domingo, novembro 30, 2003

Em 1997 eu cortava um barato tentando ser uma adolescente normal, esconder as drogas da mamãe e ajeitar o meu cabelo que estava na pior fase, graças aos produtos químicos, maus tratos e negligência. Eu tinha quinze anos e “Supersonic” tocava no meu fundo toda vez que eu e as minhas amigas cruzávamos o pátio da escola. Éramos conhecidas como as pseudo-delinquentes juvenis porque quebrávamos cadeiras, xingávamos a mãe da diretora, ouvíamos róque e de acordo com a lenda urbana, fazíamos “meinha” no banheiro. Eu até fui delicadamente pedida para me retirar, mas fiz corpo duro e não fui. Afinal naquele lugar ninguém era reprovado, ninguém era expulso, ninguém te dava a mínima; era o paraíso dos alunos na terra. E a turma, composta basicamente por retardados e nerds de plantão, era bem unida apesar das brigas e picuinhas típicas. Bons tempos eram aqueles que o auge do meu dia era quando a professora de literatura, Dona Jussara, me pegava pelo braço e dando um ataque gritava em alto e bom som: “Você é maluca sabia? Só pode ser maluca!”.

Ter quinze anos na minha idade era muito mais divertido do que ter quinze anos nos dias de hoje. Naquela época você só pensava em ter uma carteirinha falsa, imaginando o dia que você finalmente tivesse peitos, babando pelos cabeludos descerebrados que fumavam Malboro e sonhando com o dia que finalmente pudesse dormir na casa do seu namorado sem que os pais dele achassem um absurdo duas crianças estarem pensando nessas coisas e ligassem para os seus pais.

Era tão bom ir a festas podres e tomar ácido pela primeira vez e tomar duas latas de cerveja e se sentir livre para subir em cima de uma mesa qualquer simulando um strip tease ingenuamente pensando que no dia seguinte na escola ninguém ia se lembrar disso. Era tão bom não se preocupar com a grana, com a faculdade, e ganhar a noite usando o all star mais decomposto da face da terra e a calça jeans mais encardida. Era tão bom não se incomodar com o que eu iria ser, e descobrir o que era vestibular no dia que fui fazer um. Como era chato esse velho e tedioso futuro.

E observando algumas meninas agora nesse ônibus enquanto espero chegar em casa, me dei conta que, bons eram os dias dos meus quinze anos. Porque eu passo e vejo pelas ruas essas meninas se equilibrando em saltos, namorando sério, pensando em faculdade e fazendo planos. Todas elas freqüentam boates e matinês, bebem na frente dos pais, dormem na casa do namorado, tomam pílula e levam as respectivas namoradas para apresentar para as avós. Todas elas têm corpos esculpidos na academia e se preocupam em se vestir bem, em serem as mais bonitas e arrumarem os namorados mais desejados. Até as mais styles. Quase nenhuma tem mais ingenuidade. Elas parecem que não descobrem nada por si próprias e vem tudo assim, com manual pratico, um intensivo em 14 anos. Elas normalmente conhecem coisas que eu levei mais uns três anos para descobrir. Elas não se frustram, não são usadas e não traem a melhor amiga. É estranho. É muito estranho porque eu passo a me sentir retardada para a idade. Elas são vividas com quinze anos sem terem vivido absolutamente nada. Elas aprenderam tudo sem nenhum arranhão na cara. E eu penso se sou eu que faço um grande estardalhaço frente a coisas insensatas que eu fiz quando tinha meus 15 ou 16 anos, mas eu gosto tanto dessas coisas.

Afinal, passaram-se 6 anos, eu ainda uso all star decomposto, e apesar de ser quase dona do meu nariz, até hoje morro de vergonha de fumar na frente da minha família. E mesmo estando bastante calejada com as merdas que normalmente acontecem com o passar dos anos, resta em mim um resto de excitação pelas coisas que me eram proibidas quando eu era mais jovem. Talvez eu seja um pouco retardada mesmo. Mas ai eu não sei. Você me diz.


Entramos nas lojas americanas e em poucos segundos parecíamos dois alucinados agarrando o que podíamos agarrar e brigando para ver quem ia levar o que. Era a grande promoção de DVD’s, leve três, pague dois. Incrível! A malvada, Casablanca, Juventude transviada, O Pecado mora ao lado, Um Estranho no ninho, Poltergeist, Massacre da serra elétrica, tanta coisa, mas tanta coisa boa que me fizeram esquecer da tonalidade vermelha que o meu cartão de credito vem adquirido nos últimos meses.

