sábado, fevereiro 28, 2004

Sou uma babaca que adora ganhar presentes.
Minha lixeira cor de rosa nova e minha "punheteira" Avril Lavigne nova.
Yupi.
=°.°=

Ok. Acho que cheguei. Acho que tem uma cama em algum lugar por aqui. Cama. Cama. Cama.

Ah. Agora sim. Eu ali na cama quietinha, esperando o corpo parar de doer. Se não consigo parar nem por um minuto não gostando de carnaval, imagina se eu gostasse.

Dor de garganta. A garganta secando esperando por beijos. Não, hoje não tem. Só cama e sono. Nada de luxúria hoje. Só cama e sono. Vou tirar a colcha vermelha e guardar no armário para quando você voltar.

Rodamos e rodamos e rodamos e rodamos o mundo todo na noite passada. A pé, diga-se de passagem, porque somos pobres. E tudo isso por apenas um bar e uma cerveja e um cantinho aconchegante. Mas não, acontece que sexta-feira a noite é dia do mundo inteiro sair de casa a procura de sei lá o quê. E que deus me livre de topar com solteironas. Eu odeio solteironas. Você sempre consegue reconhecer as desesperadas de longe. Sentir o cheiro do desespero. Saber exatamente quem são sem que elas se mexam. Principalmente porque a maioria delas se parecem com a Elba Ramalho. Sair a noite é muito mais complicado quando topamos com essas mulheres decididas a saírem casadas ou traçadas por alguém do recinto. Elas são capazes de matar por um lugar numa mesa, um lugar bem localizado, onde possam ver os possíveis futuros maridos entrando e saindo. E se você se colocar no caminho delas rapaz, muito cuidado, cinzeiros, penas e empurrões podem ser trocados. Sim, sim, eu entendo que o seu relógio biológico esteja mais desesperado que o meu, mas dá para não esfregar a minha cara no chão?


E nós continuamos rodando muito. Do Leblon a Ipanema passando pela Gávea quase na Lagoa. E eu suando nas minhas botas. E a gente rindo porque sabemos fazer isso bem. E a gente anda porque nada dá certo nunca mesmo e o dia que der, o dia que der vai ser um dia muito estranho. Ah, mas se eu tivesse um carro.


E rodamos e tudo o que eu mais queria era uma cerveja. Só uminhas. Geladas, lourinhas. E uma cadeira, porque as minhas pernas bambeavam. Por favor, não riam de mim. Sou uma sedentária, fumante desde os 14 anos, envergonhada por levar essa vida, mas muito cara de pau para fazer algo a respeito.

E o bom filho a casa retorna né? Na casa entorna. E o trocadilho barato comendo. E é o Empório mesmo porque conhecemos o Vicente e ele é legal e ele fala mal das solteironas também e espanta gente das mesas e dividimos cadeiras e nos apertamos. E é lá mesmo que vamos perder a linha, falar mal dos outros e continuar rindo porque fazemos isso bem. É só isso que fazemos porque somos pobres.

Depois voltar para casa e sobreviver a uma chuva de granizo que eu só vi poucas vezes na vida. Depois correr para casa e enfrentar o maior engarrafamento e dormir babando no ombro dele e correr de novo para o ensaio da banda e se apaixonar pela música nova e arrebentar todas as cordas da minha guitarra porque eu sou uma troglodita mother fucker que se acha muito o Keith Richards, que deveria ter morrido aos 52 anos.

No entanto não senti nenhum cheiro de chorume e fico muito feliz por isso.

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Estar em boa companhia é uma coisa essencial, eu digo. A boa companhia faz com que os lugares mais bizarros e esdrúxulos tornem-se mais suportáveis. Até mesmo se esse lugar for uma festa que contenha dez pessoas contadas (tirando os djs que não tinham nada para discotecar). Foi divertido. Até o homem U2 pareceu animado. O homem U2 que anda pelas ruas do Rio de Janeiro vestido de U2 dos pés a cabeça e com a bandeira da Irlanda nas costas. Eu conheço de vista o homem U2 desde os tempos de róque no Beco da Boemia, mas nunca o tinha visto realmente dançar. E ele dançou, U2 obviamente. Foi quase como uma dúvida de anos tirada. E com umas cervejas eu posso até brincar de dança das cadeiras no fim da noite. Você não pode?

***

Sou chata, anti-social, desajeitada e um pouquinho esnobe (mas não sou gorda e fedida). Talvez você não goste muito de mim. Talvez você goste. And i’m glad that rain today.

***

Ultimo comentário carnavalesco do ano: E eu odeio o negrinho da beija-flor.

quinta-feira, fevereiro 26, 2004

E tem gente que ainda me diz não gostar de gatos...


