terça-feira, setembro 30, 2003

Fui no MAM tentar comprar o meu meio ingresso para o Tim Festival, porque eu quero ver o White Stripes e o Rapture. E não há absolutamente nada de errado em ser apressado e tentar comprar um mês antecipado. Claro que isso não partiu de mim porque eu sou lerda e irresponsável e compraria no dia se possível. Mais ele insistiu que já estavam vendendo os ingressos e que devíamos nos apressar.

Na teoria os ingressos estão sendo vendidos no MAM, na Modern Sound e em postos credenciados. Eu comecei pelo MAM e terminei num posto credenciado lá na Cardeal Arco Verde. Terminei chorando, desmaiando de fome e fumando enlouquecidamente. Primeiro porque eu cheguei no MAM e ninguém, NINGUEM sabia informar o local de venda dos ingressos. Não existe posto de venda no local e disseram que tinha que telefonar para Tim para me informar. Então, depois de vagar debaixo de um sol escaldante atrás de orelhões escondidos porque orelhões não são coisas modernas e então eles escondem os pobres orelhões ultrapassados.

- Alô eu queria informações sobre o Tim festival.
- Por favor, aguarde um momento.
Fuma.
- Tim boa tarde?
- Alô eu queria informações sobre o Tim festival.
- Tim festival?
- É
- Por favor, aguarde um momento.
Fuma.
- Tim boa tarde, como posso ajudar?
- É que eu queria informações sobre o Tim festival.
- Tim festival?
- É
- Eu preciso do seu nome completo
- Mas eu só queria saber sobre postos de venda de ingressos.
- Mas eu preciso do seu nome completo
- Mas eu só quero saber aonde diabos eu posso comprar meu ingresso!!
- Por favor, aguarde um momento.
- Porra.
Fuma.
- alô não há nenhum telefone que eu possa lhe fornecer Dona, mais você pode se informar sobre o Tim festival na escola mais próxima da sua casa.
- Hã? Como assim na escola mais próxima da minha casa?
- Sim é só buscar informações na escola mais próxima da sua casa.
- Ok então.


Demos uma pausa nos ingressos para correr atrás do homem que vendia sorvetes e que andava mais rápido do que você fazendo com que você tivesse que correr para poder comprar um mísero sorvete. Com um pastel de queijo e um sorvete de uva na barriga desde a noite passada resolvemos nos dirigir até a Modern Sound em Copacabana.

Ele insistiu que pegássemos um ônibus por que ele tinha certeza que passava bem na Barata Ribeiro, bem em frente a Modern Sound. Nós pegamos. Previsivelmente o ônibus não passava nem perto da Barata Ribeiro. O Ônibus nos deixou em botafogo e com a grana contata, nós andamos. E rapaz como nós andamos. Andamos até a Barata Ribeiro. Andamos tudo.

Chegamos à Modern Sound e eu me esparramei no sofá porque não tinha forças para olhar os cds caros demais e morrer de vontade de leva-los para casa dentro das calças. Ele já estava com o dinheiro na mão, bem na fila, quando o sistema resolveu cair. Eu não entendo o que significa o sistema cair. Parece uma linguagem assim meio Matrix. Mais o sistema caiu e isso significa que você não pode comprar coisas. Você não pode comprar ingressos. E rapaz como eu sofri.

Já estava desnorteada quando ele conseguiu me arrancar do sofá e me fazer andar mais um pouquinho. No caminho a moça da loja, simpatizada com a minha dor resolveu indicar: tem um posto da Cardeal Arco Verde vendendo.
Ele me disse “vai para casa eu compro”
E eu respondi com o meu olhar de Sally field em “Nunca Sem Minha Filha”: “Nunca Sem o Meu Ingresso”. Sabe, já era questão de honra, era o velho safado me sacaneando bem na minha cara e eu não podia deixar isso acontecer.
Então andamos mais um pouquinho para conseguir comprar os ingressos. E agora eles estão aqui na minha carteira. E eu não suporto olhar para eles.

Cheguei em casa com os pés e a cabeça explodindo e praguejando porque eu achei que já tinha tido a minha cota quando fiquei 12 horas na fila do Rock In Rio em 2001. Decidi que NUNCA mais vou ser antecipada na minha vida. O que me consola é saber que pelo menos 1.000 ingressos já foram vendidos e o meu já está aqui.


Mas o ponto alto do dia mesmo foi chegar em casa e quando sair do banho ele virar para mim e me dizer “hey babe o erro foi meu, os ingressos só começam a ser vendidos no MAM dia 23... de outubro”.


segunda-feira, setembro 29, 2003

Sabe de quem eu gosto bastante?
Do lobão. O lobão é um cara que sabe escrever e depois do Cazuza eu queria muito escrever como ele.

Rádio Blá

Ela adora me fazer de otário
Para entre amigas ter o que falar
É a onda da paixão paranóica
Praticando sexo como jogo de azar
Uma noite ela me disse "quero me apaixonar"
Como quem pede desculpas a si mesmo
A paixão não tudo tem nada a ver com a vontade
Quando bate é o alarme de um louco desejo
Não dá para controlar, não dá
Não dá pra planejar
Eu ligo o rádio
E blá, blá, blá, blá, blá, blá
Eu te amo
Sua vida burguesa é um romance
Um roteiro de intrigas
Pra Fellini filmar
Cercada de drogas, de amigos inúteis
Ninguém pensaria que ela quer namorar
Reconheço que ela me deixa inseguro
Sou louco por ela e não sei o que falar
O que eu quero é que ela quebre a minha rotina
Que fique comigo e deseje me amar.

