sábado, janeiro 31, 2004

Descobri recentemente que o Elvis Costello poderia cantar para mim sem nenhum acompanhamento, totalmente solo, desafinado, no chuveiro e ainda assim eu entraria em frenesi.

Sou uma daquelas fãs ridículas sabe? Groupie desesperada. Maluca que chora e desmaia em shows. Mas só com ele. Sou fiel.

sexta-feira, janeiro 30, 2004

I'm a hard cold bitch you know?
There's nothing I can do about it.


Thank God.

Love is a dog from hell

Então eu aproveitei a minha sexta feira triste e sozinha para pôr a minha leitura humilde em dia. Eu simplesmente continuo me apaixonando por certos livros e saber que ainda tenho essa capacidade é maravilhosa. Sou uma leitora sem qualquer preconceito. Leio qualquer estirpe. Susann Jacqueline num dia e Rimbaud no outro. Tudo o que chama a minha atenção merece uma boa folheada de páginas.

Ele, que não merece nem um pouco, tirou o meu sono e paralisou a minha mente nos últimos dois dias. Minha cama agora possui o formato e o suor do meu corpo imóvel enquanto eu leio. E leio. E leio. Sou muito ciumenta com ele agora. Cheguei ao ponto critico de esquecer de comer para não parar. Perdi o apetite e o sono. Estou apaixonada. Achei que isso não fosse acontecer novamente já que fazia tempo que umas páginas impressas não me causavam isso. Mas essas trouxeram novidades. Muitas novidades. Tem tanta coisa minha nele.

E tudo graças a ele que me deu na medida certa porque sabe exatamente do que eu gosto e esta lendo todos os meus pensamentos hoje em dia. Amo. Amo. Amo.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Dizem que a maioria dos seres humanos tem fantasia de transar sendo assistidos por outras pessoas. Dizem que isso faz o prazer aumentar inúmeras vezes. Mas quando é o taxista paraíba que te observa pelo retrovisor, o libido se apresenta nessa hora também?

A vida pode ser uma merda às vezes. Tudo fica muito complicado. Todo mundo enlouquece e engole quatro comprimidos e pensa se deveria tomar os outros do frasco de vez em quando. Alguns tomam. Outros nunca.

Às vezes parece mesmo com as corridas de cavalos. Apostas altas, apostas baixas, ambições. Felicidades e esperanças que duram um segundo e então perdem por um focinho. Uma montanha russa que sobe, desce, estanca, estanca, sobe e desce. Todas essas baboseiras que se sente só por estar vivo. Todas essas baboseiras que alguns morrem para sentir. Às vezes sentir qualquer coisa. Todas essas baboseiras que se resumem na incrível capacidade dos seres humanos de serem incriáveis criaturas de merdas ambulantes.

Mas existe alguma coisa. Você sente que as coisas fazem sentido quando uma única cena idiota fica impressa naquela sua essência inexplicável, ou alma se for para ser mais mística, e será ela a história a ser repetida por anos e anos e anos e faz com que você seja essencialmente humano e entenda o porque da obsessão geral em buscar alguma coisa. E a resposta é tão simples no fim das contas...

É tão fodidamente bom quando se encontra. É fodidamente bom.

E foi tão fácil.

Heart Of Gold

Foi praticamente uma noite em claro e quando eu deixei a casa o céu ainda estava preto e o sol parecia preguiçoso para aparecer. Você usava na camisa o Iggy Pop e eu cabelo solto e emaranhado. Eu estava por ai com você e continuo por ai com você sem que mais ninguém no mundo saiba. E parecia cena de filme, direto de Antes do Amanhecer. Só falar e falar durante horas. Duvido que outras pessoas consigam passar dias e dias juntos sem parar de falar. Acordar falando e dormir no meio de uma história. E não é só falação, é conversa e intimidade e mandar o mundo parar de rodar e explodir porque estamos ocupados. E mesmo que não haja palavra é um silencio confortável e cúmplice. É tudo seu você sabe. É seu. Entrega. É seu.