E eu gostaria de empalá-los todos de uma só vez em praça pública. Gatos são quase sagrados para mim. Já tive seis deles, mas agora, com a crise tenho um só. Um gato soberano e velho que eu adoro e amo.

Isso até anteontem.

Anteontem eu vinha andando para a casa dele, quando pela rua, em cima de um muro, dei de cara com dois olhos imensos e azuis e lindos, grudados numa coisinha peluda, minúscula e perfeita. Eu parei, obviamente sem conseguir resistir, e fiz a besteira de colocá-lo no colo. E eu sei que não posso colocar coisas lindas assim no colo porque é um ato fatal.

Eu nem tive tempo de chorar e ele trouxe o bichano para casa que foi entrando e usando a cama como se ela tivesse sido dele desde sempre. Gatos são assim, tomam conta da nossa cama, do nosso sofá e da nossa cadeira favorita, e tudo isso rapidamente se transforma em objetos totalmente exclusivos.

Ele não é meu. Não totalmente meu. Ele é meu e dele porque fomos nós que o encontramos num dia de chuva, numa terça feira de carnaval, abandonado numa esquina vadiando, cheio de medo, e que se encolheu no meio da nossa cama enquanto dormíamos.

E eu prefiro dizer que ele ainda não tem nome porque as pessoas vêm dando opiniões esquisitas a respeito disso. Eu o batizaria de Sammy, assim como batizei o peixe de Hank, e mesmo que no futuro ele se chame Rubi (?) ele sempre será o meu Sammy.


terça-feira, fevereiro 24, 2004

Corpo dolorido e nem é de farrear a noite inteira. Os ouvidos zunindo e nem é do barulho que o samba faz. Dormindo com os abraços dados, levantando pela manhã com beijos recebidos e jogando pôquer com direito a fumaça de cigarro, fichas e cervejas geladas. As ruas da cidade quase desertas do jeito que gosto e a chuva caindo forte. Isso sim é carnaval para mim.Bem, eu até que gostaria de passar pelo carnaval de New Orleans, mostrando os peitos e ganhando cordões e mais cordões, mas aqui não. Carnaval para mim, só pela televisão.

***

E vamos sair para a noite porque as botas estão mofando de tédio no armário. E elas querem dançar um pouco. E eu quero ver a noite um pouco. Nem que seja para voltar para casa chutando pedrinhas e me dar conta de que não dá mais pela milésima vez. Vamos ver o dia raiar e logo sair para comemorar novamente sabendo que não dá mais. Comemorar o vazio do mundo lá fora, a impossibilidade e a dificuldade de fazer qualquer coisa.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

É a vida é bonita e é bonita. No gógó.

Não, carnaval não, por favor. Acabei de sobreviver do natal. Eu não gosto de carnaval. Que original eu sou. Mas não é nada demais. É só um problema pessoal sabe? É toda essa história de você ser praticamente obrigado a se divertir, a gostar de sambar, a achar o Rio de Janeiro maravilhoso e ver no malemolejo do povão uma lição de bom humor. Eu odeio muito tudo isso. Futebol, praia, carnaval. Tríade dos infernos.

O único carnaval dentro dos conceitos carnavalescos que já tive foi lá em 1920, quando me arrastaram para uma cidadezinha praiana onde eu tinha basicamente duas opções: ouvir muito samba e axé e beber muito, ou ficar numa casa reclusa no meio do mato, sozinha, sem luz, sem água e sem comida. Então eu tomei a decisão mais sábia e fiquei doidona durante os quatro dias e dormi da quarta feira de cinzas até a sexta feira. Foram quase 36 horas de sono e ressaca e eu tenho testemunhas. Só me levantava para comer alguma coisa ou ir ao banheiro e voltava a dormir. Até hoje me dizem as más línguas que eu segui bloco e dancei em praça pública.

No entanto essas coisas não acontecem mais, eu tô velha, chata e cheia de reumatismo. Hoje a decisão mais sábia é me manter o mais longe possível de qualquer canto que o carnaval seja muito intenso. Vou reunir os amigos, ligar os instrumentos, colocar as cervejas para gelar e passar o carnaval tocando e tocando e vendo filmes e aproveitando a cidade vazia e moribunda.

Nada de suor alheio respingando em mim, espaços minúsculos na areia escaldante, gente feia cantando sambas enredo, bêbados inconvenientes, fanfarrões com os estômagos a mostra e gente jovem torrada e bonita "zuando muito na maior pegação".

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Enquanto não tirarem o Johnny Cash da vitrola e o programa de edição de fotos da minha frente esse blog continuará postando coisas horríveis.