Eu quero uma casa só minha.
Não.
Eu quero uma casa só nossa.
Eu passo muito tempo sozinha comendo sanduíches sem recheios e tomando refrigerante a rodo para cortar o meu apetite.Essa casa não é minha, eu não pago as minhas contas, eu não cuido do jardim e eu só lavo a louça quando ela atinge um estado calamitoso.
Eu quero andar com os vestidos que você gosta, dançando descalça sobre os tacos gastos enquanto o som está no último volume. Eu quero pintar as suas unhas enquanto você dorme pacifico e quero te ouvir reclamar sobre os meus incensos fedorentos. Eu quero um quarto rosa e azul. Eu quero você reclamando das minhas cinzas do cigarro ou das garrafas vazias que eu largo pelo quarto e também da bagunça das roupas espalhadas. Quero os olhos verdes que você tem ao acordar. E não vai me importar se faz frio ou calor, se chove ou se tem um puta sol lá fora. Não me interessa.
E então olhar para a prateleira no quarto, do nosso quarto, e ver a nossa primeira mobília rindo cheia de dentes. Ver o Charles, o Arthur e o Kurt juntinhos bebendo absinto discutindo sobre as coisas daquela casa. A melhor casa. E ver a televisão que já vai estar usada e o beijo que ainda vai parecer o primeiro.

Home is where the heart is.

domingo, setembro 28, 2003

O que ouvir num dia de chuva quando a saudade tá batendo na porta, você não tem sono e o coração pede por algo confortável?
Ben Kweller é a resposta correta senhoras e senhores.



Ontem a minha garota quis malhar enquanto eu ficava sentada no chão fumando cigarros. Ela quis malhar enquanto ouvia Madonna e deus sabe que ela consegue se empolgar muito fazendo isso. Deus sabe também que eu odeio exercícios mais do que qualquer coisa no mundo. Eu bem que tentei praticar esportes quando era mais nova, mais falhei em todos eles. Eu até tinha a competitividade, mais não via o menor objetivo em ficar correndo atrás de uma bola com um sol de 40 graus na cabeça. Eu nunca entendi qual era graça. Todas as vezes que eu entrava num campo era para ficar plantada no centro, junto com as outras criaturas que odiavam usar shorts, sem esboçar nenhum movimento, pensando em como eu gostaria de estar em qualquer lugar do mundo menos ali.

Teve um ano, lá por 1920, quando eu ainda estava na escola e a professora me chamou no canto para dizer que se eu não fizesse nada, seria reprovada, já que eu funcionava como má influencia aos outros alunos que praticavam as atividades. Daí ela me disse: “você precisa escolher, ou você participa das olimpíadas nos jogos ou na marcha de abertura, ou será reprovada instantaneamente, você não pode ficar no banheiro escondida para sempre fumando esses cigarros que ainda vão te matar”.
Olimpíadas na escola. Aquilo era a coisa mais absurda que eu já tinha ouvido. Nós não tínhamos nem 100 alunos, e o pátio do Instituto Isabel era do tamanho da minha casa e era feito de cimento batido, se por um acaso você caísse durante a partida, poderia dar adeus aos seus joelhos lisinhos. Era absurdamente ridículo, mas como a professora não tinha me dado escolha, acabei optando pela marchinha, soava a coisa menos pior a fazer.

Então um dia eu e as outras meninas que odiavam tudo tanto quanto eu, aparecemos para o ensaio dos passos. E todas nós ficamos em fila esperando ela colocar o disco de marchinhas, e quando o vinil começou a tocar eu tive um ataque de riso bem no meio da sala. Aquela era a coisa mais estúpida que eu já tinha ouvido e eu odiava todos aqueles acordes e aqueles barulhos chatos. Aquelas cornetas e aquele bumbo me deram nos nervos. Já era humilhante o suficiente ter que usar aquela saia branca de pregas ridícula tendo as pernas mais finas. Mais ridículo ainda era ficar tentando acertar aquelas viradinhas, e todo aquele esquema de direita-esquerda-direita-esquerda com aquela música de fundo. Afinal eu nasci branca, magrela e totalmente sem ritmo.

Tenho certeza que foi de sacanagem, ela me colocou bem na primeira fila. E eu errava tudo e todo mundo tinha que iniciar de novo porque quando eu virava para a esquerda, a turma inteira virava para a direita, e todo mundo sabe que até hoje eu tenho uma leve dificuldade em encontrar a direita e a esquerda em momentos de pressão. Bem, de alguma forma isso me ajudou porque que ela logo desistiu achando que eu estava fazendo de sacanagem, e eu fiquei tomando conta do disco, colocava-o no ponto, enquanto desfilava lá no fundão, de alguma forma que ficasse escondida dos outros, junto com os retardatários, os gordos e os excluídos. Grandes merdas, era ridículo.

O dia da marcha chegou e todos estavam polvorosos com toda essa coisa de marchar. Eu e a minha garota estávamos ridículas naquela saia estúpida e morrendo de vontade que acabasse logo para irmos embora correndo e nos enfiarmos no cinema e ficarmos assistindo uma sessão atrás de outra de qualquer filme sem parar, porque naquela época ainda existia cinema de rua e os lanterninhas te deixavam ficar lá dentro para sempre se você quisesse. Eu estava muito puta da cara mesmo, e para completar, a minha calcinha era preta e a minha saia era transparente. Além do mais, eu realmente odiava totalmente aquele disco de marchinhas. Odiava tudo, a escola, a professora e a educação física.