Quero o nosso banheiro no Tocantins logo. Nosso carro e nossos sinais de fogo.

Não sou a pessoa mais mal humorada que conheço pela manhã. Não sou a senhorita Mary sunshine também, mas não sofro de mau humor matinal não. E como geralmente acordo atrasada para os compromissos não tenho muito tempo de ficar puta com alguma coisa. Minhas crises de lado esquerdo da cama se manifestam em jogar coisas na parede, agredir verbalmente o meu gato e ficar um pouquinho descontrolada – como sair de casa toda vestida e chegar no quintal e me dar conta que ainda visto a parte de cima do baby doll. Tudo isso sim, mas nada de ficar respondendo entre dentes, com a cara trancada e ar funéreo numa lentidão interminável. Sou muito mais expansiva e exagerada.

Com uma exceção: O ônibus.

Pegar ônibus pela manhã me transforma numa besta descontrolada distribuidora de mau humor gratuito. Ônibus lotados então fica perto de me fazer subir a bordo com uma metralhadora e alvejar civis e velhinhas. Faço corpo duro, dou cotoveladas, resmungo palavrões, me enche de vontade de chorar e começar a gritar puxando os cabelos. E quando uso branco as pessoas imbecis costumam a me caçar com um radar. Todos raspam as malditas solas dos sapatos nas minhas calças e eu sempre chego pisoteada nos lugares. Impecável dos joelhos para baixo. E eu praguejo e olho feio qualquer um que passe por mim. Sou quase uma maquina estúpida feita para odiar. Não posso evitar isso. Sempre chego a conclusão que o mundo deveria explodir numa manhã dentro de um ônibus cheio de gente que anda de Mercedes a vida inteira e ainda não aprendeu a andar.

Se os deuses quiserem um dia eu ainda saio dessa vida de operária.

terça-feira, janeiro 27, 2004

Porque todos nós temos alguém assim na vida da gente. E quem não tem, deveria ter!


Eu (feiosa e bêbada) + Sra. Penny Lane.

There were times when I could
Have murdered her
(but you know, I would hate
Anything to happen to her)
No, I don’t want to see her

There were times when I could
Have strangled her
(but you know, I would hate
Anything to happen to her)
Would you please
Let me see her !

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Voltei. Até quando não sei.

domingo, janeiro 25, 2004

Parece clichê quando eles dizem "aproveite a juventude porque você só é jovem uma vez e quando passa você precisa ter algo para lembrar".

Minha avó nunca me disse essas coisas, nunca fez muitas apologias à juventude e eu sempre achei isso bom, já que sempre associei essas declarações a pessoas que tinham perdido a alegria e a vontade e/ou a perspectiva. Mas eu sempre pude ver os olhos dela brilharem quando eu contava as coisas sobre os meus amigos e sobre as minhas idas ao cinema e minhas farras na noite. E enquanto toda a família me repreendia ela não dizia nada e a frieza alemã não era abalada quando analisava as minhas piores barbaridades cometidas. Ela só dizia que eu precisava de disciplina, e disso eu preciso mesmo. E aos 80 anos ela sempre achou graça nos passarinhos ou nas idas à feira e não me dizia nada e dizia muita coisa e contava historias maravilhosas sobre toda a vida e viagens à África e sobre a Alemanha e sobre Paris e sobre todos os cantos do mundo, barcos a vapor e guerras mundiais.

Outro dia ela me disse de um jeito esquisito para eu aproveitar a juventude, pois era a única coisa boa da vida. Disse para continuar do jeito que eu era e continuar dizendo o que penso e agindo como eu quero. Fazendo o que estava ao meu alcance. Isso dá medo. Medo de pensar que eu não estou aproveitando do jeito certo. Odeio essa obrigação de aproveitar. E se eu não estiver aproveitando? Eu acho que estou, mas e se eu não estiver?