And then I see a darkness
Oh no, I see a darkness
Do you know how much I love you
Cause I'm hoping some day soon
You'll save me from this darkness

O Bob tá na vitrola girando. O Dylan.
Por conta dos outros vi o mundo.
Volte a varrer o chão.
Pois é, por contas dos outros vi o mundo, veja só, Bolívia, Portugal, Alemanha, França e Itália.
Sammy, Sammy fique calado, volte a varrer o chão. Seja útil.

Não dá mais para ouvir rádio. Radio não dá mais.
FM ou muito menos AM. Não existe nenhuma estação de música decente que por alguns poucos minutos esqueça dos modismos e se preocupe com aqueles que não curtem essa nova "onda" musical. Ligar o rádio por quinze minutos é ouvir o que vai tocar o resto do dia interruptamente sem variações.

De Evanescence a Linkin Park, de volta para Evanescence agora para Charlie Brown Jr. e então Rappa e de volta para Evanescence e finalmente retornamos a Likin Park. É horrível. Claro que há a possibilidade de tocar Guns’n’Roses ou Nirvana e isso é considerado o ponto alto da programação, é claro, o momento dos clássicos. E é óbvio que isso acontece na rádio “mais róóque do Rio de Janeiro”. Porque nas outras só dá Nelly. Nelly 24hs por dia. Estação Nellyville. E eu e esse tipo de som e derivados, nem fodendo. Sou o que se chama uma old time’s rocker.

No hospital em que eu trabalho nem tem toca cds. Só um rádio roxo que sai fora do ar quando eu estou parada ao lado dele. Quando comecei a trabalhar lá, eu rodava o dial durante várias horas em busca de algo decente para ouvir enquanto corria de um lado para o outro. Algo que os velhos não reclamassem e os jovens gostassem. Essa tarefa é humanamente impossível porque, além do coroa que sempre vai com a camisa do Iron Maiden, não tem muitos velhinhos roqueiros, ou melhor, new metaleiros.

O jeito foi apelar para o toca fitas. O rádio roxo e o toca fitas divino que eu nem sabia que existia. Que saudade de fitas. Eu adoro fitas. Eu tenho uma gaveta cheinha de fitas que eu gravava e ainda gravo desde pequena. Eu tenho os álbuns dos Smiths em fita, caralho! Então selecionei umas que não fossem muito rock’n’roll e levei. O resultado foi positivo por incrível que pareça, pelo menos para mim. É tão diferente fazer as tarefas mais chatas com uma boa trilha sonora! Fazer tração cervical com um calmo Lou cantando para mim é tão diferente. Prescrever exercícios com o Elvis se empolgando é outra animação.

Então eu tive essa idéia brilhante que vai me trazer muito dinheiro, vou abrir essa clinica só para roqueiros. Vou contratar um DJ que de acordo com a patologia tocará algo deprimente ou alegre. Vou até mandar instalar um globo giratório de discoteca no teto

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Acontece que quando ele trabalha eu fico quieta sem ter nada para fazer.
Só alimentando o meu tédio aqui.
Logo voltaremos a nossa programação normal.


Pois é. Passados vinte e dois anos na vida totalmente esquecidos, certas coisas surgem na nossa memória inconsciente, sem mais nem menos, no meio da tarde sem deixar claro exatamente o porquê.

Tava aqui lembrando de quando eu era pequena e era amiga de toda a molecada da rua. Eu fui uma daquelas crianças selvagens que sobreviveram à infância no fim dos anos 80 no subúrbio, quando passávamos o dia todo correndo para cima e para baixo na ladeira num sol de quarenta graus totalmente descalços no asfalto e a brincadeira se estendia por horas e horas até quase a madrugada. Naquela época apelávamos para a criatividade e sobrevivíamos aos piores tombos, as piores brigas e as melhores descobertas juntos.

Comecei a me lembrar dos apelidos que colocávamos uns nos outros e rapaz, como nós éramos cruéis. Dei uma gargalhada para cada codinome idiota. Nós tínhamos a Lili Tumba, que era muitíssimo magra e muitíssimo branca, tinha muitíssimo cabelo crespo e era muitíssimo feia e que na verdade se chamava Liliane. Tínhamos os irmãos Dráquê e Miquimba (jesus desses eu nunca fiquei sabendo da onde veio) um era negro e o outro mexicano. Tínhamos a minha futura amiga de putaria que era tão bela que os meninos a apelidaram carinhosamente de Jason. As gêmeas Xerox e Xeroquinha. O menino que só queria brincar com as meninas de boneca que era o Maricola, o Bolão que não precisa de explicações, o Calango... E tantos outros que me fizeram rir muito.

Acho que vou passar o resto da semana rindo.

