já sentiu um cheiro e se sentiu muito, mas muito confortável? É, cheirar uma roupa, um lençol ou um perfume e sentir, como os filmes adoram romantizar, “At home?”. Pois é uma sensação incrível que você deveria experimentar.

Alem disso a minha vizinha esta ouvindo incessantemente “Então é natal, e o que você fezzzzzzzzz...” e nem é com a Joana cantando o que é o pior de tudo, é com alguma crente esganiçada. Já até tentei combate-la tocando Highway to Hell bem alto, mas não deu, ninguém supera a voz de crentes esganiçadas quando estão cantando cheias de fervor.

domingo, dezembro 21, 2003

ha!
eu tenho arquivos!

Candy-o 01 X templates do inferno 00

Então podemos até ser feios, uncools e chatos, mas quando resolvemos nos dar bem somos extremamente bem sucedidos.

Nada a dizer, nada, nada, nada.
Só que eu preciso dormir porque ainda não dormi.
Só que fim de ano é uma loucura, uma correria, e eu odeio isso.
Eu vou ali como diria a Sra. Apple. Mas volto mais tarde.

sexta-feira, dezembro 19, 2003

Cheguei em casa. Os pés doidinhos dentro do sapato e a boca seca.

Mas voltei com os braços cheios de sacolas e presentes queridos de amigos mais queridos ainda. Eu tenho o Johnny Cash na vitrola, o Bandini nas mãos e um belíssimo gravador de cds de volta ao meu computador. Isso é que é vida.

Eu não ligo muito para fazer aniversário, mas quando sou mimada assim posso jurar que me acostumaria rapidinho, e ficaria chatinha e estragada, e poderia até esquecer por uns dias a carcaça de aço.

Hoje é um dia muito maior que o meu. E eu, a rainha das declarações, queria declarar muita coisa. Mas não preciso porque eu sei que ele sabe, e que os deuses me protejam, não quero atrair a Sra. inveja ou então que os desnecessários outros se achem no direito de julgar aquilo que não conhecem. Porque eles não conhecem o que se passa. No máximo seguram pequenos fragmentos.

terça-feira, dezembro 16, 2003

Parece filme de deserto. É como ler uma página, ou assistir no Discovery uma passagem sobre o Mojave. É quente. É muito quente.

São três ventiladores em cima de mim ventando abafado, as roupas mais desnudas que pude encontrar, e quatro banhos diários. Nada funciona.

É senhoras e senhores, de fato é o inferno na terra.

O banho frio é morno. A água desaparece da pele antes de dar tempo de deixar o banheiro. A cadeira fica molhada só de pensar em sentar. E quando a noite chega à cama parece estar em chamas. Noites quentes assim não me deixam dormir, não me deixar dormir.

Eu odeio o verão. Odeio muito.

"Se bem me lembro, minha vida era outrora um festim, aberto a todos os corações, regado por todos os vinhos. / Uma noite, sentei a beleza no meu colo. -- E a achei amarga. -- E injuriei-a."

É ele, sempre ele. Meu Arthur.

Quando eu me olho no espelho não vejo uma velha a minha espreita. Não há vestígios de rugas ainda, nem cabelos brancos, nem pintas nas mãos. Os quadris podem estar mais largos é verdade, o rosto mais cheio e as coxas um pouco mais grossas, no entanto as canelas continuam finas e roxas do jeitinho que elas eram quando eu tinha sete ou nove anos.

Eu não tenho muita saudade da infância, nem da adolescência, mas sei que eu vou sentir muita falta dos 20 e poucos anos. E eu nem aparento ter vinte e poucos anos ainda, ao menos é o que me dizem por ai. Eu me visto como menina e me penteio como menina. Jeans, botas e camisetas. “Dirty beautiful rocker” como diz um grande amigo gay. E amigos gays são perfeitos porque eles nunca te escondem nada, e quando eles dizem “amiga você tá linda” eles querem dizer exatamente o que essa frase significa.

O caso é, eu estou muito feliz com os meus vinte poucos e possibilidades infinitas. Tô passando pela fase da super mulher, napoleônica que só ela. Eu saio a noite e varo a madrugada e tenho pique de ir trabalhar no dia seguinte tranqüilamente, e eu bebo a semana toda e não tenho um mínimo enjôo, e eu olho para roupas de roqueiros e sei que ainda posso usa-las à vontade sem parecer ridícula, e eu vou a shows de rock e imagino quando vai ser a minha vez de ser adorada, eu não sou mais tão raivosa e posso me cuidar e me virar na rua, eu sei me defender dos outros, e eu sou livre, e absolutamente livre para imaginar e sonhar e ir muito muito longe com o meu futuro. Eu tenho a vida toda pela frente e aos vinte e dois anos as figuras paternas e proibições se tornaram obsoletas e eu estou isenta de ter que dar explicação para o mundo. Agora quem sabe o que é melhor para mim sou eu, e ninguém pode mais influenciar no futuro que eu escolher, seja ele qual for.