Na hora da marcha, fui até a sala de dança pegar o disco e a vitrola, e com ele, eu encontrei o disco Immaculate Collection da Madonna junto e aquilo me deu uma grande idéia.

Quando a turma inteira estava reunida bem no centro do pátio pronta para iniciar os passos, os sapatos já batendo no chão de cimento duro, todos cheios de dentes na boca, a freira surda colocou o disco para tocar na faixa que nós indicamos. De repente, o som que começou a ecoar por todo o local era Into The Groove e como já estávamos enfileirados e a postos não houve jeito e todo mundo começou a marchar ao som de Into The Groove, eu até que fiquei bastante feliz e não errei quase nada. Até que ficou bonitinho.
Quando a marcha acabou eu sai correndo da escola, achando que iria ouvir o maior sermão do mundo e que eles chamariam os meus pais, eles não compareceriam de qualquer forma, mais seria mais uma dor de cabeça. Fiquei no cinema à tarde todinha naquele dia.

No dia seguinte a professora me achou durante o recreio e veio me falar, ela tinha achado genial a minha idéia de modernizar a marcha da escola, tinha adorado e toda a diretoria também. Afinal, eu ganhei o meu primeiro Dez em educação física.





sexta-feira, setembro 26, 2003

Então eles cortaram e entraram com o intervalo bem na hora de so like candy. Ok então.

O entretenimento esta quase morto esses dias.
Vai fazer um ano daqui a pouco em que eu não vou a uma puta festa. Uma puta festa mesmo, com direito a meninos e meninas, muita bebida, muita música e substâncias ilícitas. Uma festa que me dê à preocupação de pensar “que roupa vou usar? Que maquiagem vou colocar?”. Uma festa que eu encontre antigos amores e antigos desafetos. Uma festa em que todas as possibilidades são diferentes. Uma festa onde eu possa acabar no banheiro vomitando ou na cama do dono da casa. Presa no elevador com o cara mais bonito da festa, ou muito sóbria na cozinha comendo salgadinhos já sem os sapatos, em cima da mesa com o meu melhor cara.

Cadê as pessoas que davam festas? Cadê as pessoas que gostavam da noite e dos porres e de botar o som tão alto até que a policia fosse chamada e viesse bater na porta para ganhar umas cervejas só para se fingir de surdo um pouquinho ou que não se importe em deixar o sindico tendo um ataque cardíaco na porta do apartamento?

Eu sei que eu tenho complexo de "200 CIGARETTES" porque é basicamente um dos filmes mais legais que eu já vi. Alem disso, a história da minha vida atual esta exposta naquele filme, é como se os personagens da Lucy (courtney love) e do Kevin (Paul Rudd) estivessem interpretando a nossa história. E todo mundo conhece essa história.
É um filme maravilhoso, tem um ótimo elenco, a melhor festa, uma trilha sonora muito legal, e o Elvis Costello. Pronto esse filme tem tudo.

Mais era só isso mesmo, eu só queria reclamar que já faz quase um ano que eu não vou a uma festa de verdade e queria muito ir a uma. Aceito convites.

Kevin: I think it's time to quit smoking.
Lucy: So then you'll get grumpy and cranky and fat and you'll whine and you'll bitch and you'll lose all your inspiration and you'll blame me?

quinta-feira, setembro 25, 2003

Esses caras do canal Mundo não entendem. Eles não entendem que eu passei o dia todo me sacudindo pela casa cantando: tan tan tan tan tan ELVIS tan tan tan tan tan ELVIS! Enlouquecida doida de vontade de vê-lo Live logo. Mandei milhões de pedidos e roí todas as unhas e agora eles me passam esse documentário sobre o Irã às oito horas. Que inferno! Vou ter que esperar até às 23hs. Meus vizinhos vão enlouquecer.

tan tan tan tan tan ELVIS tan tan tan tan tan ELVIS!

Sparkazul(13:21 PM) :
Seu cabelo tá grande nessa foto...
CANDY-O (13:22 PM) :
Eu quero deixar ficar desse tamanho de novo
Sparkazul(13:22 PM) :
Deixa sim... E pinta de preto...
CANDY-O(13:22 PM) :
É ai pinto de preto
Sparkazul(13:23 PM) :
Pinto de preto? Pau de negro?
CANDY-O(13:23 PM) :
Pinto de preto é claro
Pinto de Martin Luther king!!!!
sparkazul(13:34 PM) :
Pinto de preto não é claro, pinto de preto é escuro!

Ninguém bebe, fuma, trapaceira ou é divorciado. É a aliança mais bizarra que já tivemos contato e talvez seja por isso que ela tenha sido chutada para longe dela tão cedo, por ser tão diferente, chute dado por ela mesma claro. A outra, é uma mulher que merece todos os adornos possíveis já que tudo o que era seu, abandonou sem que nada lhe pedissem, até enfiou-lhe dinheiro nos bolsos quando havia as brigas de socos entre a garota e ele. E cantou blackbird desde que a pequena nasceu e talvez seja por isso que até hoje quando esta se encontra rasgada ao meio sussurra baixinho:

Why you wanna fly Blackbird you ain't ever gonna fly
No place bif enough for holding all the tears you're gonna cry
Cos your mama's name was lonely and your daddy's name was pain
And they call you little sorrow cos you'll never love again

So why you wanna fly Blackbird you ain't ever gonna fly
You ani't got no one to hold you you ain't got no one to care
If you'd only understand dear nobody wants you anywhere
So why you wanna fly Blackbird you ain't ever gonna fly


Hoje o homem da minha vida vai estar no canal MUNDO as 20:00hs. Façam um favor a vocês mesmos, assistam.

terça-feira, setembro 23, 2003

Minha casa inteira esta cheirando a cola de sapateiro... o que os vizinhos vão pensar?

boredom

E uma garota precisa de coisas para fazer senão enlouquece...