Sai da loja agarrada com a Malvada ( que me fez cantar Bette Davis Eyes o fim de semana todo e de quebra ficar imitando o olhar dela nas fotos), O Pecado mora ao lado e Trem para Ryan, filme de guerra com lindinho Frank Sinatra. Então vocês me dêem licença, é domingo, o ar condicionado esta ligado, meus pés estão aquecidos com os pés dele, to usando o melhor pijama da face da terra e tenho quilos de pipoca para devorar.

quinta-feira, novembro 27, 2003

Intimidade, intimidade mesmo é quando a escova de dente dele esta beijando a sua, você encontra as suas calcinhas junto com as boxers dele e ele te pede em casamento e você aceita...

REALLLYYYYY ???


Fiona Apple


Which rockin female musical artist are you?
brought to you by Quizilla

Susie Q, como eu faço para colocar o endereço do fotolog mais fake lá em cima? Oh YEAH BABY eu tenho um também!! Agora é oficial...

quarta-feira, novembro 26, 2003

Cansada, gripada, sem cigarros, com a cabeça cheia de coisas inúteis e longe do babe faz mais de quatro dias. A beira de um ataque de nervos...

Trabalhar no hospital quando se esta gripada é horrível, você tem que andar e andar e abrir o freezer milhares de vezes e andar e andar de um lado para o outro sem parar. Mas eu não posso deixar os meus velhinhos na mão. Eles precisam de mim porque eu sou muito atenciosa e boazinha, praticamente um “docinho de coco” como eles mesmos dizem. Eu gosto de velhos, gosto muito mais de velhos do que de crianças, crianças me dão ímpetos de afoga-las, uma a uma. Velhinhos são fofos e contam historias antigas e me acham simplesmente maravilhosa. Crianças me acham malvada porque eu gosto de dar beliscões e que esse meu cabelo é muito esquisito. E eu os acho malvados também e esquisitos além de muito insuportáveis.

Eu passei os últimos dois dias dopadinha de muitos medicamentos, entre muitos lenços de papel e folhas de neurologia. Eu gosto de neurologia bastante, mas não o bastante para sentir tesão na coisa, mas o suficiente para me fazer me esforçar ao menos um pouquinho. Finalmente.

Eu às vezes ainda me pergunto porque diabos eu escolhi a área médica. Eu nunca sonhei em ser médica ou enfermeira ou astronauta quando era pequena. Tudo o que eu queria era ser era ser alta e famosa, famosa hollywoodiana é claro, famosa Rede Globo cruzes.

Aliás, eu levo uma vida dupla. Meus vizinhos me consideram muito estranha. De segunda a sexta saio pela manhã e desço a rua toda limpinha vestida de branco dos pés à cabeça, muito incorruptível. E depois eu volto e subo a rua vestindo preto e meia calça arrastão com uma mochila nas costas e um violão nas costas.

“Essa filha da Suely é muito estranha mesmo” – fofoca levemente dona Lúcia para dona Alba – “Acredita que o meu filho Juninho nunca a viu na praia, ou no forró do Malagueta e que as vezes ela some por meses e depois aparece assim com um monte de gente que passam dias na casa? Ela e aquele irmão grosso dela? É dona Alba, essa menina só dá trabalho”.

terça-feira, novembro 25, 2003

A fogueira das vaidades...

It was so much easier when I was cruel

Algumas pessoas costumam criar os seus próprios infernos pessoais e depois não conseguem se ver livres dos tentáculos que se estendem desde as profundezas do inferno até seus braços e pernas impedindo que eles saiam do lugar, e então passam a vida inteira esperando alguma alma caridosa subir num cavalo branco, empunhar uma espada e os salvar das labaredas flamejantes. Não precisa falar a respeito, era hábito meu dar de comer a dimensões tão imensas que eu basicamente não existia em outra realidade.

Eu não sei explicar e se soubesse seria muito feliz, o problema maior talvez seja o maravilhoso pretexto sempre dado: a culpa não é minha, é dele, é dela, daquele ali, daquela outra. Alguém muito mais articulado e antigo já disse bem antes “o inferno são os outros”.

Nos meus achismos eu tento entender toda essa teoria de como se viver bem nos dias de hoje.

Basicamente eu acho que você precisa organizar a sua vida. Descobrir o que te satisfaz e o que você precisa fazer, porque existem certas coisas que nós simplesmente precisamos fazer, mesmo não gostando delas, e isso inclui engolir alguns sapos e algumas verdades que doem, mas que são verdades e não poderiam ser mais reais. Elas afinal estão roçando na sua cara o tempo todo e se você não construísse tantas barreiras enganosas iria percebe-las com facilidade.