E o mundo que exploda porque eu estou passando. Agora eu só preciso descobrir alguma forma de conseguir a minha carta de alforria financeira.

domingo, dezembro 14, 2003

- Como vai o senhor, senhor deltóide?
- Muito gripado meu filho, muito gripado...

Numa semana muita coisa pode acontecer. Tome a mim por exemplo, em uma semana eu trabalhei, relaxei, morri em compras, dei faxina, andei muito, dancei, virei a noite diversas vezes, vi filmes, li livros, toquei guitarra, bebi bastante, conheci gente, fumei mais ainda, amei demais e ri o absurdo. E de quebra, ainda arrumei uma tendinite deliciosa nos meus dois ombros. Direito e esquerdo. Uma maravilha, um grande presente de aniversário. O direito parece ainda mais fodido, o que facilita muito nas minhas atividades diárias como uma destra de nascença.

Sem guitarra essa semana, sem esforços, sem puxões, sem abraços apertados, sem força. Para mim só muito gelo, e uns bálsamos para aliviar a dor. Sem contar com as poções que só a bruxa da minha mãe sabe fazer. Arnica, beladona e erva-lanceta. Esse não parece o tratamento de uma fisioterapeuta...



***

Por mim bastava ser fisicamente parecida com ele.
Ter o mesmo gênio e os mesmos gens e o mesmo descontrole, tendo o conhecimento disso me leva a loucura...

Happy Birthday Daddy.
Don't call me daughter, not fit to

quinta-feira, dezembro 11, 2003

Coisas para o seu próprio bem

Baixar Paper Monsters do Dave Gahan é a obrigação da semana...

Eu não consigo me manter indiferente as coisas ruins da vida. As boas sim, na maioria das vezes, às ruins, nunca...

Como diria a minha amiga Lisa: "existem muitas feridas no mundo implorando para que eu mexa nelas..."

Ou alguma coisa assim...

Então você convive com a pessoa bastante tempo para saber mais ou menos como ela funciona. Você conhece um pouquinho da sua vida, já a viu em situações que provavelmente deixaria a mostra o tipo de personalidade que ela tem, e trocou idéias suficientes para tecer a sua própria opinião a respeito dela.
Daí a pessoa adora falar um monte de coisa que não tem nada a ver com o que ela demonstra, seja lá porque motivo, vamos dizer que é por uma má consolidação da passagem “infância-adolescência”, e você é obrigada a rir para não chorar. A fechar os olhos e não ver.

Não me arrependo de nada que tenha alcançado as coxas
Não nego coisa alguma que passe perto do coração
Se fiquei roxa foi porque teve ação.

Os pés estão doendo muito e isso me lembra que é época de festas.

Sim, os pés doendo significa que começou a maldita peregrinação de natal e suas lojas cheias de pessoas mal educadas e vendedores que me dão ânsia de vomito e que costumeiramente me tacham como a cliente mais filha-da-puta que eles já tiveram. Desculpem, mas eu simplesmente não tenho o saco. Eu só estou olhando você não vê? Isso não significa que eu queira comprar malditas saias de florzinha ou lindas blusinhas azul bebê a-cara-do-verão. Desculpe, eu só quero olhar, eu só quero encaroçar você para que você perca clientes de verdade e no final não ganhar uma bela e gorda comissão.

Os pés doem ainda mais só de lembrar que você tem aquela amiga que todo ano te convida para fazer compras de natal com ela. Isso é enlouquecedor e eu ainda me pergunto porque diabos eu SEMPRE sou convencida a atender tais convites tendo conhecimento que, rodar todo o shopping e lojas no mínimo dez vezes não será o suficiente para ela, ela só se dará por satisfeita depois de experimentar de tudo e tudo, no mínimo dez vezes também.

No final do dia, ela ainda rodava o shopping enquanto eu, cansada de fazer a minha belíssima cara de cu para os vendedores chatos de plantão, estava sentada na praça, mastigando os meus próprios pés e acabando com os meus cigarros.

terça-feira, dezembro 09, 2003

De quando eu tinha um coração há muitas e muitas luas atrás...