De fato nunca havia forçado as situações. Algumas pessoas simplesmente não sabem fazer essas coisas. E aquilo que soou impossível através dos anos tornou-se real com o tempo. A pele que era fina foi se tornando espessa sem que ninguém se desse conta. Ainda não havia glamour nem histórias para contar, o ponto alto do dia, seus melhores momentos ainda eram debaixo do chuveiro quente deixando os pensamentos vagarem. Dessa vez não precisou anota-los rapidamente para que eles não fugissem correndo e se apagassem enquanto perdia a sua oportunidade, enquanto emburrecia. E ainda não havia glamour nem histórias para serem contadas. A credibilidade estava sendo afetada já que antes demorou e veio, mas chegou com defeito. Com muitas dúvidas, nenhuma confiança e foi tudo muito breve. Esperar sem pequenos testes não o deixa preparado, como diabos ficar armado para algo que não se conhece? Não se pode forjar experiência.
Não se deve cair numa provação como essa. Todas as outras se sobrevive, a essa não. Não dá. E porque a pele esfria e esquenta? Curiosidade que precisa ser saciada.

E ele ficar arrumando as coisas sem parar, sem parar e sem parar. Só vai parar quando tiver tudo no lugar. Ele não é como eu, eu gosto de tudo bagunçado, fora do lugar. Não consigo manter a ordem por mais de 10 minutos. Ele me manda organizar as coisas, me manda lavar a faca suja de requeijão largada no mesmo lugar por mais de uma semana.
Acho que você só se dá conta da pobreza que esta vivendo quando começa a reclamar de tudo o que compra exigindo seu dinheiro de volta.
Foi no boteco da esquina, foi com o moço do estúdio, foi com a moça da xerox e até com a empresa de escova de dentes(?) calma, vocês vão entender. Eu sei que eu to vendendo até a minha vozinha para descolar uma ganinha extra.

i tried to get into the show, i searched around for those who'd know, when you're alone isn't it low can no one understand?......at times i wished for a best friend someone to share my secrets end, but when you feel so alien they all seem to pretend...solitare alone my dear, solitare a chosen fair, solitare my solitare.......too many hours in a day, to many moments left to wait, dreaming of things so far away, boredom creates the dreams of fate...

Eu esperei o inverno inteirinho com desejo de comer abacaxi. Eu quase comprei abacaxis no mercado negro de frutas de tanta vontade de comer abacaxi.

Mas logo agora que eu fui à feira estritamente para comprar abacaxis suculentos me nasce o pior tipo de afta na boca. E elas são duas e elas são vermelhas e gigantes. Só o ato de falar dói muito e eu fico salivando porque quero mexer a boca o mínimo possível, as bichas são tão grandes que deixaram o meu queixo dormente.

Eu não deveria comer um abacaxi inteiro nessas condições, mas eu sei que não irei resistir.
Bem, eu realmente não sei o que é pior, comer abacaxi com aftas na boca ou pôr leite de magnésia em cima das aftas depois de comer o abacaxi.

segunda-feira, setembro 22, 2003

O que eu gosto nele é o fato dele ser real.
Ele pode ter mudado muito, crescido e esticado, no entanto ainda mantém um foto dele mesmo na cabeceira da cama de quando tinha uns quatro anos de idade, uma decoração bem típica de mamãe coruja. Isso e a plaqueta com o seu nome lapidado na madeira. Isso e o seu boneco do The Tick. Isso e o meu cata-vento, que ele mereceu depois de ter esperado 200 horas de atraso.
O meu Peter Pan conheceu a Wendy da vida dele.

Eu visito esporadicamente a faculdade Veiga de Almeida na Tijuca. É lá que eu passo poucas das minhas manhãs durante o decorrer da semana.
Para quem não é do Rio, a tijuca é um bairro da zona norte – só para situar, a zona norte corresponde aos bairros que quem não é do Rio nunca ouviu falar - que tem a certeza que, apesar de não ter praias, pessoas bonitas e fotos em cartões postais, faz total parte da zona sul – só para situar de novo, zona sul corresponde ao circuito Ipanema, Leblon, Copacabana, etc.

Baby costuma sempre dizer “Nenhum outro bairro tem variações a partir do nome, não existe Laranjeirano, São Critóvense ou Recreiense, Tijucano existe, sempre existiu”. O tijucano é uma raça à parte na cultura carioca onde a maior frustração é o fato de não ter nada no bairro para ser considerado turístico, além do humilhante fato de estar junto com os outros zona norte. Eu particularmente não tenho absolutamente nada contra a Tijuca. Andei por lá toda a minha vida, estudei, matei muita aula nos shoppings, fui aos cinemas, as pizzarias, e freqüento a feirinha hippie até hoje.