Descobrir quem você é e até aonde quer chegar é uma coisa importante. Outra coisa principal é cortar as segundas pessoas da sua vida. Os outros podem te ajudar muito, mas nunca vão fazer as coisas por você ou para você. Contar com o seu traseiro e só com ele ainda é a melhor coisa.

O ideal seria não vender a sua pobre alma, mas se você analisar que no mundo de hoje se tem basicamente duas opções que são: vender, ser esperto com a possibilidade de se dar bem ou não vender e se fuder pelos outros espertos sem a menor sombra de duvida, te faz realmente ponderar sobre o assunto. Vender a alma por causas que realmente valham a pena e voltar para casa com um prêmio maior, talvez seja o equilíbrio, e isso requer um alto poder de julgamento. Se tudo falhar e ficar feio, compre outro novinho e faça ficar bonito.

Esse negócio de ser boazinha e não foder com os outros só funciona em livro espírita. Ta todo mundo se esfaqueando tentando salvar o seu e você esta vendo a vida passar parado na calçada acenando e esperando alguém te ver e parar de viver para ficar na calçada com você, é pode crer, isso vai acontecer...

Aceitar que geralmente as pessoas querem algumas partes de você, e não aquelas que são as mazelas, a mega-dependência, a chatice e o fastio. Todo mundo esta de saco cheio de tudo. Todo mundo tem problemas e se tivermos mais experiências frustrantes significativas logo logo todo mundo vai estar subindo em prédios com rifles.

A verdade no fim nas contas é, faça a sua parte, fique atento e não conte com os outros. Se te oferecerem ajuda não hesite em aceitar, isso é um milagre. Lute pelo o que você quer e não se importe com o que os outros dizem, é só olhar para o seu vizinho e ver que ele é muito mais deprimente que você. E claro, não deixe de usar a palavrinha mais foda do nosso vocabulário, o bom e velho Foda-se. Eu acho que não existe palavra que expresse melhor o segredo de uma vida mais feliz. É só dizer foda-se com muita vontade e convicção pelo menos 3 vezes ao dia.


E se tudo isso funcionasse eu ia atacar de Mary sunshine todos os dias da semana.

domingo, novembro 23, 2003

Achei a fita dos 200 cigarros e mesmo sem assistir de novo ela me faz mal. Me faz pensar que dezembro já esta ai e o natal e consecutivamente o ano novo e eu não tenho nenhum plano, nem nenhuma festa maravilhosa para ir. Precisamos de festas e realizamos favores sexuais em troca de convites

***

Então eu fiquei toda feliz e abobadinha só porque a minha banda entrou em estúdio e a gravação saiu certinha e bonitinha e que finalmente nos ouvimos. Meu filho ilegítimo nasceu, e suamos tanto para parir essa criatura e finalmente ele deu as caras e isso é um puta alivio. Não, não significa que vamos parar por ai, o Sweet Nuthin não para, fazemos parte da The World Is Not Enough Philosophy.
Precisamos de shows e realizamos favores sexuais em troca de convites.

***
Nem uma gripe dos infernos, nem pilhas de coisas não resolvidas, nem esmalte preto dos pés descascado ou cabelos ensebados vão me fazer sentir cansada hoje. Afinal já fui auto medicada, enchi a minha barriga e isso evitara pronto socorro e lavagem estomacal.

Busquei fôlego para aguentar o tranco. Here We Go Again.

quinta-feira, novembro 20, 2003

Tenho tanta foto legal aqui que eu queria postar... to pensando em me vender ao sistema e fazer um fotolog!

Desde já peço desculpas aos meus band mates, mas eu acho essas fotos as fotos mais fodas que eu já vi na minha vida. Quer dizer, só não barra o video com a soundtrack do STP.

A fome é negra, a comida é pouca, e éramos seis. Sopa rala e só caldinho.

Eita gente tosca!

WE HATE IT WHEN OUR FRIENDS BECOME SUCCESSFUL

Não dá mais para aturar. Essa cidade já me deu o que tinha que dar. Eu odeio tudo. A praia, o sol, essas pessoas, essas roupas, esses sebos e esses cinemas. Não existe uma rua que eu não conheça ou um ônibus que eu não tenha passado pela roleta.

Estou cansada do cheiro de mijo pelas minhas esquinas e das mesmas putas de quinta categoria que espalham doenças na quina da rua. Pessoas feias, descabeladas e suadas. Moleques de rua, bala perdida e gente que só quer passar todo mundo para trás. Pessoas são pessoas em qualquer lugar do mundo e disso eu sei, mas quando os amigos londrinos telefonam dizendo que estão indo assistir ao show do Bob Dylan semana que vem isso me remói e contorce as entranhas.E eu, muito pequenininha do outro lado da linha, desejo que pudesse ser eu.