Quando eu olho para ele eu vejo Arturo.
Quando eu olho para ele eu vejo uma pessoa que não é forçada, vejo algo que flui dele e se expande e é capaz de preencher toda uma sala.
Quando eu olho para ele eu vejo o dia a dia banal ganhando melodia. Eu vejo alguém que não finge quase nunca, e que mente só de vez em quando.
Quando eu olho para ele vejo uma inocência desligada, que não se importa nem quer se importar. Eu vejo alguém que diz não ter idéia dos seus passos, mas parece mais determinado e certeiro do que qualquer outro.
Quando eu olho para ele eu vejo algo que gosto muito.

Se eu o vejo gosto de tudo, se vai embora eu também sumo.
E tem gente que diz que ele é desvanecido. Mas para mim é o mais insinuante. Chega de mansinho e quando tem chance não desaponta.

E ele simplesmente não se importa, não quer provar nada, mas prova de tudo. E é melhor, muito melhor do que aqueles que dizem tudo.
Ele é meu, e meu rumo.


segunda-feira, dezembro 08, 2003

Tem coisas que nascem para dar errado.
Desde o principio.
Desde a maternidade.
E é um jogo. Uma loucura.
Brigas, muitas brigas e desentendimentos.
Mas depois você descobre que dava errado porque na verdade eram iguais, e complementares. Idênticos e o que faltava em um sobrava no outro. E ele era a salvação dela assim como ela era a salvaçao dele. Ao menos ele era a minha.
Então o errado virou certo, e num piscar, numa passada, o destino foi concretizado. E é só nesse contexto que essas coisas costumam acontecer.
E tudo ficava perfeito e a vida sorria cheia de dentes. E era bom. Tão bom. É tão bom.
Adicione o infinito para mim por favor.

A mais estranha das vidas.
É isso Jim. Hoje você estaria completando 60 anos. Você é um sagitariano assim como ele e eu. E sagitarianos entendem, apesar de não acreditarem nessas babaquices.

I'll Have My Kicks Before The Whole Thing Goes Up In Flames.

Hoje me deu a lôca. Abri os armários, arremessei tudo para fora, rasguei as roupas velhas e feias, joguei fora bilhetinhos, fotos horrendas, organizei cds, livros. Tirei tudo que era velho, deixei quietinho tudo que é fresquinho e novo. Afinal é assim que eu gosto.

Eu deveria fazer isso mais vezes. É quase uma sensação libertadora quando você olha para o que restou e sente um alivio esquisito, como se um peso tivesse sido tirado das costas. Isso deve ter uma conexão simbólica.

Eu não gosto do passado e o passado não gosta de mim. Eu finjo que ele morreu e só consigo me divertir mesmo com o presente e o futuro que me soa delicioso da onde eu enxergo. Tudo o que fedia a mofo e estava amarelado e bolorento de repente ficou obsoleto, antiquado. E isso, mais uma vez, faz com que eu me sinta ótima.

Isso não tem nenhuma conexão com o ano novo ou o natal. Eu não acredito nessas baboseiras de ano novo, vida nova. Mudanças são mudanças e podem ocorrer em qualquer período do ano se você se dispor a mudar, e ano novo não me estimula assim como o natal não me estimula em ficar boazinha e cheia de amor no coração.

Agora eu preciso dizer, a coisa mais insuportável do natal não são as propagandas natalinas, os papais nóeis pela rua ou ter que se reunir com aqueles parentes que mal se lembram o meu nome. O pior do natal é ir ao shopping e ficar ouvindo continuamente músicas natalinas. É ouvir musicas natalinas e o John Lennon repetitivamente no repeat desejando a merry merry christmas and a happy new year. Isso simplesmente me enlouquece.

Confesso: a mim não importa tamanho, cor, raça, qualidade, higiene, padrão, especificidade, precedentes, gosto, diversidade, natureza, ordem, nada disso. Eu como tudo, eu traço tudo, mando bala, engulo, saboreio e sou feliz.

Não tenho como fugir. Sou uma devoradora desvairada de jujubas.

domingo, dezembro 07, 2003

Então deixa eu colocar assim, eu sou cara de pau e pobre e isso é sabido. E quem tem fome não tem medo ou quem tem olho gordo não tem vergonha na cara ou vivemos num mundo materialista e eu sou uma garota materialista, ou mais ou menos isso.