Encontros e desencontros é o titulo triste que o filme Lost in Translation recebeu. Títulos em inglês sempre ganham traduções tristes é verdade. Fui assistir e sai do cinema me sentindo vazia. Depois cheguei a conclusão que assisti esse filme no momento errado da minha vida. Talvez se eu o tivesse assistido há alguns anos seria o filme tema da minha existência. Seria como me assistir na tela e dizer: hey!

Sem mais palavras, é um ótimo filme. É um grande filme. Uma grande trilha sonora. Bom. Muito bom. Mas você só vai entender o espírito do filme se estiver em sintonia. Se estiver no momento certo da sua vida. No espírito.



Get back to where you once belong

Não sou a pessoa mais fã de natureza que conheço. Odeio ecochatismo, não defendo com fervor xiita o verde e o azul e o ar puro e as arvores frutíferas. Confesso que jogo papel de sorvete na rua, arranco trevo de quatro folhas e flores cor-de-rosa e deixo a torneira ligada enquanto escovo os dentes durante todo o processo da escovação.

Tá certo, eu até sou defensora dos bichinhos, não mato formigas, salvo aranhas e choro com filmes idiotas sobre animais idiotas. Além disso, conheço uma pessoa que colabora com o Green Peace e fico com a consciência super pesada quando minha mãe diz “Acha que a plantinha gostou de ser dilacerada?”.

Isso não me faz uma country girl eu sei, mas permite que eu fique feliz em poder passar alguns dias pisando em grama, assaltando coqueiros, molhando os pés no rio, usando vestidos caipiras, praguejando sobre insetos ninjas assassinos e desejando que dure mais. Não muito mais porque nada me mantém longe da cidade por muito tempo, eu gosto do verde e do azul, mas gosto mais do cinza e do preto, e das luzes artificiais e dos arranha-céus. Ao menos era o que eu achava que preferia, porque depois de descer do ônibus em plena Central do Brasil e o cheiro de urina golpear as minhas narinas, e quase levar bala perdida culpa de um grupo medíocre de policias medíocres e ter que enfrentar um ônibus lotado com pessoas fétidas e mal educadas me pergunto se eu não conseguiria viver em exílio por muito e muito tempo.

sexta-feira, janeiro 16, 2004

Antes de ir vou deixar vocês em ótima companhia. Podem ir, acho que ele não morde.

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Bem, Eu, Leandro, sparkazul, Tatiana estamos indo musicar um pouquinho. Menos essa senhorita que eu ainda não sei que decisões ira tomar da vida. Se ela não for vou sentir muito a falta dela já que ela se encontra no meu minúsculo e quase inexistente grupo de pessoas que me fazem rir e me divertem de verdade. Ela e o roadie Huga são a graça de qualquer viagem.

É, não julguem a cara blasé quietinha fofa dela. Ela não é nada fofa. Nada. Nada. Nada. Nem é nada palhaça também. No fundo ela sabe. Mas isso é apenas para íntimos.

Então eu estou fazendo as minhas malas para a minha viagem de verão. Não que eu adore viagens de verão, mas se vocês estivessem há mais de uma semana com os meus pais dentro de casa vocês entenderiam como a necessidade de dar o fora é grande.

Eu até já coloquei o biquíni na sacola. O biquíni ficou completamente chocado com a possibilidade de ser requisitado, quando mal sabe que ficara ainda muito mais horrorizado quando for de fato utilizado, o que eu pretendo. O filtro solar é fator 30, e só é 30 porque eu não encontrei 50. Alguns cds já foram selecionados, fora roupas leves, muitos shorts, pacotes de cigarro, a garrafa de vodka e o chinelo de dedo cor de rosa que eu nunca uso porque sou absolutamente contra o uso de sapatos, qualquer tipo.