Essa cidade não dá. O Rio não dá. Ou ele morre ou morro eu. Eu quero o meu amor e um bilhetinho azul. O Rio não dá. Nunca deu, mas agora esta pior. Eu preciso dar o fora daqui. Seja lá do jeito que for.

Pulsos. Pulsos. Cara no chão. E o gosto salgado do asfalto continua o mesmo.
Sim eu senti a sua falta querida.

quarta-feira, novembro 19, 2003

O que o mundo não precisa é de julgamentos errados. Na minha opinião já tem muita gente praticando com exaustão a capacidade de abrir a boca e espalhar coisas que não são reais. Rumores ou concepções idiotas, tudo geralmente nascido ou de uma grande imaginação fértil, desvios psicológicos, idéias estúpidas, recalques, ignorância ou da velha e conhecida inveja.

É como se o universo se dividisse em três partes, onde a esmagadora maioria tem uma opinião muito forte e muito idiota sobre alguma coisa ou alguém, conclusão chegada depois de quilos de idéias estúpidas, recalques, ignorância ou da velha e conhecida inveja. Logo atrás, perdendo por um focinho, estão aqueles que não tem opinião, os boçais que seguem o que os outros dizem ou simplesmente não tem a capacidade de raciocinar e esses não merecem explicação. E por fim, perdendo desgraçadamente estão aquelas pessoas que ponderam o que ouvem prestando atenção e utilizando a habilidade de enxergar o quinhão de veracidade e subtrair a mentira.

Todo esse post excessivamente introspectivo foi para expor que hoje me disseram que eu era importuna e perfeccionista, e não foi um elogio, nada é um elogio quando é dito entre dentes num tom mais seco que o chão do agreste. E este é o exemplo mais clássico de um julgamento idiota. Eu tenho um gene napoleônico em algum lugar por aqui, mas na maioria das vezes sou um caos ambulante, completo e infinito. Só porque eu às vezes quero fazer as coisas direito porque me importo não significa que eu quero tudo perfeito. Dedicação não significa perfeccionismo neurótico e aporrinhamento. Ao menos não para mim.

terça-feira, novembro 18, 2003

Toda semana, de hoje em diante vou traduzir uma letra do Elvis Costelo. Porque todo mundo precisa ler o que o mestre diz, mesmo considerando o fato de que nas traduções o sentido as vezes é perdido ou a força da expressão fica fraca.


Começando por All the rage, uma das minhas músicas preferidas que é uma boa pedida para o dia de hoje.

Os retraídos impulsos para falar o que você pensa
Eu te emprestarei o meu microscópio e talvez você encontre
Estará naquele lugar feio escondido bem atrás do seu rosto?
Onde você guarda a minha foto apesar do fato
De você já ter me substituído.


Diga “adeus”
Querida porque você não age de acordo com a sua idade?
Você sabe porque
Eu vou ser direto com você
Mesmo que eu nunca seja
Infeliz do jeito que você queria que eu fosse
Ainda existe muita raiva


Eu provavelmente irei levando
Graças aos meus próprios mecanismos
Poupe-me do zumbido dos seus comentários
Os pecados de cinta-liga e gim
Confissão talvez atrasada
Você conhece a medida da estaca
As botas felizes de argila
Eu ouvi tudo isso antes
Você ira repetir de qualquer forma


Sozinho com as suas pinças e o seu lenço
Você assassinou o tempo e a verdade, amor, riso e fé
Então não tente tocar o meu coração, é mais tenebroso do que você pode imaginar
E não tente ler a minha mente porque ela é cheia de tinta invisível


Mesmo que eu nunca seja
Infeliz do jeito que você queria que eu fosse
Ainda existe muita raiva



The twitching impulses to speak your mind
I'll lend you my microscope and maybe you will find it
Is it in that ugly place that's just behind your face
Where you keep my picture still despite the fact
That you had me replaced

Say "Goodbye"
Baby can't you act your age?
You know why
I'm going to give it to you straight
Although I'll never be
Unhappy as you want me to be
Still it's all the rage

I'll probably play along
Left to my own devices
Spare me the drone of your advice
The sins of garter and gin
Confession may delay
You know the measuring pole
The merry boots of clay
I've heard it all before
You'll say it anyway

Alone with your tweezers and your handkerchief
You murder time and truth, love, laughter and belief
So don't try to touch my heart, it's darker than you think
And don't try to read my mind because it's full of disappearing ink

Although I'll never be
Unhappy as you want me to be
Still it's all the rage

Vocês leram o jornal O globo de hoje? O caderninho chamado Megazine? Só eu ou mais alguém achou aquela reportagem sobre os Strokes ridícula? Quer dizer, se é que aquela reportagem era sobre os Strokes né?