Mas uma coisa não se pode negar, todos os tijucanos são complexados e isso é um fato. Outra coisa típica, que não podemos esquecer é que a tijuca é o bairro que comporta a maior massa roqueira anarquista. Todos que se vestem de preto e curtem o som do capeta comparecem na praça de alimentação do shopping para comer no Mc Donald’s e no Bob’s, e quando eu digo a massa roqueira eu quero dizer a massa roqueira mesmo. Tem de tudo, de teens descobrindo o róque, a tiozinhos que pararam em algum lugar entre os 14 e 15 anos.

De qualquer forma, quando eu caí de pára-quedas numa faculdade clássica da tijuca, já estava preparada psicologicamente para enfrentar todo o tipo de gente que enfrentei a vida toda. Patricinhas, roqueiros, nerds, normais, legais, chatos. Gente. Estava preparada para encontrar pessoas, humanos, bípedes, enfim, a grande massa eclética que os tijucanos são compostos. E foi tudo o que eu não encontrei por lá. O meu saco já esta desse tamanhinho de paciência. Até vou fazer uso da gíria tipicamente tijucana que eu mais odeio, “ninguém merece” Mesmo.

A minha sala, a turma do meu curso na minha faculdade, simplesmente não existe. São pessoas absurdamente esquisitas que merecem até um post gigante sobre isso para que eu possa mostrar a aqueles que me lêem que existem coisas horrendas na vida dos outros.

A começar pelas meninas, o lado feminino do curso faz parte das que levantam a seguinte bandeira e motivação vital :“virgens com orgulho, mulheres de um só homem”. Já os rapazes fazem parte dos “amar a academia a cima de todas as coisas”. Se eu for contar todas as torturas mentais que eu fui praticamente obrigada a passar, eu escreveria até amanhã.

Por exemplo, tem um individuo na minha sala, com complexo de mau mau, cabelo de mau mau e corpinho de Robbie Williams, que não pode olhar para a minha cara que precisa soltar uma pérola, precisa por necessidade quase que compulsiva se sentir odiado, por que eu tenho certeza que ninguém mais fala essas coisas de graça. Basta que eu acenda um cigarro e ele me diz “você usa drogas não usa? Você tem cara de quem usa”.Ou basta que eu venha de all star para ele dizer “e ai? Porque você não faz moda? Você tem muito mais cara de moda” ou que eu abra um livro e “você é a garota mais culta que eu já vi, você é muito intelectual garota”. E não é só ele que pensa assim, são todos iguais, ele só verbaliza o que os outros pensam.

Se essas coisas fossem piadinhas, recursos para quebrar o gelo, eu normalmente riria o meu sorriso amarelo e partiria silenciosamente. Provavelmente eu devo ter feito isso na primeira vez que eu ouvi os brilhantes comentários. O tempo passou e eu finalmente me dei conta de que de fato aquilo era uma pergunta séria, e que eles esperavam uma resposta, eles esperavam que eu me sentasse com eles e contasse sobre a minha vida "diferente", diferente porque eu era uma fumante, que ouvia róque, tinha uma banda e não tinha meu par de calças "sou gostosa". Pronto, a possibilidade de “eles estão brincando” havia acabado e o inferno estava só começando.

Dia desses, outra coleguinha disse “Porque você fica na sala perdendo o seu tempo lendo? Tem tantos gatinhos lá fora”. Não me contendo em mim eu respondi: “sou lésbica entende?”. Ela não acreditou obviamente, afinal, ela sabe que lésbicas não são garotas normais, lésbicas usam camisas de flanela, dirigem caminhões, falam grosso e não raspam o sovaco.

É surreal mais é verdade. Ano passado, quando eu estava lendo o livro do Kurt Cobain, fui abordada e pude ouvir o vomito de um cérebro sobre mim.
“Que livro é esse?”.
Mostrei a capa com a esperança de que reconhecessem a foto. Nada.
“É o Kurt Cobain, história dele, cantor do Nirvana”.
Nada.
“Aquele cara que se matou? Que deu um tiro na cabeça? Que escreveu Smells Like Teen Spirit?”.
“Não sei quem é não”

Ok. Isso nem é tão grave assim. A pessoa não é obrigada saber quem é o cantor de uma banda de rock de Seatle, mas puxa, a minha mãe sabe quem é o cara que se matou dando o tiro na cabeça. Não soa absurdo alguém da minha idade ser tão por fora assim e nunca ter ouvido falar? Alguém ai já foi em cidade de praia no fim de carnaval? Sempre tem aqueles trios que no último dia do carnaval resolve tocar Smells Like Teen Spirit, e todos aqueles paraíbas bêbados ficam se sacudindo e cantando certinho.

E teve também aquela história da garota que deu uns beijinhos (claro que deu só beijinhos, trepar só depois de casar) no namorado da outra e ele obviamente saiu espalhando que foi tudo culpa da garota, claro, sempre é culpa da garota, e a garota em questão foi na frente da turma pedir desculpas a turma. DESCULPAS A TURMA??? É, desculpas por ter pego o namorado da outra, por ter sido burra e acreditado nas cafajestices (termo verdadeiramente usado) do outro. Eu estava sentada lá no fundão, rindo histéricamente e chocada, adorando o circo de anormalidades.