Impressionante como a presença dos meus pais me fizeram de repente ficar toda organizada e metódica. Talvez eles pudessem ficar mais tempo e me ajudar a curar o meu desatino crônico. E todos sabem a resposta a essa possibilidade. Nããããão.

Vou beber água de coco, deitar na rede, tocar violão.
Ia tomar prozac e me jogar na piscina, mas não, ele me proibiu de fazer isso, até brigou comigo. E eu aceito, porque ele manda. Mas vou lá para desintoxicar. Eu preciso, o ano mal começou mas eu já preciso. Dar importância ao que de fato tem importância. Estou animada porque levo comigo tudo o que eu preciso, um amigo, um amor, um violão, comida e verde pra todos os lados. Chega de paredes brancas, hospital, mesas azuis e comidinha da mamãe que só me deixa gorda.

terça-feira, janeiro 13, 2004

E ele quer que eu volte a pesar 30 quilos daqui a seis meses pro desfile da vida dele. Ha! Nem com varinha mágica.

Tem lugar novo. Gente feia. Gente bêbada. Todas essas bizarrices dignas de fotolog, no entanto temos algo que pouca gente tem, somos tão, mais tão toscos que da pena.

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Suprema mestra na arte de criar situações desconfortáveis para podermos conviver e respirar pesado dentro dela. Eu sou apenas uma mera discípula da arte praticada em exaustão dentro da minha própria casa. Eu considero isso um dom sabe? Enlouquecer os outros sem lançar uma única palavra ríspida. Tem que ter culhões para agüentar isso. Movimentar-se bem devagarzinho para não fazer barulho. Respirar de leve para não causar desconfiança.

Eles são importantes. Grandes abscessos na alma da gente. Feridas que não curam. A culpa é minha por não querer ser dela e querer ser do mundo.


Agora dá licença que os deuses que são meus amigos resolveram lavar a minha raiva mandando um belíssimo temporal, com dezenas de raios barulhentos. Então, eu tenho uma chuva boa para pegar lá fora. Forte, com vento e que dói na pele quando cai. Eu adoro chuva. Eu adoro trovão e relâmpagos e raios, perco o fôlego quando eles caem. Se você estiver num quarto, apaga as luzes e deixa só as luzes deles iluminar. É coisa de criança babaca, mas é bonito pra cacete.
Desculpem o clichê mas: I’m Only Happy When It Rains.

domingo, janeiro 11, 2004

Quantas fugas e momentos maravilhosos você tem?
Quanto tempo leva até constatar que nada mudou?
Que os sapatos em baixo da cama só ganharam um pouco mais de poeira e estão um pouco mais frios que o habitual.
Quantos dias levam até a ficha dizer: "valeu?”.

Verdade seja óbvia. Precisamos de algo que nos faça continuar indo. Qualquer coisa, qualquer verdade. Alguma coisa que nos faça sentir vivos. Afinal, o tempo possui a maravilhosa qualidade de dar a tudo o caráter obsoleto e ordinário. E a vida sem nenhum encanto, não é vida nenhuma. Sem nenhum mistério não há o que faça você se levantar da cama todos os dias.

A beira do abismo parece bem apelativa quando você olha da janela de longe na casa de campo, no entanto para quem enxergou a tempo, antes da queda, é sozinho, muito sozinho além de aterrorizante. Os dias de brincar de eco para sentir o sangue pulsar na veia e o coração tonto explodindo no peito estão agora para trás. O agora pulsa muito mais forte com o coração ritmado sem desperdiçar energia com o vazio, sintonizado, sem dor, com sorrisos espalhados por todos os cantos e frestas.

Quando você encontra esse algo maior que a vida, tudo é tão mais fácil que você ficaria espantado em como diabos você era estranho antes, naqueles dias que você se dedicava com tanto empenho a coisas absolutamente insignificantes. Gastamos nosso tempo procurando coisas maiores e as pequenas vicissitudes da vida – para alguns, incluindo eu, elas são imensas - são as coisas que evitam que atiremos uma bala nos miolos enquanto a coisa importante não chega.