Afinal é como eu sempre digo, que talento que nada rapaz, eu preciso é de amigos nos lugares certos.

Porque que toda vez que uma garota detona um cara as pessoas acham que na verdade ela quer mesmo é dar para ele? Eu nunca entendi essa idéia bizarra que o mundo tem. Quer dizer essa idéia que geralmente pessoas com cérebros do tamanho de ervilhas tem.

Então existe uma pessoa que você considera até muito legal quando consegue deixar de lado toda uma idéia pré-concebida de sua perturbada, genial e originalíssima personalidade de pobre menino rico. Ele é bacana às vezes, mas na maioria das vezes simplesmente exerce sua imensa capacidade de ser um babaca igual a todos esses outros que você topa. Você sabe? Normalmente são aquelas que você esbarra pelos cantos praticando a arte de ser diferente. Aqueles seres auto-denominados (prestem atenção no AUTO, significando uma qualificação dada por eles próprios) bizarros, originais, loucos e complexos. Normalmente eles são drogados também, losers e muitíssimos inteligentes. Quase clarividentes. Você já deve ter visto uma porção desses por ai.

O problema é que todo mundo vive anunciando que sinceridade é a coisa que mais falta nas relações, a coisa mais importante e incomum. E todo mundo diz que adoraria encontrar uma pessoa com a coragem de despejar na cara as verdadeiras idéias. Ai você encontra com essa pessoa que não tem o menor problema em dizer o que pensa com um quilate extra de sinceridade, e então imediatamente você passa a odiar essa pessoa e conclui magnificamente que o único motivo para essa pessoa estar te tratando como merda só pode ser explicado pelo motivo óbvio de ela querer te dar ! Afinal como você não pensou nisso antes? Como alguém poderia te considerar estúpido assim de graça? Logo você?

Ah, então agora a culpa é minha por achar que você tem um cérebro do tamanho de uma ervilha Senhor muito vivido drogadão inteligente?

E não me acuse de falsidade, você nunca perguntou a minha opinião, afinal estava preocupado demais em deixar as SUAS opiniões bem explicitas. Eu estava pensando nisso o tempo todo, só não tinha tido a oportunidade de me manifestar. Afinal você é amigo (não meu, mas dos outros - ou se considera amigo, sei lá) e ÀS VEZES consegue ser menos pior do que a maioria por ai.

Foda-se a minha opinião. Mas eu tenho uma e provavelmente você sabe dela agora e foda-se qualquer opinião que você tenha a meu respeito. Vai ver no fundo eu sou essa vaca estúpida mesmo que você falou que se acha a dona da verdade. E daí? A única coisa que eu sei é que eu não quero dar para você, isso não, isso nunca. Nem que você fosse o ultimo homem na terra. Eu não tenho o estomago, nem coragem, nem coxas grossas.

E eu tenho algo que você nunca vai ter porque é estúpido demais para ficar tentando fazer com que a sua vida soe como um filme para que os outros assistam. Você estava ocupado menosprezando a única pessoa que não ri nas suas costas, que apenas escuta sem dar crédito, achando tudo uma grande perda de tempo. Na verdade você preferiu imaginar que ele estava vangloriando a sua vida maravilhosa e querendo uma igual. E isso só prova o quão ridículo você é. Quer dizer, apenas comprova. Eu sou real e isso me basta, pelo menos não perco meus dias tentando fazer que todo mundo soe idiota na história só para que eu me sinta especial, diferente, louca.

Enquanto você vai continuar escravo de uma imagem sem personalidade que você é. Um livro. Um filme bizarro. Sendo todo mundo, menos você. Expressando tudo, menos arte. Uma vida desperdiçada. Oxigênio dissipado.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Acho que a pior coisa que alguém pode me chamar é de fofa. Eu odiaria ser chamada de fofa e me dá vontade de matar quando certas pessoas te classificam como fofa.
“Eu conheci fulana. Ela é super fofa”. Isso é a pior das sacanagens para mim.
Diz que a fulana é simpática, antipática, escrota, boa praça, chocante, fera... Qualquer coisa. Mas não diz que ela é fofa, para mim ao menos é a pior coisa que uma pessoa pode ser, fofa.
Graças a deus eu não sou fofa. Sou grande, magricela, branca starfix e mal educada e sou muito feliz assim.

