segunda-feira, junho 28, 2004

Esse blog está morto eu acho. R.I.P. Rest in peace. Me in pieces.

domingo, junho 27, 2004

Então vamos fingir que eu sei que pixar é na verdade com ch ao invés de x... mas convenhamos pichar com ch é muito feio. Muito muito muito feio. Pretendo continuar escrevendo com x, e tenho dito.

quarta-feira, junho 23, 2004

Desculpem a blasfêmia, mas preciso ir até o centro da cidade pixar as seguintes frases:

JESUS AMA AS MULHERES.
JESUS É O SONHO DE QUALQUER MULHER.
DEUS É DEZ, JESUS É FODA.

É piada interna, não adianta tentar entender.

terça-feira, junho 22, 2004

Acho que estou ficando velha mesmo. Míseras 24 horas sem dormir e cá estou eu caindo pelas tabelas.

Reasons to be beautiful


Acho que sempre tive esse instinto de “nadar para cima”. Mesmo quando afundando no esgoto com botas de cimento nos pés eu tinha essa coisa de me safar, de me virar, mesmo sem a ajuda de ninguém. É instinto de gato, de cair, cair do alto, mas cair de pé. De fênix, de queimar, de virar pó e voltar novinha em folha. No meu caso a dor funcionou quase como um casulo. E depois que eu cai uma vez tive mais 6 vidas para gastar. Agora tô colhendo os frutos. Quero uma figa e um dente de alho para espantar o azar. Rá. Nunca achei que fosse dizer isso.

domingo, junho 20, 2004

O blog tá feio de novo, não adianta, eu e esses layouts brigamos como loucos. Outro dia eu arrumo, não quero saber de HTML agora.

Send in the clowns.


Eu tinha achado o outro show surreal? Rá. Que tolinha.
Sábado, antes de conseguir abrir os olhos, o telefone tocou e o convite surgiu para taparmos buraco de uma outra banda que furou lá no Espaço Cultural da Constituição, no centro da cidade. Nossa, o Espaço da Constituição! Pensei comigo, claro, óbvio, eu quero, sim, por favor. O último show que eu tinha ido ali tinha sido ótimo sonoramente, muito bom, foda, palcão, backstage. UAU.

E lá fomos nós, a banda pobre, chegando de ônibus, os instrumentos nas costas, a mochila de canguru, a bateria no saco de lixo.

E não fizemos passagem de som nem nada. Não precisamos, ganhamos o show de presente, se pudéssemos tocar por cinco minutos sairíamos feliz. O espírito Ramones sempre nos guia por shows nublados.

Mas preciso confessar que comecei a ficar preocupada quando os amplificadores e microfones da casa começaram a, de repente e literalmente, explodir. Sem danos irreversíveis. Enquanto no mundo existir um amplificador para duas guitarras, um amplificador para baixo, um microfone e uma bateria, a gente se vira. Minimalismo. Grandioso. A gente se molda. Nos adaptamos. Não com a perfeição ou do jeito que gostaríamos de soar, mas vamos até o fim, com certeza. Confesso que lá pelo meio do show eu queimava tão forte por conta da raiva que eu sentia por me ouvir daquele jeito péssimo que minha cara de vaca do inferno estava intensificada e ampliada. A platéia deve ter sentido medo ou coisa assim.

Mas a soma foi boa em geral. É só nos convidar. Fazemos a festa e ainda distribuímos foras engraçadinhos a pessoas imbecis na platéia. Amo os palhaços. Amo mesmo. Send in the clowns. Don't bother they're here...

quinta-feira, junho 17, 2004

Como alguém pode ser tão demente, porra-louca, inconseqüente e ainda amar?


Ontem fui ao cinema assistir “Cazuza – O tempo não pára”, estava tentando assistir desde que estreou, mas só consegui ontem na penúltima sessão. Fico feliz que o filme esteja sendo tão visto. Aquele garoto está realmente sensacional, principalmente doente, tomara que no futuro não se transforme numa coisa plastificada global. Tomara.