E quando ela chega tudo fica perfeito e colorido e você é a pessoa mais forte do mundo. E corajosa também. E é como uma droga e é a droga mais potente e viciante que eu já usei, e eu quero mais, quero me sentir assim o tempo todo, quero tudo, quero o que eu puder conseguir. Essa abstinência, ao contrario das outras, seria totalmente fatal para o meu corpo, para a minha alma e para a minha mente e dessa cicatriz eu não sobreviveria. Eu não posso evitar e não quero. Não vou nunca. Parar.

Eu vejo um final feliz e só consigo me concentrar nele e mesmo que Ele nos deixe cegos, surdos e saídos de uma lavagem cerebral onde apenas um nome pisca num letreiro néon quando os olhos se fecham, sou muito mais feliz assim do jeito que nunca fui nos meus 21 anos anteriores.

quinta-feira, janeiro 08, 2004



I'm free falling.

quarta-feira, janeiro 07, 2004

Hoje eu resolvi espanar o Cartola e o Lupícinio.
Eu os ouvi o dia todo desde que cheguei do hospital. Non Stop.
Não, eu não estou de fossa, nem perto disso. Meu coração não foi partido, nem muito menos estou com o espírito de sambista.
Acontece que algo boêmio foi despertado em mim. E amanhã eu vou sair para rodar bares. Alguém quer juntar-se ao trio?


F.Y.I: Procure nos seus respectivos programas de baixar mp3. a canção de Celly Campello – Meu pranto a deslizar.

É alegria pura.

segunda-feira, janeiro 05, 2004

Ah e o melhor disco no ano na minha opinião que ninguém perguntou?
Paper Monsters. De longggeeeeeee.

He's a dog without a bite
Still looking for a fight
All in black
He won't be home tonight

Pausa para dançar Molly Chambers.
É humanamente impossível para a minha pessoa manter-se imune e parada...
Depois vamos ouvir muito Therapy? e X e Vibrators.
Isso funciona melhor que valium. Eu garanto.


you're a fucked up loser nobody...

Where Have All The Rude Boys Gone?

Esse é o titulo de uma canção da banda sem feeling (na minha opinião) Ted Leo.

Ted Leo foi o carinha que ganhou um post do blog preto ontem. É, o dono do blog preto me fez ouvir a banda e tivemos uma discussão por horas a fio sobre bandas sem feeling e guitarras rápidas em cima de um capô de carro olhando estrelas. Eu queria até aproveitar o gancho para contestar dizendo que esse cara não tem nada a ver com o Elvis. Nada. Nada.Nada. Nenhum feeling. Nenhum guts.

No entanto, esse post não tem nada a ver com Ted Leo, ou bandas sem feeling ou Elvis Costello, todos esses já ganharam muitos posts nesse blog insosso. Quer dizer, na verdade até tem um pouquinho a ver, o titulo da canção tem para ser mais especifica.

Where The Hell Have All The Rude Boys Gone?

Eu tenho me perguntado incessantemente isso. Noites sem dormir. Palavras e folhas de diários. Reclamações, mau humor, self injury. E depois de tudo isso eu cheguei a uma conclusão que na verdade não é uma conclusão, é uma indagação talvez acriançada demais: Onde diabos as pessoas legais do mundo se meteram? Para onde elas fugiram e se esconderam dos zumbis inexpressivos e mortalmente chatos que dominam tudo inclusive o meu espaço? Meu saco rompeu. Meu saco estourou. Ai meu saco.

A minha verdadeira vontade era de construir um mundo de tijolos a minha volta e deixar do meu lado só ele, uns discos essenciais, uns livros que me levem para longe daqui, uns filmes bem patetas e intensos para ocupar a minha mente e umas droguinhas para quando um dos dois enlouquecer. Sem conexão com o mundo exterior. Uma ostra. Ostracismo total. Porque no fim das contas não significa nada o quanto você se esforça para que as coisas no fim dêem certo e virem uma festa. As pessoas não sabem o significado da palavra diversão. Todos têm grandes empecilhos em suas vidas vazias. Essa cidade é tão morta e simplesmente não há perdão para os chatos.