Acontece que eu faço aniversário nesse mês doze, por um acaso no dia 17, e também por um acaso eu estava passando pelo site do submarino e resolvi na mais inocente das intenções fazer uma listinha de desejos supérfluos, onde o site não possuía coisas variadas e super legais, mas algumas eram bem bacanas e eu gostaria de ter porque eu gosto dessas coisas e sou consumista e porra é o meu aniversário caralho.

Isso não é um pedido, ninguém precisa me dar presente nenhum é claro, eu sabia que se postasse essa lista ia ficar soando assim... Mas foi pura coincidência, o meu aniversário com a vontade de ter uma lista no submarino. Não é minha culpa, é totalmente do submarino. E da minha cara de pau é claro.


Eu sou cara de pau.

Tem um ponto da vida que tudo o que você quer é provar qualquer coisa para qualquer um.

Com o passar do tempo as coisas tendem a perder a graça e se tornarem relaxadas e indiferentes. Você passa então a só gostar de você, só querer você e só se preocupar com a sua vida, mesmo que seja odiando tudo, inclusive a si próprio. Bem, talvez se você for uma pessoa sentimental abra exceções com as pessoas que você ama e passe a se preocupar e cuidar delas também.

Mas o que foge a minha compreensão absolutamente, é como existe gente burra velha e idiota que se importa tanto com coisas absurdamente desnecessárias e nada, eu digo NADA divertidas.

O que talvez possa explicar é, ou falta vida interior ou falta de vida em geral mesmo.

Existem corações que eu nunca irei conceber e me entedia só de dedicar alguns segundos de avaliação.

Talvez isso seja uma benção (ou castigo) por fazer parte da tríade obnóxio-ambivalente-blasé.

quinta-feira, dezembro 04, 2003

- Me passa o batom?
- O batom? Onde ele esta?
- Ai do teu lado, rolou do bolso quando trocou de roupa...
- E a minha escova de dente, você viu a minha escova de dente? Estava na minha mochila ainda agora...
- Deve ter rolado quando você desfez a mala... Olha pelo chão... Deve estar pelo chão...
- Não esta...
- Não precisa ficar nervoso, você deixou a sua outra escova vermelha aqui em casa se esqueceu?
- Eu gostava da outra... Eu gostava da outra, como sumiu?
- Você já se decidiu onde vai passar o natal?
- Com os meus pais ora...
- Porque?
- Você esta séria durante essa pergunta?
- É, porque passar o natal com os seus pais?
- Você não passa com os seus?
- Não, eu fico em casa, eles é que resolvem voltar para casa... Eu não mexo um fio de cabelo...
- É natal, posso fugir dos churrascos e dos aniversários, do natal é impossível...
- Passa comigo... Natal é uma data tão horrível...
- Eu não posso...
- Ok.
- Eu estou de volta no dia 26, fico na tua casa até o fim das férias... Esta bom assim?
- Porque não fica para sempre?
- Porque os teus pais já não ficam felizes sustentando você...
- Eu não conto nada se você não contar...
- Não pode ser assim, trata de ajeitar a tua vida, depois falamos sobre isso...
- Mas eu quero agora...
- Agora não pode...
- Porque?
- Porque o que?
- Porque não pode?
- Ora porque não é direito.
- Porque?
- Para com isso eu odeio esses porquês, você parece ter seis anos de idade.
- Você não quer e esta arrumando desculpas...
- É, é exatamente isso que eu estou fazendo...
- Se for embora eu me atiro da janela...
- Porque você faz isso?
- Porque sou dramática...
- Sempre assim, dramas, e intrigas e abusos… você é perfeita garota.






"O ciúme é generoso, queremos que a outra pessoa seja nossa".

Eu sei que as minhas idéias são vagas, quase sempre sem coerência e egocêntricas, além do mais, eu escrevo errado, sou desleixada com os textos e não faço soci com absolutamente ninguém... Mas este blog pelo menos 20 visitações por dia... Claro que 10 são amigos, 8 são os reloads dos amigos e 1 deve ser alguém muito esquisito... No entanto eu não ganho um comentário no meu ignoredlog... E esse é o auge da decadência internerdal. :)

***

E quem quer sair para beber na sexta-feira?

***

Green Mind é um puta foda cd...

Porque diabos toda vez que eu esquento água para fazer as minhas unhas dos pés preciso ficar uma hora esperando a maldita água esfriar e então acabo perdendo a vontade de fazer...

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Antes de começar é preciso avisar, desculpem se eu parecer ingrata quando tentar desaparecer. Essa não era a minha verdadeira intenção. É a culpa entende? É a culpa... E quem não tem culpa hoje em dia? O mundo é uma grande bancada de réus...