Eu quase nunca falo dos Nuthin’s. Do Sweet Nuthin, banda que eu faço parte tocando guitarra e berrando no backing vocal. Mesmo postando algumas fotos no fotolog da banda eu raramente falo a respeito. Até porque até hoje eu ainda nem tinha colocado nada que pudesse ser de fato ouvido. Não por culpa só minha é claro, mas também desses sites da internet que vivem complicando a vida.

Eu levei um pau tremendo do kit.net hoje a tarde porque vivem me pedindo para divulgar alguma coisa e eu nunca divulgo. Então eu tentei e tentei e não consegui fazer absolutamente nada direito. Mas agora existe uma página idiota e muito tosca com uma música lá dentro. Vocês vão demorar para encontrar, mas vão seguindo as setas e quando chegarem num localzinho que era para ter uma foto mas tem um X dizendo que a foto não pode ser visualizada, clique em cima dela.

Avisem-me depois se vocês conseguem abrir e baixar a música.

Lá já tem basicamente a explicação, é que nós ainda não temos nenhuma gravação decente e bonitinha digna de receber criticas verdadeiras. Não temos nada profissional ou equalizado e limpo. Essa música é somente a gravação de um ensaio.Até mês que vem eu PROMETO um release e uma música nossa, purinha, docinha e perfeita.

E perfeita vinda de uma banda cheia de perfeccionistas não é pouca merda.


Right Here

Detalhe, a tela com a música não abre no netscape, só com explorer.

O meu netscape é daltônico!

Amarelo mostarda? o meu blog? Ele é branco! Me digam, não é branco a cor que vocês veêm?
Coisas esquisitas estão acontecendo!

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Sinto falta de sair. Não tenho quase saído ultimamente. Ando extremamente desanimada para enfrentar gente chata, música ruim e lugares iguais. Me isolei do mundo nos últimos meses e ainda acho que assim tá bom, mas sinto falta da noite. Acabo não conseguindo fazer nada de bom. Mas chega de ficar indo para os lugares para bancar a velha chata com cara de cu sentada no canto.

Daí eu recebi esse flyer que eu vou ver se scaneio depois. Cita o nome de várias bandas bacanas numa festa que vai ter na Voluntários da Pátria, mas especificamente na Cobal do Humaitá, 446, dia 23 e 24 de fevereiro. Como eu não vou viajar acho que vai ser uma bela fuga. Uns drinks, meu babe, músicas boas e alguns amigos.

Tenho experimentado todas as tonalidades existentes de vermelho. Agora foi a vez de usar a tintura da Fernanda Lima. Ainda não vi como ficou porque o cabelo tá molhado. Apesar de eu amar o vermelho parece que ele esta com os dias contados, assim que o tempo esfriar eu mudo a minha cor. A ruiva em mim vem pedindo por momentos mais calmos.

E eu continuo ouvindo música natalina de luzinhas de árvore de natal. O som parece que vem da sala, mas pára de tocar assim que eu adentro o local. Bizarrô.Bizarrô.

Nunca imaginei que seria capaz de me cansar da Mae West. É coisas desse tipo acontecem... até Susie Q estiver com o espírito de me fazer um template novo, é com essa cara que ele vai ficar. É mais a minha cara do momento.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Ele esta trabalhando agora. Vou ficar quietinha aqui no computador enchendo o word de baboseiras do maravilhoso mundo de candy-o. Por falar nisso, o disco da Melissa Auf Der Maur está bem, bem legal.

"Imagine isso: você finalmente encontrou alguém do sexo oposto com quem pode escrever junto.
Nunca havia acontecido antes em sua vida.
E você esta apaixonada, tem um melhor amigo, um parceiro de corpo e alma.
E como bônus, ele é lindo.
E é rico.
E ele completa suas frases.
E ele é preguiçoso, mas não fica encabulado ao falar de Jesus ou rezar.
E você acha que dá para conserta-lo.
É a única felicidade que jamais tive”.


Eu sempre me apaixonei por cérebros e não por corpos e rostos. Deixando de lado os momentos de luxúria, que todos tem, eu sempre preferi aqueles que abriam a boca e me deixavam no chão aos esteticamente perfeitos. Não me atraio por barriga tanquinho, não suporto pernas musculosas e não sou muito chegada em homens extremamente vaidosos. Aqueles que sempre penteiam o cabelo antes de sair de casa, coisa que eu não faço, e se preocupam demais com roupas e tem uma variedade enorme de perfumes ainda maior que a minha.

Por exemplo, meu novo objeto de admiração pesa 120 quilos, mede no máximo 1,69m, não corta o cabelo ou a barba no mínimo há uns cinco anos, e a roupa que usa sempre parece manchada de algum vestígio de comida.