É como se tudo passasse em slowmotion onde todo mundo só quer aparecer e todo mundo tem uma noção tão distorcida do que é legal. Ninguém se arrisca a mais nada. Ninguém faz mais nada. São todos zumbis. Tolos. Tolos. Tolos.
E Foda-se com F maiúsculo filtro solar. Que coisa mais chata.
Causa Mortis: TÉDIO.


Um dia eu vou mandar todo mundo as favas e desaparecer. Sem mandar noticias. Eu e ele. Desaparecer pelo mundo. Ninguém vai notar a diferença e ninguém vai perceber. Estão todos envelhecendo e indo para o caixão aos 20 anos. Que geração mais feia. Eu nunca vou me acostumar com isso.

domingo, janeiro 04, 2004

Desculpa. É que eu acordei sem o menor senso de humor hoje. Deixei em algum lugar que não consigo encontrar. Mas nem tentei achar.

Eu preciso sentir ou ter feeling em qualquer coisa que me proponha a fazer. Não dá para ouvir música sem tesão, letra sem sentido, voz sem dor, gente sem sal, pessoas mais ou menos, guitarras insossas mesmo que boas. Tem que ter feeling, muito feeling, transbordar. Tem que ser verdadeiro. Tem que ser real. Nunca forçado. Tem que emanar e preencher todo um ambiente sem querer. Fluir. Ser o que é e fazer o que pretende.

Eu preciso sentir. Sentir de tudo. Medir na minha balança de entusiasmo por assim dizer. Não dá para amar sem admirar, sem querer, sem achar o máximo.

Eu não sinto mais. Eu não vejo mais. Você não vê?

Grite quando se queimar

Os relógios da casa... todos pararam de tique-taquear misteriosamente.
Os sapatos debaixo da cama indicavam o que estava em cima.
As roupas espalhadas pelo tapete pediram delicadamente por silêncio.
O cigarro ardeu no cinzeiro e o suor apagou as velas.
O cheiro era de erva cidreira. Erva cidreira.

E agora que o efeito maravilhoso das maravilhosas pílulas da alegria passou e deixou um vazio e não há sorriso nenhum no rosto. Ninguém sabe. Ninguém sabe.

Ladrão de sorrisos. Todos eles estão sobre o seu controle. Os meus.
Fitas do senhor do Bonfim, bilhetinho azul para a Bahia, nada disso, nada disso. Não há nada, nenhum amigo, nenhuma festa, nada, nada disso. Só feitiço. Só feitiço.

sábado, janeiro 03, 2004

Vamos colocar assim:

Eu nunca fui de acreditar nessas baboseiras de ano novo vida nova. Sempre achei todo esse conceito meio bobo. Na verdade acreditar nisso não faz mal nenhum e pode até ser fofo e esperançoso, mas para mim, chata de marca maior, nunca fez nenhum sentido. Nunca teve um verdadeiro significado.

Mas acho que esse ano eu vou ter que acreditar. Porque, se o resto do ano for como esses primeiros três dias de janeiro, eu vou ser uma garotinha tão insuportavelmente alegre que as pessoas irão me apedrejar pelas ruas. Porque cá entre nós, não há nada mais chato do que pessoas extremamente alegres.

Eu só sei que acordei pela manhã no dia três de janeiro e estava com um sorriso estúpido na cara. Estúpido e merecido. E bonito.

E querem saber? Eu até parei de roer as unhas! Estou com unhas enormes e cor de rosa. Fortes de um jeito que nunca estiveram antes. Bonitas, duras e brilhosas. Eu tenho unhas! Eu tenho unhas! Quero finalmente conseguir levantar a ponta do durex quando ele se gruda todo!