***

Baixem Everywhere you turn ou Wake me when it’s over ou All sewn up do Longwave, fez a minha noite soar mais perfeita do que ela já estava soando. Numa segunda feira como essa eu até deixo o complexo de Garfield de lado.

***

A vontade que dá é de sair pela rua gritando e dançando. Dias quentes de verão é assim mesmo. Fogo nas veias e muitas idéias malucas na cabeça.

Um brinde as noites quentes que geralmente não me deixam dormir por falta de ar condicionado e me dão inspiração para tocar até quase de manhã.

domingo, novembro 16, 2003

Antes que as más línguas comecem a mexericar, vou esclarecer tudo para evitar conclusões equivocadas.
É verdade. No sábado à noite o núcleo Sweet Nuthin (banda carioca desta adorável que vos fala) foi visto no centro de tradições nordestinas (antiga feira dos paraíbas) conhecendo o novo point da cidade. O fato trouxe burburinho já que os integrantes são conhecidos pelos maus modos e pela total inabilidade de comunicação com qualquer ser não nuclear.

Não poderei entrar em detalhes minuciosos, mas os membros foram flagrados devorando salsichões com muita farofa, engolindo churrasquinhos de gato, abocanhando queijos qualhos, entornando cachaças da boa, vertendo a nova Schin (que meu paladar não detectou absolutamente nada de diferente), e se deliciando com a especialidade da casa: O mocotó. Eu pela primeira vez na vida vi o que é um mocotó e até provei, dando uma pausa óbvia para o vômito.

A banda pretende inovar e lançar moda sendo precursora desse novo estilo paraíndie de ser, visto que o antigo estilo cool e indie anda meio abatido. Durante a festa todos tocaram air acordeom, air triângulo e air chocalho. Dançaram em círculos olhando para os sapatos brincando de ser repentistas. Susie Q particularmente demonstrou ser extremamente talentosa durante a execução de uma canção de própria autoria. Vejam um exemplo da canção belíssima repetida diversas vezes pela futura salvadora das tradições nordestinas:
“- Quando eu nasci minha mãe não tinha leite e é por isso que eu gosto é de chupar as tetas da cabritinha...”.

Saímos sendo aplaudidos e ovacionados pelos paraíbas que nos viram como os salvadores style do movimento nordestino. É, era o que estava faltando mesmo, sangue novo e muita pose. Logo logo nossos amigos que vivem jumping on someone else´s train estarão nos imitando.

terça-feira, novembro 11, 2003

Minhas filhas, se eu as tiver algum dia, vão ter que me agradecer muito pelo caminho que eu tracei na família dos Weiss para que pudessem ser mulheres livres de inibições e inseguranças. Porque se você nascesse na família que eu nasci você entenderia perfeitamente o que significam as palavras: tirania, repressão e conservadorismo.

Eu fumei o primeiro cigarro das mulheres Weiss numa geração de quase 50 anos. Eu tomei o primeiro porre das mulheres Weiss e esqueci o meu próprio nome enquanto era catada de baixo de um viaduto aos 16. Eu quase tive que queimar sutiãs em praça pública para poder ficar na rua até depois das 5 da manhã com 12. Isso tudo sem ouvir uma palavra da minha adorada mãe.

Mas hoje eu tive uma péssima idéia de pedir que ela me ajudasse a pintar os cabelos, e graças a isso tive que ouvir quase uma hora de ladainha sobre “Como moças de família devem se portar, usar tons pasteis e arrumar um bom homem trabalhador”. Claro que passamos pelo fato dela me achar esquisita e de que usando essa tonalidade de vermelho no cabelo nenhum homem decente ia querer se casar comigo, muito menos quando ele descobrisse que eu fumava, bebia e falava palavrões.

Ela não é má coitada, minha mãe até que é foda, só que ainda não viveu a revolução sexual, ou qualquer outra revolução. E olha que eu não sou nada feminista.

***
Cenas assustadoras para impedir que criancinhas durmam durante a noite

Fui tirar a tintura vermelha do cabelo depois de uma hora de ladainha e quando abri os olhos reparei nos ladrilhos do banheiro todos vermelhos, e o sabonete e a água extremamente vermelha descendo para o ralo e só pude pensar em uma coisa, apenas um nome me veio à cabeça...
Norman Bates.
Minutos depois eu estava me debatendo simulando um ataque no chuveiro muito feliz da vida enquanto voava tintura vermelha para todos os lados. Acho que o Alfred Hitchcock ia se orgulhar de mim.