Na verdade nem sei explicar o meu verdadeiro propósito. Mas eu só queria dizer, se não tivesse tanto medo de magoar e partir corações, e certos corações são proibidos de serem quebrados, que não tem dado mais, isso não tem funcionado para mim. Na verdade se funcionou um dia eu não entendo bem porque, e eu acredito que funcionou e que isso me fazia ficar e continuar, mas agora, hoje, velha como me sinto, não tem dado mais.

Quartos sem janelas e com frestas cavadas por colheres de cafezinho só para ter a chance de respirar um pouquinho do ar de lá de fora e fingir para você... é isso, fingir para você já foi um dos meus passatempos preferidos. Agora a vida tá se ardendo lá fora e eu nem sei por onde começar. E isso enlouquece porque o destino safado não quis ajudar e ainda hoje se recusa a apadrinhar o caso. E eu já perdi a causa.

Por isso eu disse, desculpe-me parecer ingrata, mas em dias assim eu sei que preciso de um pouco de combustível extra. Eu tenho muito e eu tenho o mais importante, mas falta algo, algo igualmente grande cuja ausência tem me matado, sufocado, picado em pedacinhos minúsculos.

Desculpa. Desculpa. Eu não queria, mas estou tombando. E você continua liberando o veneno. E estar é ser burro.

Qual é o significado de pernas curtas? Meus quadris estão me matando e os meus joelhos estão estourados. As minhas costas já foram quebradas e as asas? Ah, essas são aparadas cuidadosamente sempre que possível. 21 e logo 22. Quanta perda de tempo. Quanta perda de tempo. Raízes que quase alcançam à não lógica. Ilógico.

Mas hein, deixa eu te dizer, chega de doutores dessa vez, isso vai curar sozinho. Um dia, é um dia. Com uma pequena pitada de sal e ar puro.

terça-feira, dezembro 02, 2003

E finalmente acabou ...

segunda-feira, dezembro 01, 2003

Outro dia desses, acordei as sete da manhã e quando saía meio trôpega da cama lutando para manter os olhos abertos e chegar viva no banheiro em meio a tantas bugigangas e coisas espalhadas pelo chão do quarto (porque eu sou uma bagunceira dos infernos), ouvi um gruído longínquo e meio assustador. Algo do tipo ióó, ióó, ióó.

Pausa. Olhei para os lados.

Estando acostumada com som de metralhadoras e fogos vindos do morro para avisar que os bagulhos estão chegando, achei meio esquisito, mas não dei de ombros. Afinal, as sete da manhã eu sou capaz de ouvir qualquer coisa. Caminhei em direção do banheiro segurando as calças do baby doll que cismavam em cair e enquanto escovava os dentes lá veio o gruído novamente. Ióó, ióó, ióó e dessa vez veio acompanhado com um uhhhhh final. O som estava um pouco mais perto. Fiquei espantada e sai para vasculhar da onde estava vindo aquela coisa.

Pausa. Vasculhei a casa.

Como não havia absolutamente nada de errado, continuei fazendo as minhas coisas com um olho suspeito que não parava de zarapatear. No entanto, durante aquele domingo, não ouvi mais nada.

Mais tarde ainda no mesmo dia já tentando dormir nas primeiras horas da madrugada aquele som veio a mim novamente. Ióó, ióó, ióó acompanhado com o uhhhhh e acrescentando um Ullll dramático final.

Não me convenci e saltei da cama bisbilhoteramente seguindo o som. Abri a porta do terraço e segui subindo as escadas imaginando o que era e rindo só de imaginar. Lá em cima, dei de cara com a coisa mais linda que eu já tinha visto e deste momento em diante descobri que amor a primeira vista existe mesmo. Lá em cima dei de cara com o então batizado Juvenal. O burrinho mais lindo que eu já tinha visto na minha vida. E ele era bem pequenino e usava chapéu de nordestino e era cinza e tinha dois olhos grandes e boêmios e tristes.

Juvenal é o meu mais novo vizinho. O vizinho que eu mais gosto de longe. Além disso é nordestino e muito sujinho. Cada hora faz um som mais extravagante e sei que quando faz isso é porque esta querendo chamar a minha atenção para ele e lá vou eu subir as escadas para olhar seus grandes olhos boêmios e tristes.

Estou perdidamente apaixonada pelo Juvenal, e eu nunca me imaginei apaixonada por um burro. Todo dia ele canta para mim e logo eu vou tirar uma fotinho dele para vocês contemplarem de sua beleza e graça.

Acontece cada coisa engraçada nessa vida.