Mas o filme, hum, o filme. Sai do cinema com vontade de ter um bis. Um Cazuza II. Quero mais, muito mais. Uma série semanal com toda a vida dele, vida que foi curta, mas muito enorme para ser contada em alguns poucos minutos.

Achei engraçado porque eu não sou nada chorona, muito pelo contrario. Acho que o último filme que chorei foi com o Picolino, mas convenhamos, ver a Ginger Rogers e o Fred Astaire e não chorar é ser muito insensível. Até quando assisti àquele filme do Mel Gibson “Paixão de Cristo”, em plena sexta-feira da paixão, não me deu vontade de chorar nem por um minuto. Achei bonito e yadda yadda, mas enquanto as pessoas nas outras fileiras se desmantelavam, eu olhava para os lados e me sentia mal por não sentir nada.

Ontem não, tocava uma música do Cazuza e lá se iam todos os pelinhos do meu braço se arrepiar e minhas orelhas a trepidar.

Sou apaixonada pela história-música-trajetoria-poesia tudo do Cazuza. Sei de cor todas as poesias não musicadas disponíveis no site, e de coração as musicadas. Adoro tanto, tanto que consigo até mesmo suportar aquelas canções péssimas com os PIORES arranjos já compostos ever! Anos 80 né cara? Dá um alivio. Eu só o escuto, absorvo e bloqueio o resto.

O Cazuza é o maior culpado por nunca tentar nem querer escrever em português. Pois, se alguém como ele já escreveu coisas como as dele, como diabos eu poderia então fazer coisas tão feias, clichês e bregas? Não rola, não dá.

Umas das (inúmeras) minhas letras favoritas e invejadas:

Tudo azul
Completamente blue
Vou sorrindo, vou vivendo
Logo mais, vou no cinema
No escuro, eu choro
E adoro a cena

Sou feliz em Ipanema
Encho a cara no Leblon
Tento ver na tua cara linda
O lado bom

Como é triste a tua beleza
Que é beleza em mim também
Vem do teu sol que é noturno
Não machuca e nem faz bem

Você chega e sai e some
E eu te amo assim tão só
Tão somente o teu segredo
E mais uns cem, mais uns cem

Tudo azul, tudo azul
Completamente blue
Tudo azul

Como é estranha a natureza
Morta dos que não têm dor
Como é estéril a natureza
De quem vive sem amor, sem amor

Mas tudo azul, tudo azul, tudo azul
Completamente blue
Tudo azul

segunda-feira, junho 14, 2004

Tá, agora já enfiei a cabeça de baixo da água fria da pia e fumei todos os meus cigarros, ainda não melhorou, sério.

Cinza, frio e absolutamente sem graça.

Amanhã tenho a última prova de neurologia na faculdade. Neurologia, puta merda, onde eu estava com a cabeça quando entrei nessa faculdade? Não sei mesmo. Não sei onde está a minha cabeça ainda agora. Me formo no fim do ano que vem, isso se eu resistir até lá, e está tão difícil. Tão complicado. Não tenho mais saco nenhum, tô morrendo, sério, sem drama queen nem nada.

Hoje de tarde me peguei fazendo planos bem Holden Caulfieldianos, quero uma cabana no meio de uma floresta, trabalhar em posto de gasolina e fingir ser surda-muda pra ninguém mais de fora do meu mundo falar comigo.

Taquicardia, músculos em colapsos, tontura e cabeça vazia, olha, eu nem parei com as babás da alegria.

Dá licença que eu vou ali gritar e sofrer um colapso nervoso e já volto.

domingo, junho 13, 2004

Motoristas assassinos, táxis perdidos e show do “Sexy Nut”.