E o Robert Smith é o carinha mais romântico do mundo sullen...

A Night Like This

Say goodbye on a night like this
If it's the last thing we ever do
You never looked as lost as this
Sometimes it doesn't even look like you
It goes dark
It goes darker still
Please stay
But I watch you like I'm made of stone
As you walk away

I'm coming to find you if it takes me all night
A witch hunt for another girl
For always and ever is always for you
Your trust
The most gorgeously stupid thing I ever cut in the world

Say hello on a day like today
Say it everytime you move
The way that you look at me now
Makes me wish I was you
It goes deep
It goes deeper still
This touch
And the smile and the shake of your head

I'm coming to find you if it takes me all night
Can't stand here like this anymore
For always and ever is always for you
I want it to be perfect
Like before
I want to change it all

I want to change

segunda-feira, novembro 10, 2003

Eu queria muito tossir tão coolmente quanto o Britt Daniel do Spoon. O cara conseguiu transformar uma simples tosse no meio de uma música numa coisa cool e punk. Eu quero aprender a fazer isso, porque eu sempre tenho vontade de me coçar ou espirrar ou esfregar o olho durante uma música. Tem gente que nasce estrela, outras precisam se transformar em uma.

there's a girl in my yard
reading me my tarot cards
she don't know anything
but she's beautiful to me

my eyes are opening again
I see you as you're marching in
I'll bring you cover when you're cold
you'll bring me youth when I grow old

do you when remember when you were small
how everybody would seem so tall
I am your shadow in the dark
I have your blood inside my heart

***
Quando se têm problemas reais você passa a achar todo o resto moleza e brincadeira de criança. E então você recebe uma daquelas noticias que fazem você sair da cama as sete da manhã sorrindo para passarinhos na janela, admirando o céu azul e cantando “Hello Sunshine”, sem gostar de passarinhos ou de céu azul ou mesmo de Super Furry Animals. Eu realmente deveria ter mais dias assim.

domingo, novembro 09, 2003

O vento e lua.

Podia ser o título de uma novela da globo mas estamos é falando de mim. Claro que de mim, de quem mais ora? É domingo, não tenho nada para fazer, estou sozinha, parece que estou curtindo uma ressaca das brabas e acabo ficando muito umbiguista quando isso acontece. Isso não tem nada a ver com novela global. Na verdade, este blog até funciona por capítulos e na minha vida às vezes existem tramas tão bem tramadas e mistérios tão misteriosos que nem Manoel Carlos entende. Mas não, isso não se trata de uma novela. Aqui ninguém se chama Helena, Cleide ou Maria.
Chega de falar de novelas. Nunca consegui assistir nenhuma delas. Mentira, assisti a Usurpadora e Maria do Bairro e Carrossel. Em geral tenho ojeriza por elas.

O que eu queria dizer desde o principio se não estivesse dispersa demais e sem saco de começar a fazer coisas realmente (in) úteis que preciso fazer, é que acabo de descobrir que além do amigo vento ser fundamental na minha vida - porque eu adoro quando está ventando e sempre as coisas mudam quando venta forte e é por isso que eu corro para abrir as janelas deixando as folhas secas e a poeira da rua entrar em casa e adoro dormir ouvindo o zumbido macabro nas frestas das janelas - agora a lua tem um papel considerável na minha vida. Quando a lua cheia esta totalmente cheia tudo dá para trás. Só falta lobisomem e vampiro e todas as criaturas da noite que só aparecem na lua cheia. E só amanhã que ela começa a sumir. E eu to falando de lua mesmo e de vento mesmo, para quem achar que esse post esta non sense demais.

Acontece é que eu acredito nessas baboseiras. Eu acredito na lua, e em incensos e em magia e em coisas que só pessoas retardadas acreditam. Ah eu acredito em destino também, e em sorte e no vento. E na P.J Harvey e no cometa Harley. E na música e na minha barbie nova que eu ganhei ontem.

quinta-feira, novembro 06, 2003

Se eu não tivesse nada eu encararia. Lógico, quando não se tem nada qualquer desafio te faz sair da rotina. Mas eu tenho, eu tenho muito a perder nesse momento e eu não quero perder, eu me recuso, vou lutando até o inferno. Life is the biggest bitch of all.

I wanna be your babe I wanna be your doll



Uma garota, muito tempo livre, uma guitarra, papel e caneta...

Sabe vocês deveriam baixar Wicked Little Town que esta na trilha sonora do Hedwig. É uma daquelas canções fodas que eu desejaria ter feito.

1,2, here we go...