Esse meu objeto de admiração é um gênio e eu fico embasbacada com a minha capacidade de abstrair todas as características nada atrativas do seu corpo. Eu só vejo o cérebro, e só ouço a voz e ele fala e fala e fala. E a medida que ele fala eu vejo o puta cara que ele é. E ele ainda é solteiro até hoje porque muito provavelmente várias mulheres interessantes rejeitaram o corpo e não viram o lado de dentro. Como pode? Como um homem como esse pode ser solteiro e não ser casado? Isso me fez parar para pensar.
Como pode?

Tá certo que eu não sei se ele na verdade é um viciado em comida e se na realidade trata as mulheres como lixo, ou se é um beberrão ou apaixonado pela mãe, isso eu não sei. Mas eu tenho tantos amigos que são caras especiais e legais e inteligentes e carinhosos e todas essas coisas, que são solteiros e que geralmente não conseguem as garotas desejadas. Talvez (?) porque esteticamente não sejam perfeitos, ou deuses ou até mesmo estilosos, já não é só estética física que afasta hoje em dia, pois apesar da onda do culto ao corpo ser maior, o estilo da pessoa também conta muitos pontos na definião de interessante X não interessante. Eu sei que estilo sempre vence, mas tem um limite entre o estilo e a burrice e até Wilde concordaria comigo. Do que vale a melhor roupa se o cara abre a boca e você se mata?

Do outro lado eu tenho algumas amigas solteiras em busca do “alguém de suas vidas” e essas coisas babacas de caras metades, e que estão sozinhas há tempos sem nem beijo na boca, quem dirá sexo. E todas elas são ótimas, e inteligentes e legais, mesmo que, graças a deus, distantes do conceito gostosona-plastificada-de-academia-dou-para-bombadões-e-o-ponto-alto-do-meu- dia-é-quando-olham-para-a-minha-bunda-e-pensam-que-eu-sou-um-espetáculo.
Como pode?

Não é questão de namorar, ou casar ou seja lá o que você queria fazer com uma pessoa sexualmente ou emotivamente estimulante, porque no fundo essas merdas não são importantes, esses títulos imbecis. Mas várias dessas pessoas se sentem carentes e não se satisfazem com as velhas trepadas de uma noite, ou saídas com os amigos e todas essas coisas maravilhosas que só podem ser realizadas no maravilhoso mundo dos solteiros. Elas sentem falta dos tais momentos a dois, e da possibilidade de se apaixonar pelo outro e não ser um só e sim dois. E eu não posso ser hipócrita a ponto de dizer que isso não é perfeito, porque é perfeita a sensação de encontrar alguém perfeito, eu sei. Eu sinto todo dia, com a velha sortuda me ajudando já que ganhar na loteria não é para todo mundo infelizmente, não esteticamente e substancialmente falando. E convenhamos, tem uma hora que todo mundo se cansa da putaria, pelo menos por uns tempos. Então o que há de errado?

Eu sei que a estética é importante, mas o que é a estética com um conteúdo vazio? Já um conteúdo cheio pode fazer milagres na estética. Ao menos para mim é claro.

Talvez tenha a ver com fermônios, ou com compatibilidade de auras e se não é compatível não é. Talvez sejam peças de quebra cabeça. E isso me faz pensar em como eu sou sortuda se é assim mesmo. Eu ainda prefiro acreditar que as pessoas são burras, e obtusas e superficiais. O que conta é o interior, isso parece desculpa clichê de gente feia, mas as vezes faz sentido.

Ora, que fiquem sozinhas mais tempo, pois enquanto tiver gente sozinha, deprimida e com a sensação de desesperança (porque nenhum homem é uma ilha) teremos ótimas canções, ótimos filmes e ótimos livros sobre desamor e isolamento. Meus temas preferidos.

domingo, fevereiro 15, 2004

Não faz muito tempo que eu lancei e aderi ao movimento Kill All Indies.

Hoje quando o baixista do Sweet Nuthin me mandou ouvir isso eu achei legal. Todos aqueles que, de bandas independentes, gravadoras independentes ou discos independentes resolveram criar um "pseudo movimento" muito mala e apático conceitualmente falando deveriam ouvir. É uma pena, como ele mesmo me disse, que enfoque mais o lado São Paulo. Por outro lado, os indies do Rio são chatos e burros demais para virarem música e possuirem tantas referências. And Kill All Indies.



Tenho andado em paz de espírito. Tanto que até pareço entrevista de aniversário de quarenta anos de cantora pop que mudou de vida com a maternidade e se tornou uma pessoa boa e calma que pratica Yoga todos os dias pela manhã antes de começar com o papo sobre Kabala e índia e horóscopo.