Surreal? Não, surreal não seria o suficiente para descrever todo o feriado que passou. Primeiro que pela segunda vez num feriado o ônibus que me encontro resolve voar pela tangente e ir parar no canteiro aparando as árvores. Incrível, tenho a sensação que eu ainda vou morrer ou aprender a voar dentro de um 634, sério.

Depois teve o taxista louco que eu, João e Tatiana tivemos que caçar para buscar os instrumentos e carregar todos nas costas porque os roadies nos abandonaram. Vida de banda pobre é foda. Chegar atrasada porque ninguém tinha a menor noção de como chegar no Eng. de Dentro e testar milhões de caminhos até achar o maldito “buraco do padre”. Chegar no recinto e perceber que todo mundo levava consigo suas cases bonitas e forradas e de couro. A nossa case? Um saco de lixo preto. Onde o pedal da bateria estava guardado? Dentro da minha mochila verde e desbotada.

O Cactus Cream abriu a noite, e foi à banda mais foda da noite de longe também. Tenho vontade de ir a todos os shows deles só para saber qual a próxima peripécia que Paulinho irá aprontar. Eu adoro as canções, adoro tudo. Pago pau mesmo. Adoro mesmo que eles fodam com as minhas aurículas auditivas.

Depois de duas doses de whiskey e alguns pouquíssimos cigarros eu estava pronta, a banda estava pronta, o público estava pronto. Pronto pra quê? Ninguém tinha a menor idéia. Plugamos os instrumentos da maneira mais Ramones possível, tocamos olhando para os nossos sapatos porque é assim que sabemos tocar.

O público foi mais foda que dia dos pais em escola primária. Amei, abracei todo mundo. Não somos mais virgens e nem doeu! Foi ótimo pelo contrario. Quero outro e outro e outro.
Não tínhamos retorno, não ouvíamos a bateria e nem sabia como estávamos tocando, em que afinação nem nada, mas fizemos o melhor que pudemos.

E quanto ao meu dia dos namorados? Perfeição diz alguma coisa a você? Pois a mim sim. Mas nada plastificado e comercial. Nada de enfrentar lugares cheios e ganhar ursinhos de pelúcia ou discos e livros que não significam nada. Nada de ficar com gente que não gosta de verdade e se entrega de verdade só para dizer que tem alguém. Nada disso, bem longe disso. A coisa aqui é muito maior do que se pode imaginar. É perfeição. Rá. É a perfeição.

quarta-feira, junho 09, 2004

Eu tinha jurado que não ia fazer um post bobão e infantil, mas não consigo. Acabo de assistir “Peter Pan, de volta a terra do nunca”. Caramba, eu fico até com vergonha de dizer o quanto eu gosto de Peter Pan e qualquer história que ele apareça.

Não sou uma pessoa exatamente saudosista. Não tenho saudade da aurora de minha vida ou coisa do tipo. Não fico pensando na infância e sonhando em como eu era feliz ali e como crescer foi duro. Não tenho memórias maravilhosas com os meus avós, meus tios e meus primos num jardim ensolarado chupando manga. Não fico sonhando em ser inocente de novo porque tenho a sensação de que nunca fui um dia algo que não sou agora.

Eu reviro bolsos, memória do telefone, vasculho carteiras e dou escândalo.
Eu entro no bar, belisco, dou chutes, choro e quebro garrafas pra ameaçar.
Reviro roupas, faço pirraça, arranho os discos e rasgo páginas de livros.
Ele me olha calmo e me pede pra explicar e para parar antes de me machucar.
Quanto mais tempo passa mais sufocante eu me transformo, mais tentáculos eu lanço. E lanço e laço.
Meu ciúme não é nada generoso. Nadinha. Nadinha.

I love rock and roll


Os dias tem andado tão corridos que eu mal consigo parar para respirar. Esse feriado promete e logo amanhã cedo vou me meter num estúdio para pela terceira vez em um ano ouvir como banda vem soando. Eu espero que bem.