You're running up and down that hill.
You turn it on and off at will.
There's nothing here to thrill
or bring you down.
And if you've got no other choice
You know you can follow my voice
through the dark turns and noise
of this wicked little town.

Oh Lady, luck has led you here
and they're so twisted up
they'll twist you up.

***

Eu deveria estar apavorada. Eu deveria ter pensando nisso. No entanto eu tenho quem me segure firme lá no alto.

Quantos de vocês tem alguém assim? Você dá muito pouco em troca e ganha muito. Nesse jogo de azar eu ganhei muito. Lady Luck não vai embora não, por favor...

quarta-feira, novembro 05, 2003

Em toda a minha vida senti essa necessidade de estar sempre cercada de pessoas que eu admirasse. Sou incapaz de amar alguém que eu não admire. E exatamente por isso é tão fácil cativar ou não o meu afeto. Porque se eu admiro muito a coisa toda, o amor pode acontecer num estalo. Mas se eu desaprovo, não há prova de amizade ou de amor que a pessoa me dê que conquiste uma boa imagem. Eu preciso admirar. Eu preciso querer alguma coisa para mim. Algo que me motive. E pequenas coisas captam a minha admiração. Gente real, por exemplo, me deixa extasiada. E quando eu digo real são aquelas pessoas que tem uma idéia muito grande de quem elas são e de quem não querem ser, os verdadeiros umbiguistas, geralmente aquelas pessoas que ficam no canto das festas sem cumprimentar ninguém e que ninguém nunca ouviu falar. Aqueles que geralmente não sentem a menor necessidade em saber o que os outros pensam deles. Os conhecidos otários. Os meus fools on the hill.

Só para os que acompanham o blog:

Hoje eu entrei no ônibus e tentei visualizar o possível próximo passageiro que iria saltar me vagando o lugar. Pude ver um homem vestido de terno que parecia ter esse potencial. Aproximei-me e por ali fiquei...

Não deu outra, ele saltou no ponto seguinte. Talvez eu possa me especializar nisso.

terça-feira, novembro 04, 2003

Mary Sunshine Do Inferno Cor De Rosa.

Encontro-me num clima bom de Bob. Ouço Bob o dia todo e fico pensando em coisas leves e flutuantes.

Não comece a pensar que eu estou ouvindo Bob Marley e fico fumando maconha o dia todo. Meus tempos de maconheira-que-não-sabe-apertar-um-baseado se acabaram. Agora só quando a Nina canta é claro.

Eu to falando de Bob Dylan rapaz.

É porque ta tudo meio zen por aqui e com cheiro de erva cidreira. São tantos milhões de planos e novidades pela frente que eu fico meio perdida. Mas eu não vou contar porque isso atrapalha tudo, e tem muita gente invejosa por ai sabe? Eu só espero que eu não foda tudo só porque fiquei a fim.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Age is not a particularly interesting subject. Anyone can get old. All you have to do is live long enough.

Faz quanto tempo desde que você foi para casa se sentindo realmente satisfeito? E quando isso aconteceu, quanto tempo durou? Dez minutos? Cinco? Ou apenas o tempo necessário para se pegar papel e caneta e colocar tudo no papel?
Rio nublado e hoje foi um dia. Praia fria e avião sobre o Corcovado, mãos que não são minhas, mas que ao mesmo tempo são, dentro dos bolsos do meu casaco.
Às vezes o Rio é um lugar bom. Ora uma moça bonita num vestido de gala, ora um aleijado mendigando e chorando na porta da igreja.

Mas me diz, quando foi a última vez que você se sentiu satisfeito?

domingo, novembro 02, 2003

Vocês todos já viram a minha Mae West né?

Pergunta:

- Quantas horas determinadas pessoas conseguem ficar fazendo bolinha de sabão num domingo chuvoso?

Resposta:

- Muitas.




Susie Q,John Doe,Eu.


p.s: John Doe pediu que não reparem na sua barba de bêbado.

Então teve o Tim né? E eu estava lá do ladinho do Edgard Pica, do Rafa, do Léo Madeira, do Dapieve e do Amarante. É todo mundo famoso estava lá e eu também estava. Eu vi Jack White usando malha sem cueca, eu vi a toda charmosinha da Meg sendo a coisinha mais fofa que eu já vi.

White Stripes é a banda. The Rapture foi ótimo. E Super Furry Animals não é nada

Confirmei que nessa cidade quem não tem estilo não é ninguém. Se você não tem roupa, cabelo, maquiagem e cigarros a seu favor pode esquecer os tão sonhados dias de glamour. Caboclos querendo ser ingleses já dizia o perfeitinho.