Me sinto bem obrigado. (Eu sei que o correto é falar obrigadA no feminino, mas me recuso porque me sinto péssima falando desse jeito, é muito feio.)

Formatura é uma tortura. Colação de grau então nem se fala. Todas aquelas pessoas que você odiou, ou ignorou severamente durante quatro ou cinco anos estão reunidas num palanque, usando roupas ridículas, chorando e falando baboseiras sentimentalóides.

Pior de tudo ainda são os convidados que se sentam na última fila e permanecem por quase duas horas reclamando dos sapatos altos demais, das calças justas demais e dos malditos esparadrapos que se soltam no calcanhar.

E quando no auge do tédio eles resolvem rir dos formandos e das músicas tão cuidadosamente escolhidas para as entradas triunfais é o fim. Mas faça-me o favor, a turma entrou com o tema de Missão Impossível, super apropriado. O feioso de nome estranho com "I’m Too Sexy", e a gatinha muito modesta com "Pretty Woman". Uma grande turma se revelou. E se eu não amasse as pessoas que se formavam eu teria tido um infarto na platéia.

E todos choram. E jogam para cima os chapéus da roupa mais feia inventada que não se chamam chapéus na verdade. E tem chuva de prata e We Are The Champions. Todos são tão amigos, todos se abraçam. Até as garotas que se odeiam. Uma vitória. De estudantes a profissionais. De estudantes direto para a fila dos desempregados com contas a pagar. Que sistema mais rápido! Nem deu tempo de passar pela primeira entrevista, primeiro chefe, primeiro salário, primeiro desentendimento, primeira demissão. Pegamos o diploma e dividimos os classificados.

É por isso que eu não vou me formar nunca. Não, é claro que eu vou me formar daqui a dois anos, eu quero mais cedo do que tudo acabar com essa infeliz idéia de promessa de fazer faculdade para poder finalmente sacar a minha poupança, a minha herança e dar o fora daqui. Sem festas. Sem colação. Sem nenhuma falsidade. Pegar o diploma, calçar as botas gastas, fazer as malas e sumir no espaço.

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

- então doutor pode apalpar... tem alguma coisa errada comigo
- mas logo com você minha querida, que vinha chutando pedras nos corredores e ria das minhas teorias?
- é pode rir agora, mas não dá para continuar assim, não dá...
- eu sei que é difícil para você, mas que tal contar o que te incomoda?
- nem fodendo...
- então como eu vou te ajudar?
- nem fodendo...
- porque você não confia em mim?
- nem fodendo... e quem disse que eu preciso de você? rabisca uns remedinhos no papel porque o meu farmacêutico tá de férias e pronto...
- pra crise de ansiedade crônica ou para aquele seu outro probleminha que não ousamos pronunciar o nome?
- é pros dois... receita chá de paciência, chá de cogumelo, chá de coração novo.
- calma querida você esta ficando azul.
- Rápido. Rápido. Rápido. Agora!
- respire fundo... um saco por favor... respire dentro do saco.
- ah doutor. É a pressão. Maldita pressão.
- não querida são os gens, você não pode fugir de herança genética. Vou receitar uma coisinha para você que dá jeito nesses tipos de problema : manicômio.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Por um preço baixinho essa belezura é minha agora. Feliz =°.°=



***deletei a belezura porque ela estava arruinando o meu template.

Babe you’re a freak show just like me

Então eu ouvi o America’s Sweetheart.
Odiei primeiro. Gostei um pouquinho depois. Mas obviamente não é uma obra de arte. Não no meu gosto pessoal é claro, que eu não sei descrever, já que apesar de amar música não sei escrever sobre e odeio. Eu mal consigo falar de música. E acho que isso é tão gosto pessoal que nem vale a pena discutir.

Mas o disco. Eu sinto que há uma velha Courtney Love ali, mas falta alguma coisa. Ou alguma coisa se perdeu. Achei mal produzido. Idéias ruins. Gente que não soube aproveitar as coisas. Não soube aproveitar ela. Não sei. Não entendo disso. Podia ser tão melhor, mas talvez essa impressão seja culpa das minhas expectativas. Sabe aquela velha história de gente que fica tentando provar muito que é alguma coisa e no meio do caminho vira uma coisa meio sem sentido e previsível e um tanto falsa? Bem...

Para ouvidos generosos existem coisas legaizinhas, e se for para baixar dá para ouvir coisas bonitinhas - mesmo sem muito feeling - como "Almost Golden", "Uncool", "Hold on to me", "Never gonna be the same", "Sunset Strip" E até as outras. Até a meio Hives "Mono". Não deu para escolher uma preferida ainda. Talvez "Sunset Strip" - take all theses stupid pills away- ? Não sei, cedo para dizer. É um disco bem mais ou menos. Quase menos.