Mas é complicado ouvir esse tipo de coisa dia após dia. E ainda saírem espalhando que eu sou maluca por ai. Ficam dizendo que eu vomito no banheiro e que sou perturbada, entre outras coisas absurdas. É feio. Eu sou tímida e quero preservar a minha sanidade, é só isso. Difícil compreender a mensagem "eu não quero sociabilizar com ninguém?". Claro que eu não me importo o suficiente para guardar essas coisas, mais só de pensar que eu vou ter que passar os meus próximos dois anos com essa turma me dá calafrios. Porque não poderia ser transferido para a minha sala um roqueiro tijucano típico? Eu ia gostar tanto.

A banda foi para o estúdio ensaiar, dessa vez não teve tropeções mirabolantes, baixos sendo atirados pela janela, nem nada . Tentamos gravar alguma coisa decente já que a acústica da garagem que tocamos é a pior do mundo. O nome do estúdio eu não sei qual é, mais ele se localiza na Muda (seja lá onde diabos a Muda seja localizada), na rua Espírito Santo Cardoso. O lema do local é amadorismo. Destruíram o nosso som.
Pergunto se os desafinados backing vocals já sentiram tamanha vergonha na vida.
Como diria uma música própria da gente “to only make me cry...” é a vontade que eu tenho agora.

sábado, setembro 20, 2003

Eu sempre me considerei uma pessoa de boa educação. Meus pais me ensinaram direitinho como me portar na frente de idosos, tios e estranhos. Relapsos, ditadores, cruéis e míseros, meus pais podem ser tudo isso sim, mas bem educados eles são.

quinta-feira, setembro 18, 2003

A história da ex-red head walking e da tinta do demônio

Esse será o meu último post antes de ir processar o instituto de beleza L’oreal e ficar milionária.

Ontem fui toda saltitante as Lojas Americanas comprar a minha tinta de cabelo, o meu vermelho-muito-intenso-quase-uma-tocha-humana. Eu pinto o cabelo de vermelho porque vermelho simplesmente é a minha cor e pronto. Calcinhas vermelhas, sutiãs vermelhos, esmaltes vermelhos, guitarra vermelha, roupa vermelha e obviamente cabelos vermelhos fazem parte de mim. Eu adoro vermelho.

Chegando lá eu vi essa nova tinta super mega disputada da L’oreal que fazia milagres com a tonalidade do seu cabelo os deixando lindos, macios, brilhantes e MUITO vermelho obviamente. Então eu comprei. Troquei a velha tinta de antes pela nova tinta mega disputada da L’oreal.
Eu cheguei em casa e pintei o cabelo. E esperei. E esperei. E esperei.
Fiz tudo o que a cartilha mandava e quando finalmente pude tirar a toalha da cabeça vi a grande merda que estava. Meu cabelo está cor de cocô. Cor de merda. Cor de burro quando foge. Comecei a chorar instantaneamente (porque eu sou mulherzinha e posso ter ataque de hormônios de vez em quando) e telefonei para ele :
- Es-tra-ga-ram o meu ca-be-lo... – tentei dizer entre soluços.
Ele tentou acalmar e disse que não tinha estragado nada. Que eu era chata e que era para deixar de ser fresca.
- Es-tra-ga-ram o meu ca-be-lo... – fiquei repetindo durante uns quinze minutos enquanto ele tentava me consolar.

Estou deprimidíssima. Quase peguei a tesoura e cortei tudinho. Ah vocês nem devem imaginar o que isso pode causar na vida de uma garota.
Agora dá licença que eu vou procurar o telefone da L’oreal e falar muito no ouvido da atendente até eles me darem um horário no salão mais caro da cidade e depois eu vou chorar de raiva na cama porque é um lugar quente.

p.s: Será que tem a ver o número da tinta ser o 666? Número da besta? Será que fui punida pelos céus ao tentar atingir o mais limpido vermelho?

Passo a assinar a partir de hoje : Shit Hair Walking

Modern Lovers
Desculpa mais eu vou ali dançar e beber até cair

Hoje em dia todo mundo é fã do Bukowski. Todo mundo leu tudo, todo mundo SEMPRE gostou de tudo e todo mundo o acha o mais foda de todos. Ele e o Fante e o Kerouac e por ai vai. Quer dizer, todo mundo da comunidade internerd. Claro, a minha amiga da faculdade que gosta do Mau Mau da "Malhação" mal sabe pronunciar o nome dele.

Nem é todo mundo da comunidade, estou sendo apocalíptica novamente, digamos que quase todos os seres possuidores-de-blogues-que-frequentam-casas-noturnas-“alternativas”-e-possuem-tatuagens-piercings-cabelos-iguais-sendo-donos-de-fotologs, conhecem o Bukowski e são fãs fervorosos dele - desde sempre é claro. Chega quase a ser como uma provação para entrar no grupo. “Qual o seu escritor preferido?”, o cara da banca pergunta. “Bukowski, senhor”, você responde. “Ok, resposta correta”. Pronto, você esta aceito. Eu nem me lembro quando essa febre começou, mas começou de alguma forma e os fãs da geração beat foram se proliferando e proliferando.

Eu nunca tinha lido Bukowski até dois anos atrás, mas esse amigo meu tinha um livro e eu peguei por curiosidade. Não gostei do primeiro nem do segundo que li. Era forçado. Bukowski soava muito forçado na minha opinião, e eu não gostava de coisas forçadas. Mas eu não tinha lido nenhum romance até agora, só contos e contos podem ser forçados e na maioria das vezes o são. Eu não havia gostado de Bukowski mais continuava lendo, como se ele me dissesse “Um dia você terá que me enfrentar”, e ele era uma presença exageradamente perturbadora.