Depois tem o bar da mãe da Gabriela, que nos acolhe tão bem. Finalmente os bêbados locais vão conhecer a banda que os embala todos os dias durante a bebedeira. Nunca fui tão pop.

Para os amigos que ainda não compraram o ingresso ainda dá tempo, têm e-mail no site da banda, icq e tudo mais(aqui, lembra?). Vai ser uma puta noite.

Eu deveria estar ansiosa, mas nem tô. Logo eu, a rainha ansiedade incrível. Mas não. O sangue tá fervendo nas veias e a vontade também, mas tá normal.

Tem uma cover bem legalzinha e popzinha pra vocês. Quem viver, verá.

segunda-feira, junho 07, 2004

Hoje saio da personalidade jovem-camponesa-de-nobre-coração-que-
vai-todos-os-dias-ao-bosque-colher-lenha e me transformo na perfeita bitch-from-hell.

Da série: sou uma pessoa idiota que pensa coisas estúpidas quando deixo a mente vagar


Se existe o Ying e o Yang, o bem e o mal, Brian May e Keith Richards, deve muito provavelmente existir um paraíso astral para duelar com o inferno.


quarta-feira, junho 02, 2004

O João está nesse exato minuto falando com um amigo de escola vendendo ingressos para o show da nossa banda dia 12.06. Eu também venderia ingressos para amigos da escola se eles não ligassem para a minha casa e ficassem batendo punheta para eu ouvir.

Também tem Sweet Nuthin e sua demo demoníaca do inferno AQUI.

Passei o dia de ontem e uma parte do dia de hoje limpando guitarras, comprando peças, encordamentos novos e consertando pequenas imperfeições. Tirei a poeira, dei aquela lustrada e lutei contra manchas de oxidação nos parafusos de uma guitarra que nem é a minha, é do meu roadie, apelidada por mim desde o nascimento de "purple and perfect".

Cliquei na minha pasta de MP3, que comporta mais de 4 mil músicas - e isso porque tive que deletar muitas e muitas ou meu computador explodiria - e mandei que tocassem todas elas, no shuffle.

Passei o dia fazendo o que eu mais gosto de fazer no mundo, sentada no chão de pijama, um cigarro queimando no cinzeiro, ouvindo e tocando e tendo o babe por perto, por muito perto digitando. Coisas pequenas assim me fazem muito feliz ultimamente.

Não sou uma guitarrista virtuosa ou uma critica de música que saca muito. Longe disso. Sou muito desligada para ser qualquer uma das duas coisas, mas enquanto morar num país livre e com vizinhos tolerantes espero passar muitas tardes e noites e madrugadas no chão do meu quarto plugada no meu sonzinho Sony - é, o meu amplificador está longe de casa, lá na garagem, e o jeito é tocar com a guitarra plugada no som.

Fui uma criança completamente hiperativa e disléxica. Roubar a minha atenção por cinco minutos era praticamente impossível e esperar que eu ouvisse o que me dissessem era então muito improvável. Tocar, fazer música, me deixou muito mais concentrada, ligada, dedicada, aplicada. A música me salvou de um desastre ambulante. Minhas letras, por mais bobas e ruins e idiotas que fossem, eram páginas arrancadas do meu diário pessoal, era catarse, e eu me sentia bem depois que eu as paria, depois que elas engatinhavam e dançavam para mim.

Eu gosto mesmo muito de música e principalmente de tocar. Sem música minha vida seria quase que completamente vazia, porque tudo o que eu faço esta relacionada a ela, tudo que eu gosto está intimamente conectado com ela. Tudo essa safada que eu só fui descobrir mesmo na pré-adolescencia. Essa safada que mexia com a minha cabeça, me dizia como me vestir e até como me portar.

Quando eu apagava as luzes era sempre ela quem ficava comigo a sussurrar.Foi ela quem me salvou da loucura, do tédio. Sem exagero.

E como dizia Jim Morison: When the music is over turn out the lights.