De qualquer forma, eu gosto da Courtney Love né? Nunca fui uma adolescente bonitinha filhinha de papai com treze ou quatorze anos wanna be Courtney que saía e corria pelas ruas gritando "Violet", estava mais ocupada sendo "clumsy and shy". Mas quando mais nova já ouvi muito coisas como "my mother asked me, she said, "baby, what for? I give you plenty, why do you want more?" e fui uma "Miss World" por um tempo, e isso ficou guardado sem que tivesse ninguém para expressar por mim.

E eu só vim descobrir, descobrir mesmo a moça já burra velha, porque apesar de ter sido fã do nirvana na época nunca segui a trilha do hole paralelamente. Hoje eu acho a mulher foda. Forçada, ambiciosa, exagerada e um tantinho falsa de vez em quando. Mas ninguém sabe fazer isso melhor do que ela, ser falsa, verdadeira, idiota, esperta tudo ao mesmo tempo. Ela sabe o que faz eu acho. Ou sabia. E algumas músicas eram sobre mim, e como diz o Idlewild “Keep singing songs about myself”.

E essas mulheres da minha vida sempre sing songs about myself. Mas eu nem sou uma feminista. No fundo devo ser um pouco wanna be.Wanna be Marianne Faithfull. Wanna be Patti Smith. Wanna be P.J Harvey. Wanna be Fiona. Wanna be Nina. Wanna be Courtney Love e claro e principalmente Wanna Be Nico. Esse é o meu lado mulherzinha. Um dia eu escrevo o meu lado macho, que gosta de música de macho.

Claro porque a Nico é a preferida ainda. A mulher que tinha tudo para ser absolutamente uma deusa e no fim não dava em nada. Mas outro dia eu falo sobre ela e as minhas teorias.

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Ainda não dá para olhar casas vazias e luzes apagadas. Não dá.

Levar porrada é bom.

E isso não é papo de S&M.
Eu particularmente devo as minhas melhores qualidades as pessoas que me deram as piores porradas. Gente sem dó nem piedade, gente que eu não esperava, gente que me esfregou no asfalto, me deixou sentindo pequenininha e depois dirigiram por cima sem olhar pra trás.

E não é qualquer um que pode fazer isso é claro. Não pode ser um babaca que julgue que conheça a sua vida e as suas intenções e aspirações e que no fundo não se importe com você nenhum pouco, mas que sim, na hora do desespero de encontrar qualquer desculpa para as suas próprias mediocridades, acaba fazendo uso dos piores argumentos para tentar ferir e “sair por cima”, ou mesmo para te fazer parar de encher o saco dizendo àquelas verdades que ninguém nunca quer ouvir. Gente imbecil. Gente pequena. Isso não conta. Isso é aborrecimento passageiro. Descartável.

É por isso que tem tanta gente absurdamente imbecil no mundo, faltaram na vida delas as pessoas necessárias para a formação/construção desses indivíduos. Gente que diria o que tivesse que dizer não importando o quê, sem esses títulos imbecis que a falsidade se esconde por trás "somos amigas", "somos namorados", "sou educada".

Pois eu SÓ acredito em criticas, recriminações, esculachos, declarações construtivas. Odeio essa lenga lenga sobre amizades e namoros e relações. Para mim não existe essa coisa de "proteção".

Receber porradas faz bem sim, tanto de gente que EU realmente me importo como quanto de gente que poderia ser atropelado amanhã por uma jamanta. A única diferença é que quando vem de gente que eu me importo eu ouço e julgo imediatamente, quando vem de outros e ninguéns em geral, ou se transforma em coceguinhas para o ego (se for um julgamento imbecil vindo de uma pessoa igualmente imbecil) ou, se for um julgamento certeiro essa pessoa pode até ganhar créditos.

No fundo, todo mundo sabe o que é e o que esta fazendo e alisar a cabeça se ser “compreensivo” sempre só causa mais dor e mentira.

sábado, fevereiro 07, 2004

Minha vida tem sido uma grande trilha sonora...

How can we hang on to a dream
How can it, will it be, the way it seems
How can we hang on to a dream

Podem baixar e ensaiar o suicídio
Tim Hardin - How can we hang on to a dream.


Devidamente medicada sigo para a minha cama.

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Você foi embora
Deixou vazia a casa
O riso num álbum de fotografias
E aquela imagem de Santa Rita...
E eu fiquei lá fora
Brincando de cidade deserta
Chupando manga
Pedindo um beijo...
E agora é a velha história
Você virou saudade
Daqueles tempos da carochinha
Daquela vida que eu inventei
Daquela reza que decorei...
Agora eu vou vivendo
No mundo sem sonho ou lenda
E só de noite quando eu me lembro
Eu sinto um troço no meu peito.