Sua voz finalmente cessou de sussurrar nos meus ouvidos quando seus livros começaram a se atirar no meu caminho. Um a um. Eu nunca entrei em livrarias procurando por livros, eles sempre procuraram por mim. Eu nunca li um autor porque todos diziam que eram clássicos. Os autores falavam comigo dentro das livrarias e eu tirava as minhas próprias impressões, é como estar numa feira, cada um grita seu peixe, seu preço, e suas frutas e é você quem escolhe qual barraca ir. Foi assim com Rimbaud e Wilde. Foi assim com o Baudelaire e Hemingway. E então Bukowski começou a fazer a mesma coisa, me largando assim sem mais, como bomba, "A Mulher mais linda da cidade", e eu li, li com assustadora atenção. Então "Hollywood", meu primeiro romance surgiu, e eu li muito minuciosamente cada linha. Tinha alguma coisa ali eu estava entendendo.

Agora me chega o "Misto Quente". Assim sem aviso. Ele só entrou pela porta da frente, se meteu na minha vida e me obrigou a entender. É eu entendo. Usar botas gastas, ter raiva e ser invisível. É, Henry, eu entendo. E a minha vida nunca mais vai ser a mesma graças a você.

Então me deu vontade imensa de ficar ouvindo o senhor McManus cantar e ver o tempo correr bem devagar. Não há nada para se fazer hoje, só as mesmas coisas de sempre, e com sorte uma cerveja vai fechar o dia.

A noite nem foi tão bem dormida assim no quesito sono e conforto. Acordei muito, o frio estava de rachar, o colchão é duro e eu sou fresca. Eu gosto de cama mole, bem mole, quem já se sentou na minha cama sabe que eu tenho uma daquelas que você quase senta no chão de tão mole que é. No entanto, quando o assunto é sono X conforto, o sono sempre vence me deixando em situações ridículas. Já dormi de pé, sentada, de lado e no meio do rock in rio durante o show do guns’n’roses, não me testem, sou capaz de vencer qualquer desafio. Dormir é bom. Eu gosto de dormir e quem me conhece entende disso.

Houve anos da minha vida que ter as oito horas básicas diárias de sono pareciam absurdamente impossíveis para mim. Eu já tinha tentado de tudo e nada fazia efeito. Da medicina à crença popular e não necessariamente nessa ordem: Banho morno, copo de leite, cachaça com mel, valium (uns) e erva. Nada funcionava mesmo. Eu não dormia. Ou dormia por 2 horas e vagava o resto da madrugada. No fundo era uma insônia voluntária, eu não queria dormir, só que era horrível ver todos dormindo pacificamente e você perambulando, sem ter com quem conversar ou vendo demônios (porque eu os vejo!) sozinha. Mas, o que fazer? Eu não tinha nenhuma regra, nada para fazer e muito tempo para gastar e isso era uma péssima combinação para uma garotinha.

Mais agora é bom dormir. Fiquei farta de esfregar os olhos vermelhos e sentir a boca seca. Hoje em dia eu durmo muito bem, é só me observar, não me importa condições, local ou situações. Num show de heavy metal ou sobre fogo cruzado. Eu durmo. Não acho que dormir seja perda de tempo, perda de tempo para o que? Para quem? Dormir é bom e a minha mente aprendeu a se livrar da dona consciência faz tempo. Eu não tenho mais uma, ela se foi, ela cansou de bater na mesma tecla. E agora é quase como se eu dormisse o sono dos justos, sem ser justa ou sem ser sono, porque o que eu tenho não é sono, é desmaio, é viagem e é morfina. Um pequeno beijo e pronto. Nos braços dos anjos como uma bela bailarina. E eu durmo como um passarinho se é que passarinhos dormem muito. É quente e é abraço. É baby curando o meu mal de cansaço. E não me importa o torcicolo, agora quem é voluntário é ele, para te olhar a noite toda, é válido. É válido!

terça-feira, setembro 16, 2003

Acho que tem um lado meu que nunca vai crescer. Até hoje me aprisionam coisas comuns à infância. Funciona como se esse tal lado meu tivesse encontrado Peter Pan numa dessas noites e fugido com ele e não queira retornar de jeito nenhum. Não me admira que eu seja obcecada por um poeta-criança, totalmente moço de modos acriançados, e que eu vibre com a antecipação etária de artistas musicais, amando todos os gênios precoces com cheiro de infância. Ah, e obviamente sou totalmente apaixonada pelo Peter Pan em si, o meu eterno Peter Punk.

Por outro lado, me surpreende eu antipatizar tanto com crianças. Detesto aqueles pequenos monstrinhos de nariz escorrendo que são chatos e encaram os outros com aquele ar de "eu conheço o segredo do mundo", e seus olhinhos brilhantes e a ingênuidade cruel deles, tudo me causa engulhos. Além disso, estão sempre fazendo aquelas caras de abobalhados. Talvez eu não os odeie se um dia eles forem meus bebês, mais não acredito na possibilidade de querer assumir a maternidade durante um longooooooo tempo.

Tenho certeza, que se um dia chegar a velhice para mim, o que ainda não me preocupa, pois sou jovem demais para ficar velha, serei a típica velha que range os dentes, pinta as sobrancelhas de vermelho, tem os dentes manchados de batom e morre de inveja das mocinhas e seus primeiros sutiãs.