Quantas coisas estúpidas somos capazes de fazer?
Quantas coisas estúpidas somos capazes de pensar?
Quantas coisas estúpidas somos capazes de sentir?
Quantas coisas estúpidas somos capazes de não sentir?
Quantas coisas estúpidas somos capaz de dizer?
Quantas coisas estúpidas eu não sou capaz de fazer?

Quantas coisas estúpidas. Quantas coisas estupidas. foda-se a letra maiscula. foda-se os acentos. quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas.quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas.quantas coisas estupidas.quantas coisas estupidas.quantas coisas estupidas. quantas coisas estupidas.quantas coisas estupidas...

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Bem estou ocupada sentada na frente do ventilador chupando gelo e cantando Queen.
É assim que eu vou passar a tarde hoje. Eu e o Hank.

Spread your wings and fly away
Fly away far away
Spread your little wings and fly away
Fly away far away
Pull yourself together
'Cos you know you should do better
That's because you're a free man

He spends his evenings alone in his hotel room
Keeping his thoughts to himself he'd be leaving soon
Wishing he was miles and miles away
Nothing in this world nothing would make him stay

Since he was small
Had no luck at all
Nothing came easy to him
Now it was time
He'd made up his mind
'This could be my last chance'

terça-feira, fevereiro 03, 2004

É eu esqueci de falar: eu pari e nem doeu. O nome dele é Hank e não Nemo, apesar da nadadeira ruim.

Inspiração era o nome da filha de dona Ranzinza. Dona Ranzinza era muito possessiva e sempre tomava conta cuidadosamente de todos os passos da filha, que no fundo clamava por independência já que no passado havia deixado muitas oportunidades de ouro graças a mania de encrencar com tudo de sua mãe. Dona Ranzinza não podia ver a filha trabalhar que vinha logo dizer “Minha filha, pára de inventar essas coisas, está calor, calor demais, caloorrr, não gaste suas energias dessa forma”. Falava tanto na pobre da cabeça da filha que um dia a menina enlouqueceu e resolveu ir viajar.

Sendo assim decidiu que não iria sozinha e correu até a vizinha de porta e a convidou.
- “Hey amiga vamos dar no pé nesse verão? Vamos sumir para algum lugar muito frio e muito, muitoooooooo distante dos nossos pais e vamos voltar só quando esse calor passar?”.

A amiga Criatividade, que também estava de saco cheio de ouvir seu pai, o Sr. Mau humor reclamando dias e noites e não deixando que ela fizesse absolutamente nada para se divertir, já que no verão ele ficava insuportavelmente mais aflorado, encheu a mochila e deu o fora sem consultar ninguém.

O que ninguém podia imaginar era que a priminha mais nova da menina Criatividade estava atrás da porta e ao ouvir as duas meninas fazendo planos mirabolantes e tão divertidos, imaginou como seria bom ser mais velha e poder fazer essas coisas também. Assim, sem que ninguém percebesse, lá estava a caçula se enfiando no porta malas do carro da Tia Careta esperando bem quietinha as meninas para embarcar nessa aventura também.

Quando chegaram bem longe de casa, milhas e milhas e quilômetros também, as meninas decidiram pegar as malas, arrumar a bagagem, e começar a diversão. E deram com a surpresa : A pequena Juventude adormecida entre as mochilas e garrafas vazias de cerveja.





Oi Desculpa, isso tudo é para dizer que a minha inspiração, junto com a amiguinha criatividade e a caçula juventude deram no pé e decidiram que só voltam depois do verão. Depois que esse calor for embora. Você sabe como são esses jovens de hoje em dia, ninguém tem controle sobre eles. Só querem saber de ficar o mais longe dos pais que conseguirem. Então quando elas fizeram as malas, rasgaram as calças, pintaram os cabelos de azul e saíram pela porta com a mochila nas costas e o Iggy Pop nos ouvidos, eu resolvi não ser uma mãe chata e deixei que elas fossem se divertir por ai.

Lugar de meninas assim não é em casa com um calor infernal que consome todos os líquidos e explode a casa delas com tamanha dor de cabeça. E de fato eu ando meio relapsa mesmo, a única coisa que tem ocupado a minha mente é a frase: Que calor dos infernos puta que pariu. Não dá para ter Inspiração, Criatividade e Juventude num ambiente como esse. Então elas se foram. E só ficou o Mau humor, a Ranzinzes, e a tia Careta. . .Fora que a vovó Ódio vive rondando a casa procurando noticias das meninas nos dias mais quentes.

Enquanto esse calor não for embora, eu aviso: Mantenham-se longe de mim!