Bebês recém nascidos só enxergam cinza e preto e se deliciam com isso. É tudo tão divertido e fresco para eles.
Adultos enxergam colorido e ao mesmo tempo tudo vai se tornando embaçado e turvo com o tempo.

Eu ainda não enxergo nada turvo, não enxergo o cinza tão pouco. Esta tudo colorido antes que fique completamente embaçado. Até lá, pretendo continuar sonhando que sou a prima bailarina, morrer de rir, ficando nervosa a ponto de comer as unhas, com mágicas bobocas, morrer de medo de acender interruptores de luz no escuro, prendendo a porta do meu quarto com o meu all star de cano alto, tento um pote com água, sabão e canudinho sempre a meu alcance, me escondendo para dar sustos atrás de paredes que jamais conseguiriam me esconder e por ai vai.

Mas eu odeio palhaços. Sempre odiei palhaços, apesar de ter a alma de um.


Momento roque do dia:
Garoto, seis anos de idade, pernas compridas demais para o tronco curto ainda, cabelo liso embaralhado, vem chutando obstinadamente pedras pelo chão. Ele era um tremendo chutador de pedras porque não perdia nenhuma de seu domínio enquanto as chutava para longe. Ele olha para mim e diz para o amiguinho atirando com a maior certeza do mundo “olha, quero um cabelo que nem o dela”. Eu olho para a camisa da escola e está bordado na frente: Ramone. Fui abençoada pela reencarnação de Joey Ramone.

segunda-feira, setembro 15, 2003

Meu blog anterior estava indo bem, mas acabou-se porque eu tinha entrado numa paranóia tremenda das pessoas que me liam. Ficava imaginando todo mundo me julgando e tirando suas próprias conclusões sobre quem eu era, da onde eu vinha e para onde eu ia.

Meu blog anterior acabou porque eu estava simplesmente cansada dessas pessoas styles que se auto-intitulam e não perdem a oportunidade de fazer auto-propaganda e vivem no piloto AUTO-mático.

Meu blog anterior acabou porque eu era uma louca até uns meses atrás e nada dessa maluquice faz sentido nenhum agora. Para mim agora acabou a fase de correr em círculos e perseguir rastros. Eu agora sinto sentimentos reais, grandes e verdadeiros.

Meu blog anterior acabou porque eu iniciei coisas novas e lindas na minha vida.

Meu blog anterior acabou porque eu tenho que me manter sã porque agora eu finalmente tenho motivo para isso e tenho que mandar os demônios e os pombos me deixarem em paz e irem procurar outro canto.

Meu blog anterior acabou e isso não interessava a nenhum de vocês.

Esse talvez seja um novo blog, mas eu simplesmente não posso garantir nada.

Se eu pudesse descrever os meu dias eu diria :

"Imagine isso: você finalmente encontrou alguém do sexo oposto com quem pode escrever junto.
Nunca havia acontecido antes em sua vida.
E você esta apaixonada, tem um melhor amigo, um parceiro de corpo e alma.
E como bônus, ele é lindo.
E é rico.
E ele completa suas frases.
E ele é preguiçoso, mas não fica encabulado ao falar de Jesus ou rezar.
E você acha que dá para conserta-lo.
É a única felicidade que jamais tive."

Crise. Meu fígado esta em crise, meu pc esta em crise, minha pele esta em crise.
Eu. Eu não estou em crise. Eu estou mais feliz, saltitante e abobadinha do que já estive na vida. Oh dear.
Estou passando mal. E daí? Eu penso.
Estou perdendo o controle. E daí? Eu penso.
Estou mais feia do que o habitual. E daí? Eu penso.
Vou me fuder. Eu resolvo. Eu penso.
É isso.
Uma boa fase para mim e um chute no saco de invejosos.
Eu até fiquei feliz quando o sol tava quente e queimou o meu não-bronzeado.
Todo mundo deveria se sentir assim de vez em quando. Talvez uma dose de vez em quando acabasse com os recalcados de plantão. Os tolos de plantão, os babacas de plantão, etc, etc e tal.
O meu pedal esta funcionando. O boss. Lindo.
Tiraram minha foto para uma revista da faculdade. Lindo e irônico.
O blogger não esta funcionando. No cú.
Eu preciso alimentar as rolinhas, e o macaco, e o papagaio e o gato. O cachorro foi passear. Preciso tomar banho e me arrumar. Ah mais essa preguiça me impede. Preciso preparar o almoço para o meu maridinho de fim de semana, porque eu sou uma mulherzinha e eu gosto.
Somos cretinos. Isso é bom.
“Não, ninguém nesse carro é burguês”.
Todos nesse carro são burgueses, eu não sou é indie, deus me livre e guarde de ser indie. Eu prefiro ser metaleiro a indie.
E eu gosto de coisas patéticas na maioria das vezes sabe?

Tenho a sensação de que finalmente atingi o nirvana.

Não me transformei no kurt cobain, nem no quesito talento nem no quesito “pessoa deprimida” nem em nada relacionado à banda nirvana.
Estou me referindo ao nirvana budista, se nirvana é uma palavra budista, o nirvana equilíbrio, paz e serenidade.

Tive duas oportunidades de plantar de discórdia essa semana, mas não me interessei. Calei a boca e fingi que não vi.
Tive oportunidade de discutir com o chato de marca maior e passei a vez...

Isso não é incrível?

p.s: Sidarta do Hermann Hesse é muito chato.